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Frota e insegurança são as principais reclamações dos passageiros de ônibus

Usuários do sistema de transporte coletivo cobram melhorias e discordam do possível aumento da passagem

03/01/2017 08:44

O Jorna ODIA inicia esta semana uma série de matérias sobre mobilidade urbana e os diferentes transportes que os teresinenses utilizam para se deslocar. A equipe de reportagem seguiu viagem em um ônibus e conversou com usuários deste serviço para saber o que eles acham do transporte, além disso, ouviu quem trabalha na área. 
Segundo o estudante Manoel Alves da Silva Neto, de 21 anos, o transporte público de Teresina peca em muitos fatores, principalmente com relação à frota de veículos. Ele cita que a quantidade de carros não é suficiente para atender à demanda da Capital, o que faz com que os ônibus estejam sempre lotados. 

(Foto: Moura Alves/ O Dia)

É o que acrescenta a estudante Ana Caroline Soares Mesquita, de 22 anos. Ela explica que o ônibus é seu principal meio de transporte e reforça que muita coisa precisa melhorar. “Certeza que precisa melhorar, porque a frota disponibilizada é muito precária, além da superlotação. A infraestrutura também deixa desejar, porque vivemos em uma Capital muito quente e apenas uma pequena parte dos ônibus é climatizada”, disse. 
Manoel Alves ainda destaca que muitas pessoas deixam de sair de casa, sobretudo no período da noite, por conta da pequena quantidade de ônibus circulando neste turno e reforça que isso limita a mobilidade da população. 
Aumento da tarifa 
Segundo a Prefeitura de Teresina, o aumento das passagens está previsto ainda para este semestre e, conforme proposta, pode saltar de R$ 2,75 para R$ 3,30. De acordo com Ana Caroline Soares, o valor cobrado pelas passagens não condiz com o serviço que é oferecido. 
“Querem aumentar o valor da passagem, mas não condiz com o serviço que recebemos atualmente. Seria até aceitável se a frota fosse nova, estrutura, climatizada, mas não é o caso. E aumentar muito não é viável, porque muitas pessoas pegam dois até quatro ônibus por dia”, finaliza. 
Assaltos assustam usuários 
Outro ponto que o passageiro Manoel Alves enfatiza é com relação à insegurança. O jovem conta que os frequentes assaltos ocorridos dentro os ônibus têm assustado os usuários. Ana Caroline Soares Mesquita também destaca essa prática recorrente e pede providências. 
“Eu nunca fui assaltada, mas conheço amigos que foram. Precisa ter mais policiamento e usar as imagens de câmeras para ajudar a combater esse tipo de ação. E não podemos culpar o motorista e cobrador, porque não sabemos quem realmente é passageiro e quem é assaltante”, disse. 
O cobrador Ricardo César Lopes Oliveira, de 37 anos, trabalha há 18 anos nessa profissão e conta que esse é um fator que deixa muito a desejar. Isso porque os assaltos são praticados em qualquer horá- rio do dia, deixando motoristas, cobradores e passageiros apreensivos. Mesmo com câmeras instaladas nos veículos, os criminosos não se sentem inibidos em praticar o roubo. 
“Eles praticam a ação e mesmo sabendo que as imagens são usadas para identificá-los, isso não coíbe a prática dos crimes. Eu nunca fui assaltado trabalhando, mas conheço colegas que foram”, disse. 
O motorista José Roberto da Silva também lamenta que essa prática esteja aumentando a cada dia, deixando as pessoas inseguras e a rotina árdua. “Precisa melhorar muito, tanto para quem trabalha (motoristas e cobrador) quanto para o passageiro, porque está tendo assalto direto, todos dos dias, e ninguém tem segurança de nada. As câmeras não inibem e sabendo onde elas ficam localizadas, eles quebram e levam todo o dinheiro”, fala. 
Para ele, é preciso ter leis mais severas e usar as imagens das câmeras instaladas nos ônibus para ajudar a Polícia a identificar os assaltantes. 
A rotina estressante dentro do coletivo 
A rotina de um motorista ou cobrador de ônibus começa bem cedo do dia, por volta das 5h. O cobrador Ricardo César Lopes Oliveira inicia sua jornada às 7h20 e segue até às 14h20 e, apesar de gostar muito do que faz, conta que há momentos do dia que são bem estressantes. 

Ricardo fala que horários de pico são os mais difíceis (Foto: Moura Alves/ O Dia)

“Principalmente nos horários de pico, quando o veículo está lotado e muitas pessoas acabam se estressando. Como algumas pessoas não conhecem a rota, acabam reclamando do horário. Há mal-estar também quando algum veículo quebra e o outro substituto demora a chegar. A gente quer cumprir nossa missão, mas têm situações que não depende da gente. O ambiente de trabalho também favorece muito para causar esse mal-estar, como a estrutura dos veículos que não é adequada, como a falta de ar-condicionado nos carros”, disse, acrescentando que o calor torna as pessoas mais intolerantes e com humor alterado. 

O motorista José Roberto da Silva também relata que a rotina é cansativa. “É uma rotina cansativa, mas eu gosto. Tem estresse quando é lotado, passageiro que não respeita a gente, que quer discutir e até agredir a gente, mas não podemos dizer nada porque é ordem da empresa. Se passa da parada um pouco, as pessoas já ficam xingando e é ruim trabalhar desse jeito. Claro que nem todo mundo é assim, mas acontece de passageiros serem mal-educados. Para lidar com isso, é respirar fundo é seguir com o nosso trabalho”, fala.
Por: Isabela Lopes
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