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Exército identifica série de irregularidades na Operação Pipa no Piauí

Pipeiros sem a documentação necessária, com acúmulo de serviços e até tanques em condições impróprias para transportar a água foram alguns dos problemas identificados.

14/02/2017 15:23

O 25º Batalhão de Caçadores está intensificando a fiscalização dos trabalhos da Operação Pipa no Piauí, cujo objetivo é levar água às localidades que mais sofrem com a estiagem no estado.

Realizada com recursos do Ministério da Integração Nacional e coordenada pelo Exército, a Operação Pipa conta no Piauí com 573 caminhoneiros, que são responsáveis por fornecer água para comunidades em dezenas de municípios.

De acordo com o tenente-coronel Francisco Nixon Lopes Frota, comandante do 25º BC, a fiscalização está sendo intensificada com o intuito de coibir uma série de irregularidades que foram observadas na execução dos trabalhos da Operação Pipa.

Exército identificou diversas irregularidades cometidas por pipeiros no Piauí (Foto:Kalberto Rodrigues)

Ele revela que diversos pipeiros têm atuado de forma irregular, sem a documentação necessária do veículo, por exemplo. Outro grave problema identificado foi existência de caminhões-pipa com tanques sem condições apropriadas, que podem estar contaminando a água transportada, o que coloca em risco a saúde das famílias atendidas pela operação.

Foram também identificados nove pipeiros que estavam acumulando duas funções ao mesmo tempo - atuando tanto na operação coordenada pelo Exército como prestando serviços para prefeituras, com horários incompatíveis. "Não tem como acumular esses dois trabalhos, porque o tempo que eles levam para coletar a água e transportar até as comunidades já é muito grande. Então, eles não teriam como atuar também nessas prefeituras. Inclusive, isso afeta as normais de segurança, porque o motorista de caminhão tem que ter um limite de horas para trabalhar, para que possa descansar. Essa situação levou a dois acidentes fatais no final do ano passado. Num dos casos o próprio pipeiro morreu e no outro uma mulher foi atropelada e faleceu", acrescenta Nixon.

Outro problema observado foi a origem da água coletada pelos pipeiros, que em muitas ocasiões retiram o líquido de locais inapropriados, para economizar tempo e combustível. "Alguns caminhoneiros deixam de pegar a água no manancial correto para pegar a água no manancial mais próximo. Mas o correto é ir ao manancial indicado, cuja água está aprovada, porque não pode ser utilizado qualquer manancial, tem que ser aquele que já foi certificado, que tenha um laudo garantindo que sua água é potável e, portanto, própria para o consumo humano. O pipeiro é contratado para pegar a água em determinado manancial e para entregar numa localidade específica, e por vezes ele não quer pegar nesse local indicado, e sim numa barragem qualquer, que seja mais próxima, para economizar o combustível e o tempo dele", ressalta.

Nixon afirma, ainda, que em nove municípios a Operação Pipa deixará de atuar na zona urbana, concentrando-se apenas na zona rural, pois constatou-se que a Defesa Civil do Estado já estava recebendo recursos federais para abastecer essas cidades. "Nós recebemos uma ordem para parar o serviço, pois foi observado que dois órgãos estavam recebendo para fazer a mesma coisa", salienta o comandante do 25º BC.

O tenente-coronel Nixon afirma que o 25º BC aumentou o número de equipes que acompanham o trabalho da Operação Pipa, além de estar apurando todas as irregularidades já identificadas. Ademais, serão feitos levantamentos periódicos para identificar os locais que realmente estão necessitando do serviço, de maneira a evitar desperdício de dinheiro público.

"Quando eu assumi o comando do 25º BC havia 74 municípios atendidos pela Operação Pipa. Agora são 61, e com esse período de chuvas pode ser que o número seja reduzido ainda mais. Nossa intenção é priorizar as cidades e povoados que mais sofrem com a seca, aumentando o número de caminhões-pipa nesses locais, e retirando das localidades que já não precisam do serviço", destaca o tenente-coronel.

Por: Cícero Portela
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