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Há 42 anos, família mantém tradição da "˜malhação do judas"™ na capital

A brincadeira da malhação do judas surgiu a partir de tradições portuguesas e espanholas.

15/04/2017 09:33

Na porta da casa do senhor Marcos Antônio, no Monte Castelo, zona Sul de Teresina, já é tradição: no período da Semana Santa, a malhação do Judas acontece sempre no final da tarde do conhecido sábado de aleluia. Há 42 anos, o vigilante aposentado se dedica a brincadeira que considera uma tradição importantíssima dentro dos ritos de passagem do período cristão.

A brincadeira da malhação do judas surgiu a partir de tradições portuguesas e espanholas. A agressão simbólica do traidor de Jesus tem conotação de extravaso para os católicos e, na vida de Marcos Antônio, uma grande responsabilidade.

Os preparativos para a confecção do "judas", na casa de Marcos Antônio, começaram há um mês (Fotos: Moura Alves / O DIA)

“Todo ano eu faço, porque acho que é uma coisa muito importante, que reúne minha família, os vizinhos. Isso começou quando eu tinha nove anos e eu acho importante cumprir com essa missão todos os anos”, avalia. 

Para Marcos é mesmo um momento de extrema importância, tanto que a preparação começa um mês antes. É que se para a maioria da população a malhação do judas geralmente é o momento em que os populares se reúnem para destruir o boneco feito no dia anterior, para o aposentado, além disso, o momento também é oportunidade para uma celebração.

“Eu começo a comprar tudo um mês antes. Aqui tem vinho, vai ter feijoada, panelada, mingau. É um momento que a gente aproveita para reunir todo mundo”, confessa. 

Para dar mais “emoção” ao momento, além de montar o boneco do judas com peças doadas pela família e vizinhança, Marcos esconde pequenas recompensas em dinheiro dentro do boneco. “Todo mundo fica doido para rasgar, cortar, pegar o judas. É uma grande celebração”, explica.

Além das recompensas, o boneco também ganha um tema todos os anos. Para esta edição, a malhação do judas na casa do senhor Marcos terá como destaque o ‘Brasil na Rússia’, em referência ao mundial de futebol que será realizado em território russo no próximo ano.

“O Brasil foi o primeiro classificado para a Copa do Mundo e esse ano resolvi pegar esse tema menos pesado, mas já tivemos crítica a política, aos criminosos, todo ano é uma novidade”, afirma Marcos.

Testamento

A brincadeira se torna tão ampla, que a interação entre a comunidade não acontece só na hora de montar ou ‘acabar’ com o Judas de pano, mas também durante a leitura do testamento do boneco. 

“Antes de malhar o judas a gente lê o testamento. Como esse ano o tema é Copa, a gente vai deixar muita coisa boa. Um exemplo: para fulano vou deixar o primeiro gol do Brasil, pro outro, a chuteira do Neymar. Assim, todo mundo participa da brincadeira”, conta.

As várias artimanhas fazem com que a malhação do Judas atraia um público diverso. Para Marcos, a tradição nunca morrerá. “Até quando eu tiver forças vou fazer, e já ensinei meus filhos, porque isso é um momento de boa celebração que não pode acabar”, finaliza.

A íntegra desta reportagem especial pode ser lida na edição deste fim de semana do jornal O DIA.

Fonte: Jornal O DIA
Por: Glenda Uchôa
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