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Infestação de pombos no Mercado do Dirceu I representa risco à saúde

Além do mau cheiro, as fezes dos pombos são responsáveis por transmitir doenças, como salmonelose e clamidiose

12/09/2016 07:56

Comerciantes do Mercado Público do bairro Dirceu I, na zona Sudeste de Teresina, têm sofrido com uma infestação de pombos no local. Eles reclamam que os animais se aninham no telhado do mercado e espalham dejetos pelo chão do estabelecimento. Além do mau cheiro, as fezes dos pombos representam sérios riscos à saúde e são responsáveis por transmitir doenças, como salmonelose e clamidiose. 
A comerciante Maria das Graças Martins trabalha no Mercado do Dirceu há mais de 30 anos e afirma que o problema existe há pelo menos uma década. “Eu trabalho aqui desde antes mesmo de ser mercado, mas esse problema começou de uns dez anos para cá. A gente chega aqui de manhã e está tudo cheio de fezes, de ovos quebrados; então, antes de abrir a banca, a gente tem que limpar tudo. Eu já reclamei várias vezes, mas não adianta nada”, explica. 

Veterinário diz que, para transmissão de doenças não é preciso entrar em contato direto com as fezes dos animais (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)
Riscos 
De acordo com o médico veterinário Paulo Marques, o contato com pombos e com as fezes dessas aves é prejudicial à saúde da população e também de outros animais. “O pombo é uma ave que pode ser consumida pelas pessoas; no entanto, ela precisa ser tratada, assim como outros animais, de verminoses, fungos e bactérias. As bactérias, principalmente a salmonela, causadora de uma doença chamada salmonelose, pode causar vô- mitos, diarreias e pequenas hemorragias intestinais. Dentre os fungos, o de maior importância é a clamídia, que causa a doença chamada clamidiose. Esses fungos podem se instalar principalmente no pulmões, ocasionando doenças como a pneumonia, que pode ter maior gravidade em pessoas com imunidade reprimida. Os pombos também possuem piolhos, que podem ser transmitidos para pessoas, e causar irritações na pele”, explica. 
O médico veterinário explica ainda que, para que essas doenças sejam transmitidas, não é necessário entrar em contato direto com as fezes dos animais. “A presença dessas aves em ambientes como mercados e praças representa um grande perigo, porque eles defecam no chão e, ao varrer, as fezes secas fazem com que essas bactérias fiquem suspensas no ar e as pessoas, ao transitar pelo local, inalam essas bactérias e podem adoecer. Nos locais onde se faz o corte das carnes, eles podem defecar e, no outro dia, ao colocar a carne sobre o local, ela pode ser contaminada. Nos comércios, onde têm rações para outros animais, eles podem contaminar as rações e levar doenças para sítios e criadouros”, ressalta Paulo Marques. 
Controle 
Para Paulo Marques, o controle deve ser feito pela Prefeitura, através de ações que regulem a quantidade de animais nesses locais e fazendo o correto tratamento dessas aves. “É preciso que seja feito o controle em mercados, nas praças e em todo e qualquer local em que a reprodução dessas aves esteja descontrolada. Em primeiro lugar, deve- -se tirar uma grande quantidade de pombos e levar para um espaço para que seja feito o tratamento desses animais, por pelo menos em uma semana. Após o tratamento, elas podem ser abatidas e destinadas para o consumo. E depois, deve ser feita a coleta desses ovos nos ninhos, para ter um controle de natalidade e evitar uma superpopulação, permitindo que elas se reproduzam somente uma vez por ano”, pontua o veterinário. 
Contraponto 
A administradora do Mercado do Dirceu I, Cleude Pontes, esclarece que algumas medidas já foram tomadas para diminuir os transtornos causados pelas aves. “No começo do ano, nós instalamos telas em algumas partes do mercado, como no centro de produção, no piso superior e na parte do auditório. Mas na parte onde ficam os comércios, infelizmente a Prefeitura não vai intervir. Essa situação dos pombos é complicada, porque qualquer brecha eles entram e ficam nos forros dos boxes. Então, a gente não se envolve tanto na parte do teto dos comerciantes. Mas depois que foram instaladas as telas e através de conversas com as pessoas para não colocarem comida para essas aves, nós conseguimos reduzir em 50% a quantidade de pombos daqui”, argumenta a administradora. 
Já a superintendente de Desenvolvimento Urbano da zona Sudeste, Márcia Santos, disse que será enviada uma equipe ao local para verificar o problema. “Nós identificamos esse mesmo problema no segundo andar do Mercado. Foi trocado o forro e foram instaladas telas para resolver a situação. No caso dos boxes, precisa ser avaliado para ver o que podemos fazer, vai ser enviada uma equipe ao local para ver o que pode ser feito”, explica a superintendente.
Edição: Virgiane Passos
Por: Nathalia Amaral - Jornal O Dia
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