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Especialistas usam a ciência para explicar aparições de fantasmas

O vídeo de uma escola supostamente mal-assombrada e a explicação de Michel Temer para sua saída do Palácio da Alvorada movimentaram as redes sociais: afinal, fantasmas existem ou são mera criação humana?

19/03/2017 08:28

Portas batendo, barulhos estranhos e a luz elétrica falhando. Um cenário que causaria medo e faria muitas pessoas ficarem com os cabelos da nuca em pé se tornou um dos assuntos mais comentados da internet esta semana. No vídeo, compartilhado exaustivamente pelos usuários, o que se vê é um corredor com uma lâmpada em curto circuito, criando um jogo de luz um tanto sinistro sobre o ambiente, e uma porta de um hidrante batendo freneticamente e, aparentemente, sozinha. O local: uma escola infantil em Araucária, região metropolitana de Curitiba, onde o poder público inclusive já anunciou que abrirá sindicância para apurar o fato.

Outro fato relacionado à “aparição de fantasmas” que marcou a semana foi a declaração do presidente Michel Temer, que afirmou ter “sentido uma coisa estranha” ao entrar no Palácio da Alvorada. Temer chegou a falar sobre a presença de fantasmas na residência oficial e atribuiu a isso o fato de não querer ter ficado no local com sua família. O presidente foi ironizado nas redes sociais por conta da declaração.

Os casos motivaram discussões sobre questões como: seria ação de fantasmas? Eles realmente existem ou se tratam apenas de figuras imaginárias da crença popular? O termo “fantasma” tem várias concepções e interpretações. Sua definição geral consiste em uma alma ou espírito de pessoa ou animal falecido que pode aparecer para os vivos de maneira visível ou em outras formas de manifestação.

Há aqueles que acreditam que vivemos num universo habitado por seres de outras dimensões, e há aqueles que acham que fantasmas são apenas criações que embalam as histórias de terror do imaginário popular. Tudo é muito subjetivo, mas especialistas têm argumentos científicos para quem acredita e para quem duvida.

Existe

De acordo com os adeptos da Transcomunicação Instrumental (TCI), não resta dúvidas de que fantasmas são reais e de que o universo é coabitado por outros seres, que há diversas outras dimensões que escapam à percepção humana, mas que, por vezes, se manifestam no nosso plano físico.

A explicação é do psicólogo Ribamar Tourinho: trata-se da área que estuda a comunicação entre vivos e mortos por meio de aparelhos eletrônicos como rádios, computadores, televisores, etc”. Segundo esta perspectiva, estes seres se manifestam sem a necessidade de um médium, por exemplo. Os primeiros escritos da Transcomunicação Experimental datam de meados dos anos 1920, com o livro “Vozes do Além Pelo Telefone”, do psicólogo Oscar D’Argonnel.

De acordo com Tourinho, a questão do “existem ou não existem fantasmas ou espíritos” já foi elucidada. A questão deve se voltar, na verdade, é para a consciência humana e seus diferentes estados que vão permitir ao homem, por meio de seus sentidos, captar ou não a presença desses seres. “Ao longo da evolução humana nós desenvolvemos sentidos, um sexto sentido e capacidades sensoriais para perceber aquilo que escapa aos nossos olhos. A questão é fazer uso disso”, explica o psicólogo.

A manifestação de um fantasma ou espírito ou ser de outra dimensão, de acordo com o especialista, ocorre por meio do ectoplasma, uma substância com propriedades químicas semelhantes a do corpo físico, com aparência viscosa e esbranquiçada, que tem pouca duração sobre a luz e é considerada a base de efeitos mediúnicos que se faz perceber no plano físico, dando aos espíritos condições de agir sobre a matéria. “O ectoplasma tem uma grande vitalidade e por isso pode servir de ligação dos planos físicos e espiritual”, explica o psicólogo.

