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Após delações, processo contra Firmino Filho foi encaminhado ao TRF

Dois executivos da Odebrecht confirmaram o pagamento ilícito da quantia de meio milhão à campanha do atual prefeito da capital piauiense

17/04/2017 11:36

O processo penal que investiga o suposto pagamento ilícito de R$ 500 mil pela empresa Odebrecht para a campanha de Firmino Filho (PSDB) em 2012 foi encaminhado para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, e passará a ser conduzido pela Procuradoria Regional da República no Piauí, já que o prefeito de Teresina não tem foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal.

Dois executivos da Odebrecht que firmaram acordos de colaboração premiada no decorrer da "Operação Lava Jato" confirmaram o pagamento da quantia de meio milhão à campanha do atual prefeito da capital piauiense. O pagamento teria sido realizado por meio do chamado "caixa 2", que corresponde a valores não contabilizados e omitidos da Justiça Eleitoral.


Prefeito de Teresina foi citado em delações da Odebrecht (Foto: Assis Fernandes/ODIA)

Firmino foi citado em delações feitas por José de Carvalho Filho e Alexandre José Lopes Barradas. Este último informou, em seu depoimento, que chegou a se encontrar com Firmino no aeroporto de Brasília em agosto de 2012, ou seja, em pleno período de campanha, ocasião em que o então candidato a prefeito teria pedido ajuda da Odebrecht para sua campanha.

O dinheiro solicitado teria sido entregue a um suposto primo do prefeito, em Recife. Em troca, Firmino teria se comprometido em trabalhar negativamente a imagem da Agespisa, além de criar uma agência reguladora, para forçar um processo de  concessão ou de subdelegação, no qual a Odebrecht teria interesse em concorrer. Em sua delação, Alexandre Barradas destaca Firmino Filho como um homem equilibrado e que não promete algo que não possa cumprir.

CPI

Nesta segunda-feira (17), o vereador Edilberto Borges Dudu (PT) informou que pretende propor a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal destinada a acompanhar a investigação, no âmbito da Justiça Federal, do suposto pagamento irregular para a campanha de Firmino Filho em 2012, quando o tucano foi eleito para o seu terceiro mandato à frente da Prefeitura de Teresina, derrotando Elmano Férrer, então candidato à reeleição pelo PTB.

Além de propor a CPI, Dudu diz que vai encaminhar um ofício ao Ministério Público Federal no Piauí solicitando que o órgão mantenha a Câmara Municipal a par do processo que envolve o prefeito de Teresina. Segundo o vereador, a cidade não pode ser surpreendida com, por exemplo, uma eventual "prisão" de Firmino Filho, caso ele vire réu e seja condenado.

"Eu não quero prejulgar ninguém. Não quero dizer que o Firmino cometeu isso ou aquilo. Agora, precisa ser apurado. Por isso vou propor essa CPI para que a gente possa acompanhar passo a passo, e vou pedir que o Ministério Público Federal nos mantenha informados, para que, ao final da apuração, quem for inocente seja inocentado. Mas se for comprovado que houve propina, que houve corrupção, enfim, que houve crime, aí tem que pagar - seja do meu partido ou de outro. E o povo precisa saber como é que estão essas investigações, para que lá na frente, caso o Firmino seja preso, a gente não fique com um desgoverno. Nós precisamos nos preparar para que Teresina não sofra uma descontinuidade dos serviços públicos", afirmou o parlamentar petista.

Defesa

O deputado estadual Marden Menezes, presidente do diretório regional do PSDB, saiu em defesa do seu correligionário, afirmando não ter conhecimento de qualquer pagamento ilegal feito para a campanha de Firmino.

"Nós defendemos que as investigações sejam feitas da maneira adequada, como devem ser. Não só em Brasília mas em qualquer outra esfera, e eu creio que o próprio prefeito Firmino Filho estará à disposição para os possíveis esclarecimentos, sem nenhum problema. O que é do conhecimento de todos é que muitas dessas empresas, com as quais políticos do estado nunca tiveram nenhuma relação, elas acabaram doando oficialmente recursos para os partidos. Então, por exemplo, se você verificar nas doações para a campanha de 2014, não só PSDB como vários partidos receberam doações oficiais dessas empresas que depois se descobriu que estavam envolvidas nesse escândalo. Agora, o vínculo que se tem com essas empresas é zero, pelo menos por parte dos políticos do Piauí que eu tenho conhecimento. Os recursos vieram de maneira legal. Então, se houve algum contato pessoal de quem quer que seja, eu garanto que não é do meu conhecimento", afirmou o deputado.

Em nota, Firmino Filho destacou que nunca recebeu doações da Odebrecht e que a construtora nunca teve obras ou relação contratual no âmbito da Prefeitura de Teresina em suas gestões. Ele afirma ainda que as prestações de contas de suas campanhas estão disponíveis e foram auditadas e aprovadas pelo TRE do Piauí. "Continuamos tranquilos e firmes trabalhando em favor da cidade e, apoiamos todas as investigações levadas à cabo pela Justiça brasileira", concluiu. 

Por: Cícero Portela e Ithyara Borges
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