Os alunos do Centro Interescolar Prefeito João Mendes
Olímpio de Melo (Premen
Norte) estão passando por um
experimento para alertar sobre
as consequências da gravidez
na adolescência. Divididos em
casais, os alunos ficarão todo
o mês de férias cuidando de
um pintinho como se fosse
um filho. O nome do projeto é
“Não Faça Filhos, Leia Livros”.
Na última quarta-feira, dia
6 de julho, os alunos receberam o pintinho para iniciar os
cuidados. Para tornar a experiência mais real, os pintinhos
acompanham um cartão de
vacina no qual os "pais" devem
acompanhar a medida de peso
e altura, registrando todo desenvolvimento do "filho". Os
adolescentes terão que dormir
com a ave no quarto e ajustar
um esquema de guarda compartilhada.
A professora de Administração do Premen Norte, Lessandra Ribeiro, responsável pelo
projeto, comenta que, anualmente, entre 10 e 15 meninas
do 2º ano do Ensino Médio, da
faixa etária de 15 aos 17 anos,
engravidam na escola, daí a
importância do projeto, que é
desenvolvido com alunos do
1º ano do Ensino Médio.
“No projeto, estamos estimulando os alunos a terem
consciência de que ter um
bebê na adolescência é abrir
mão dos estudos, da diversão,
é uma responsabilidade grande. Por isso, eles receberam o
cartão de vacina, porque eles
têm que acompanhar o peso
e altura do pintinho, e devido
a isso eles se preocupam muito com a alimentação dele. A
gente quer trazer a conscientização e provar para eles que,
na adolescência, é melhor ler
livros do que ter filhos”, explica Lessandra Ribeiro.
Reação dos alunos
Gabriela Moreno e o namorado Mateus dos Santos, do
1º ano do Ensino Médio, são
um dos casais que receberam
o pintinho para cuidar. Gabriela conta que ficou muito assustada ao assumir essa
responsabilidade. “Eu fiquei
muito assustada, eu não sabia
como era cuidar de um pintinho e que a responsabilidade
era tão grande. A experiência
é muito difícil. Fico o tempo
todo preocupada se ele está
comendo e bebendo água direito. É difícil cuidar de um
pintinho, quem dirá de um
bebê”, comenta Gabriela.
Foto: Moura Alves/ODIA
Já Mateus conta que precisa estar o tempo todo monitorando o animal e que ele
não fica quieto. “Eu tenho
que ficar correndo atrás dele
o tempo todo, eu tento deixar ele dentro do quarto, mas
ele quer ficar perambulando
pela casa, não quer ficar quieto. Toda madrugada, ele me
acorda. Minha mãe não quer
nem saber, ela diz pra mim
‘você que se vire’”, detalha o
aluno.
Rômulo Gabriel é outro
adolescente que cuida do animal junto com Hana Beatriz.
Ele diz que sabe que cuidar de
um bebê e de um pintinho é
diferente, mas admite que são
tarefas difíceis de serem realizadas. “Ser pai na adolescência é muito difícil. Eu parei
de sair um pouco para cuidar
dele. Lá em casa, mamãe cria
umas galinhas e eu tenho que
ficar de olho nele o tempo
todo para as galinhas não baterem nele”, conta Rômulo.
Em agosto, os alunos voltarão às aulas com seus "filhos" e
irão compartilhar com o resto
da turma a sua experiência. Os
casais irão falar aos alunos que
não participaram da experiência tudo o que eles passaram, o
que gostaram e o que os incomodavam.