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Após aborto espontâneo, família de jovem denuncia demora para curetagem

Aborto ocorreu pela manhã. Hospital marcou procedimento para as 15 horas, mas jovem só foi levada para a mesa de cirurgia por volta das 16h45.

29/11/2016 16:43

Familiares de uma gestante de 28 anos denunciaram uma suposta demora no atendimento da jovem na Unidade Mista de Saúde Professor Wall Ferraz (Ciamca), nesta terça-feira (29).

Depois de sofrer um aborto espontâneo durante a manhã, a jovem Samara Santos Pereira teve que aguardar cerca de cinco horas na maternidade, localizada no bairro Dirceu Arcoverde, para a realização de uma curetagem, intervenção cirúrgica por meio da qual são retirados os restos do feto.

Segundo uma tia da jovem, o hospital havia marcado o procedimento para as 15 horas, mas ela só foi levada para a mesa de cirurgia por volta das 16h45.

Como a jovem perdeu muito sangue e se sentiu mal desde o momento do aborto, os familiares temiam que ela apresentasse complicações, como infecções provocadas pela presença dos restos fetais no útero por muito tempo.

Ainda segundo a tia da paciente, sempre que seus familiares questionavam aos funcionários do hospital sobre a demora na realização da curetagem, eles justificavam que não havia médico disponível no momento para realizar o procedimento.

Outro lado

Em conversa com o portal O DIA, a presidente da Fundação Hospitalar de Teresina (FHT), Fátima Garcêz disse estranhar a denúncia, e disse que a espera pela curetagem, em geral, é necessária, para que a paciente seja preparada para o procedimento.

"Eu acho que isso não procede, porque lá [no Ciamca] nós temos três obstetras de plantão durante o dia e dois durante a noite. E quando existe um aborto espontâneo há todo um preparo para que a mulher possa fazer uma curetagem. Tem que tomar uma medicação para dilatar o colo do útero e, só então, fazer a curetagem. Então, eu acho muito difícil essa situação ter acontecido", afirmou Fátima Garcêz. 

O médico Luciano Malta Pacheco, diretor do Ciamca, reforçou a declaração da presidente da FHT, assegurando que a paciente não foi mal assistida pela equipe do hospital. De acordo com o diretor, uma possível falha de comunicação pode ter resultado no mal-entendido.

"Em casos de gestações superiores a 12 semanas, não se pode fazer a curetagem de imediato, é preciso primeiro esperar a mulher expelir o feto. E esse período de espera envolve uma indução do parto. Essa indução pode demorar de horas a dias. E numa situação como a dela, como ela estava internada num hospital com três obstetras de plantão, essa paciente estava sendo assistida. Não houve desassistência à paciente. O que pode ter acontecido é que a paciente chegou ao hospital imaginando que iria fazer de imediato a curetagem. Mas isso só acontece quando a gestação é de até 12 semanas. A partir de 12 semanas é necessário fazer uma indução do parto, para que a paciente elimine o concepto. Se você não fizer isso, pode ocorrer uma laceração do útero ou do colo do útero. Então, em nenhum momento ela foi desassistida. Na verdade, talvez tenha faltado informação à paciente. Não sei se porque a paciente não solicitou ou porque não foi dada a informação. Mas a conduta, em momento algum, foi errada", esclareceu o médico Luciano Malta.

Por: Cícero Portela
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