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Em 2009, água das chuvas invadia casas e deixava moradores desabrigados

Enchente atingiu moradores do Mocambinho I e hoje eles lembram os momentos de desespero que viveram há oito anos.

08/02/2017 06:56

Continuando a série de reportagem sobre fatos que marcaram a história do Piauí, o Jornal ODIA relembra, nesta quarta-feira (8), a enchente que atingiu o bairro Mocambinho I em maio de 2009, quando os moradores precisaram ser alojados em um ginásio. Quase oito anos depois, a equipe de reportagem voltou à Vila Mocambinho I, o local mais atingido pelas águas, e conversou com alguns moradores que residiam na região na época do ocorrido.

Dona Raimundinha é costureira aposentada e mora na Avenida Santa Clara, próximo ao Rio Poti. Ela conta que, no dia da enchente, a chuva entrou madrugada a dentro e, por volta das 2h da manhã, a população acordou assustada com os gritos de moradores. Isso porque as famílias foram surpreendidas com as águas invadindo suas casas, inclusive algumas chegando a desabar.

A costureira reside na Vila Mocambinho I há mais de 18 anos e conta que essa foi a maior e pior enchente que os moradores enfrentaram. “Foi horrível. Estávamos dormindo quando acordamos com os gritos das pessoas dizendo que as casas estavam caindo, que tinha água na altura do joelho, pessoas perdendo móveis, documentos, com criança no colo. Foi desesperador”, disse.

ODIA visita região castigada pelo intenso período chuvoso de 2009 (Foto: Moura Alves/O Dia)

Ela fala que chegou a abrigar uma família por cerca de 10 dias até que eles conseguissem uma local para morar. Durante esse tempo, essas pessoas ficaram dependendo de Dona Raimunda em tudo, desde alimentação, moradia e até vestimenta. “Eles não tinham nada, perderam tudo, então eu ajudava como podia. Eles ficaram comigo por um tempo até mudarem para a casa de parentes, porque realmente não tinham condições de alugar uma casa, como algumas pessoas chegaram a fazer”, conta.

Dona Raimundinha lembra também que muitas famílias ficaram desabrigadas e precisaram ser alocadas no Ginásio Pato Preto, no bairro Mocambinho, onde receberam assistência da Prefeitura e até do Corpo de Bombeiros. Ela destaca que os moradores ficaram amontoados na quadra, um espaço muito pequeno para tantas famílias. Infelizmente, essa era a única opção para essas pessoas que não tinha para onde ir na época.

Mais lembranças

Quem também sofreu com a enchente de 2009 foi a dona de casa Osima Alves dos Santos, de 65 anos. Ela tinha acabado de se mudar para o local quando ocorreu o alagamento e perdeu tudo que tinha, tanto móveis quanto documentos e, mesmo após tantos anos, não consegue tirar da cabeça o susto que levou.

Osima Alves contou com a ajuda de vizinhos para se reerguer após perder casa (Foto: Moura Alves/O Dia)

“Eu acordei 2h da manhã e meus pés foram direto dentro d’água. Minha casa era de taipa e desabou. Eu perdi tudo, meus móveis, meus documentos, roupas, fiquei sem nada. Eu tive que sair daqui, fui para o Ginásio Pato Preto e fiquei um tempo até a água baixar. Depois fiquei na casa da minha cunhada até construírem minha casa de novo. E por conta a alagação, eu tive problemas de saúde e fiquei um tempo sem trabalhar”, disse.

“Tivemos que dividir um pequeno espaço para muita gente. Foi ruim porque não era algo nosso, mas pelo menos estávamos protegidos da chuva e não tinha risco de alagar ou cair. Também recebemos acompanhamento de assistentes sociais, médicos, que nos auxiliaram em tudo que precisamos”, recorda a dona de casa sobre o tempo que ficaram alojados no ginásio.

Por: Isabela Lopes - Jornal O Dia
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