Dados do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) revelam que os moradores de rua de Teresina são em sua maioria dependentes químicos do sexo masculino, que romperam com seus vínculos familiares. No ano passado, o Centro POP - que oferece serviços gratuitos a esta população - atendeu 491 pessoas, dos quais 90% eram homens adultos, o que corresponde a 441 desabrigados.
Moradores estão suscetíveis à violência que, muitas vezes, acontece entre eles mesmos e há casos que chegam até o óbito (Foto: Arquivo O Dia)
Contudo, segundo a coordenadora do Centro POP, Carmem Célia, é difícil dizer com exatidão quantos desabrigados existem hoje em Teresina, pois é uma situação muito volátil. E para ajudar esses moradores, o Centro POP conta com uma equipe composta por gerente, coordenadoria, assistentes sociais, psicólogos, educadores e agentes de proteção social, que trabalham para atender de forma humanizada e universalizada os moradores de rua. Além disso, eles também os ajudam a tirar documentos de identificação, dão encaminhamento a Unidades Básicas de Saúde e permitem que eles façam sua higiene pessoal, com a doação de roupas também.
“Aqui, eles também tomam banho, guardam volumes, oferecemos roupas. Damos apoio no sentido de eles terem acesso a outras políticas públicas, de conseguirem ter acesso aos direitos deles. A alimentação é através do restaurante popular São José, que oferta 50 refeições por dia no Mercado Central. Também oferecemos, três vezes por semana, um lanche. E ainda fazemos os encaminhamos para a Casa do Caminho, que é onde eles jantam e dormem e saem de manhã cedo, depois do café”, explica o gerente do Centro POP, Valdir da Silva.
Vulnerabilidade
Carmem Célia destaca ainda que a violência é um dos principais riscos que os moradores de rua enfrentam. De acordo com ela, o problema é causado entre os próprios desabrigados. “Na rua, as pessoas estão em situação de vulnerabilidade social e têm toda uma falta de proteção; a qualquer momento você pode sofrer uma violência e até vir a ser assassinado. Acontece casos de morte por violência entre eles mesmo. Aqui em Teresina, a maioria da violência contra os moradores de rua são entre eles mesmos, por questão de brigas, drogas, rixas”, explica.
Segundo a coordenadora, as mulheres são mais vulneráveis à violência, principalmente à violência sexual. Por conta disso, o Centro POP também oferece serviço de consultório na rua, com enfermeiros e assistentes sociais fazendo atendimento, onde elas podem recorrer e denunciar a violência. Em casos assim, as mulheres são encaminhadas para serviços especializados.
Não consigo mais ficar em uma casa, diz homem que é morador de rua há 10 anos
Por: Karoll Oliveira