Maria Feitosa e Theresa Galvão não se conhecem, muito provavelmente nunca tenham se cruzado, mas as suas vidas se aproximam e se parecem em um mesmo ponto: ambas compartilham a dor de perder um ente querido por imprudência causada por outrem no trânsito de Teresina.
Maria teve que lidar com a morte do marido, Raimundo Feitosa, ao ser colhido por um carro em alta velocidade, às 5h da manhã, quando estava a caminho do trabalho, na zona Norte de Teresina. Já Theresa se despediu do filho de forma precoce, o jornalista Júlio César Galvão, vítima de um acidente na zona Sul.
Foto: Elias Fontinele/ODIA
Maria teve que lidar com a morte do marido, Raimundo Feitosa
Outro ponto em comum das trágicas histórias é que, nos dois casos, os responsáveis pelos crimes continuam em liberdade. “Ele destruiu uma família e não aconteceu nada. Nada. Até hoje sei notícias dele indo para Universidade, estudando, vivendo, enquanto eu e minha família tivemos nossa família acabada por esse criminoso”, relata entre lágrimas Maria Feitosa. O crime está prestes a completar três anos no próximo dia 18 de julho.
Não menos dolorido é o relato da aposentada Theresa Galvão, que afirma esperar há 10 anos para que a justiça pela morte do filho seja feita. “É uma dor irreparável. A morte do meu filho deixou um vazio, parte da minha vida foi enterrada junto com ele. Eu só queria que a justiça fosse feita”, afirma.
Os acusados pela morte de Raimundo e Júlio dirigiam sob efeito de álcool, em alta velocidade e não respeitaram as regras de trânsito. Foi a imprudência praticada por ambos que, até hoje, causam feridas profundas nas famílias Galvão e Mesquita, inconformadas pela forma abrupta que os familiares perderam a vida. “Na época, soubemos que ele estava participando de um racha, meu marido só estava indo para o trabalho de moto e foi atingido sem chances de viver. A indenização ele ainda paga, mas minha pensão ele deixou de pagar depois que eu soube que o advogado dele me aposentou. Hoje é só tristeza, só saudade, só dificuldade, e com ele não acontece nada”, desabafa Maria Feitosa.
Os casos não são isolados. As mais recentes vítimas do trânsito imprudente foram os irmãos Francisco das Chagas Júnior e Bruno Queiroz, mortos após serem atingidos por um carro em alta velocidade. O pai Francisco das Chagas Araújo Costa, agora, busca forças para lidar com a perda dos filhos. Uma força também procurada, diariamente, pelas famílias de Theresa e Maria e por tantas outras que veem crimes de trânsito marcarem para sempre a sua trajetória.
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Por: Glenda Uchôa