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Em entrevista, Camila Pitanga enaltece o trabalho de Niéde Guidon

Atriz falou da experiência de conhecer o lugar: "Serra da Capivara é patrimônio da humanidade, mas esse título não basta".

22/08/2016 15:52

Camila Pitanga, no ar atualmente como a "Maria Teresa", na novela Velho Chico, conversou com o PortalODia sobre sua relação com o Parque Nacional da Serra da Capivara. A atriz chamou a atenção dos piauienses quando, na semana passada, fez uma postagem em homenagem ao lugar na sua página no Facebook. A publicação recebeu 14.500 compartilhamentos de gente que quer ver o Parque de pé outra vez.

Camila conta que conheceu o parque enquanto participava da peça teatral "O Duelo", uma releitura da novela de Anton Tchecov (1860-1904) adaptada por Vadim Nikitin e Aury Porto, e com direção de Georgette Fadel. " Foi muito mágico porque o Aury que concebeu o projeto comigo falava muito desse lugar justamente por causa do valor das pinturas rupestres, desse marco antropológico brasileiro, então essa viagem estava sendo muito esperada por nós, inclusive na própria peça a gente utilizou de algumas pinturas rupestres, a gente fazia desenhos remetendo a esse lugar.", disse.

A atriz comentou a magnitude do lugar, e a sensação de estar no berço do homem americano.  "O fato de você ter ali recordações, vestígios de algo tão antigo, o fato dali ter sido o mar, de você entender uma dimensão tão grande: um lugar que agora é meio deserto, enfim, foi realmente uma experiência muito forte e também a adesão que o público teve do espetáculo, foi tudo muito bonito."


Camila Pitanga publicou texto em homenagem ao Parque Nacional Serra da Capivara (Foto: Reprodução/Facebook)

A atriz não poupou elogios à arqueóloga Niède Guidon, responsável pela construção e manutenção do Parque, assim como pela pesquisa sobre os registros rupestres e outros artefatos arqueológicos encontrados no lugar.

"Antes de qualquer coisa tem que se falar sobre a magnitude do trabalho da Niède Guidon. Sem dúvida que se não fosse essa mulher, sua bravura, sua coragem, a perseverança, muito do que tem ali, do que se descobriu e do que se manteve estaria absolutamente perdido.", comentou Camila, lembrando que o reconhecimento da importância do Parque é bom, mas é preciso que o trabalho continue. "Hoje a Serra da Capivara é patrimônio da humanidade, mas esse título não basta, porque isso precisa ser celebrado com a preservação, com a continuidade de pesquisas."

As pesquisas no Parque da Serra da Capivara revolucionaram a arqueologia e derrubou teorias sobre o povoamento do ser humano na America. As escavações revelaram vestígios de mais de 50 mil anos. "Existe ali uma teoria já muito aceita pela comunidade científica de que o primeiro homem americano e mais antigo estava ali e isso é uma revolução dentro da antropologia moderna, e eu acho que isso é algo que precisa ser discutido nas escolas, porque é um olhar para a nossa história, e para o pertencimento dessa região na história é importantíssimo, e isso se deve graças ao trabalho De Niede e todo grupo que trabalha com ela."

Falta de investimento

Na noite de ontem, A cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos Rio 2016, no Maracanã, fez referência às pinturas rupestres e ao Parque Serra da Capivara.

O parque passa hoje pela maior crise financeira de sua história. Niède Guidon anunciou que os serviços da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) estavam parados por falta de investimentos para manutenção do local e pagamento de funcionários e guardas. Nas últimas semanas, a arqueóloga disse que todos os funcionários do parque foram dispensados.

No início do ano, a Justiça determinou que o Ibama e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) garantam a liberação de R$ 4 milhões para manutenção do local. No entanto, este mês, a justiça voltou a bloquear os recursos.  Para a manutenção, o parque precisa no mínimo de R$ 400 mil por mês. 

Edição: Nayara Felizardo
Por: Andrê Nascimento
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