Não existe

Se na visão da Transcomunicação Instrumental, os fantasmas e espíritos não apenas existem, como também se comunicam com a dimensão em que vive o homem, para o ateísmo, o fenômeno não passa de uma fantasia como forma de externar aquilo que a mente humana vê ou cria.

Para Bruno Thompis, essas questões das aparições são bem simples de serem entendidas. “Está acontecendo algo e eu não sei o que é, então digo que é sobrenatural. Se as pessoas não conseguem explicar pela ciência, elas procuram uma explicação que preencha esse vazio e acabam se criando essas fantasias”, pontua.

Já do ponto de vista da Física, essas supostas aparições sobrenaturais não passam de ilusões de ótica da percepção humana. Conforme explica o professor Reinaldo Almeida, as ilusões de ótica são capazes de enganar o sistema visual humano, “pregando peças”, dando a impressão de que vemos uma coisa quando de fato aquilo não existe ou não está acontecendo.

Ambientes mal iluminados ou com uma iluminação que agrida muito bruscamente a visão acabam por fazer nossos olhos criarem formas e imagens que simplesmente não existem ou até mesmo ter uma percepção distorcida daquilo que vemos. “Essa ‘visão errada’ do ambiente acaba por fazer nosso cérebro processar uma coisa que não condiz com a realidade, e daí vem uma interpretação equivocada”, explica.

Aparições

Quaisquer que sejam as definições (visão equivocada, fantasias, criações da mente ou espíritos tentando se comunicar) a verdade é que histórias de fantasmas sempre estiveram presentes no imaginário popular. E há pessoas que relatam experiências bastante reais de um suposto contato com esses seres de outras dimensões. É o caso da professora Élida Cardoso.

Ela conta que já passou por algumas experiências que considera sobrenaturais. Foram situações que, segundo ela, não tinham nenhuma explicação aparente no mundo físico. A primeira aconteceu quando ainda era adolescente e sua mãe alugou uma casa no município de Piracuruca. No local havia funcionado uma escola e todos na região diziam que era um espaço mal assombrado.

Élida lembra que era uma casa enorme e bem antiga e a cozinha ficava separada do resto da casa. “Um dia à noite, quando eu lavava os pratos, percebi que colocava o prato limpo na pilha, mas quando me virava novamente, estava sempre faltando um. Então comecei a contar. Eu colocava uma quantidade, voltava para a pia, e quando me virava e contava, tinha sempre um a menos. Então pedi para pararem com a brincadeira, a luz apagou sozinha e comecei a gritar minha mãe”, conta.

A professora relata ainda que começou a se interessar pelo Espiritismo depois de uns sonhos que teve com sua mãe, após o falecimento dela. Élida tinha 18 anos e sonhou que ia visitar sua mãe no hospital, com seu pai e o irmão, levando flores. “Nós achávamos que ela já estava bem e que poderia voltar para casa. Era um hospital diferente, bem espaçoso e sem aparelhos, só a cama e todo branco. Então ela disse que estava bem, mas que não podia voltar e que estava feliz”, relatada.


Élida voltou a sonhar com a mãe no dia seguinte. “Ela veio num vestido branco longo, lindo, e disse que ia me levar para um passeio. De repente, estávamos num imenso jardim com muitas rosas e lagos. Conversamos muito e ela falou que só estava triste porque não estaria no casamento de uma prima minha. Interessante, porque meses depois, essa minha prima casou. Um tempo depois, foi lançado um filme baseado na obra de Chico Xavier, e para minha surpresa, o hospital e o jardim onde eu estive com ela eram praticamente idênticos aos do filme”, recorda.

O fato é que, independente da crença, é praticamente impossível não ficar arrepiado diante de histórias como essas, assim como dá medo vultos ou barulhos inexplicáveis. Fantasmas podem até não existir, mas eles sabem bem como assustar.

Edição: Nayara Felizardo
Por: Maria Clara Estrela
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