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Escola revista alunos dentro de banheiro para evitar celulares nas salas de aula

Estudantes denunciam que têm o corpo apalpado e são submetidos a situações constrangedoras.

26/06/2015 11:30

A determinação de impedir a entrada dos alunos com celular nas dependências da Unidade Escolar Mário Faustino, localiza no bairro Pedra Mole, zona leste de Teresina, tem causado tumulto e gerado manifestações contra a forma de abordagem da direção da escola.

Segundo os alunos, está havendo uma espécie de revista, feita de maneira constrangedora. A direção da escola teria autorizado uma auxiliar de serviços gerais a apalpar o corpo de meninas e meninos ou mesmo ameaçar que eles tirem a roupa para evitar que os celulares sejam escondidos.

Na manhã desta sexta-feira (26), cerca de 20 alunos fizeram uma manifestação contra as ordens autoritárias da direção da escola. "A diretora já tomou meu celular duas vezes. Outro dia ela quis me revistar porque não acreditava no que eu dizia, mas eu não deixei", diz um aluno de 11 anos. 

Uma das situações mais graves teria ocorrido este mês com uma estudante. O caso foi relatado por vários colegas e por um professor da escola. A menina teria sido levada ao banheiro por uma funcionária de serviços gerais para ser revistada. “Ela estava assistindo aula quando a senhora foi até ela dizendo que ela estava portando celular, mas ela negou a afirmação. A servidora insistiu e acabou levando-a para o banheiro e apalpando a aluna de todas as formas, até constatar que ela dizia a verdade. A aluna chegou até mim contando isso de forma revoltada e afirmou que foi um constrangimento muito grande", afirma o professor Márcio Jean, que trabalha há 10 anos na escola. 

Outro aluno, de 13 anos, confirma a prática das revistas. “Elas levam os alunos para o banheiro para verificar se não estamos com o aparelho, mesmo que a gente afirme que não esteja. É muito constrangedora essa atitude tomada por alguém que não é nomeada para exercer essa função”, disse.

Em apoio aos estudantes da escola Mário Faustino, a Associação Municipal de Estudantes Secundaristas (AMES), esteve na manifestação. "Nós ficamos sabendo dos abusos cometidos na escola e estamos aqui para reivindicar junto com os alunos. Além disso, tem outras tantas denúncias sobre esta escola como afastamento indevido de professores, de laboratórios equipados sem funcionar porque a escola não quer, dentre outros." disse a presidente da AMES, Ilana Mota. 

A presidente ainda relatou que tentou contato com a direção da escola para entender e tentar conciliar a situação, mas não foi recebida. O PortalODia também tentou conversar, pessoalmente e por telefone, com a direção, mas não foi possível. O vigilante que controla a portaria disse que a direção não autoriza a entrada e que não receberia a equipe. 

Professores que participam de assembleia têm salários descontados

Os professores escola Mario Faustino relatam outro tipo de abuso praticado pela direção, que cortou o salário dos servidores que participaram das manifestações do sindicato no mês de abril. Segundo o professor Márcio Jean, o regimento dos servidores permite até seis participações sem prejuízo salarial ou atestado de faltas.

“Foi feita uma reunião na escola e a diretora afirmou que não iria abonar as faltas permitidas por nós professores. Com isso nós resolvemos paralisar as atividades por um dia na escola. No final do mês constatamos que todos os professores paralisados, cerca de 18, foram lesados por conta das faltas”, relata o professor.

No dia 03 de julho, Márcio recebeu um documento de afastamento por sessenta dias das atividades escolares. “Eu fiquei surpreso porque isso aconteceu apenas comigo. Quando fui verificar junto à Secretaria de Educação, vi que não fui afastado apenas desta escola, a penalidade se estende por mais três escolas em que trabalho. Isso é absurdo”, contou o professor.

Os alunos também manifestaram indignação com o afastamento do professor. “Nós nem sabemos o motivo. É uma penalidade sem fundamento e isso é revoltante”, disse Ilana Mota, porta-voz dos alunos da escola.

Nota da Semec

A Secretaria Municipal de Educação (Semec) e a direção da Escola Municipal Mário Faustino nega que exista revista ou qualquer atitude constrangedora com os alunos portadores de aparelho celular. A proibição do uso de celular na escola é lei municipal e evita a dispersão durante o aprendizado. A regra está exposta em aviso no mural da escola e conta com a conscientização dos alunos, sem necessidade de revista. A Semec afirma ainda, que os estudantes estão sendo instigados por professores que tiveram seus pontos cortados por faltas injustificadas. Todas as ações estão sendo notificadas junto ao setor jurídico da Secretaria.

Edição: Nayara Felizardo
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