A sepse não pode ser caracterizada como doença, mas cerca de 600 mil brasileiros desenvolvem o diagnóstico todos os anos. Desse total, mais da metade perde a vida de acordo com os dados de um estudo realizado em Unidades de Terapias Intensivas (UTIs) de 75 países. No Brasil, uma pesquisa encomendada pelo Instituto Latino-Americano de Sepse (ILAS), ao Datafolha, revelou que somente 7% dos brasileiros já ouviram falar de sepse. Alto índice de mortalidade e pouca informação são, juntos, poderosos agravantes para as estatísticas alar- mantes de mortalidade da síndrome.
“Sepse não é uma doença propriamente dita, ela é uma síndrome. Porque é um conjunto de sinais e sintomas que vão acompanhar um quadro infeccioso. Qualquer paciente que tem uma infecção, em qualquer local do corpo e, em virtude daquela infecção, evolua para uma instabilidade, ele é um paciente com sepse. É como se fosse uma reação orgânica exagerada a um quadro infeccioso”, explica a médica infectologista Geórgia Agostinho, do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella.
Foto: Elias Fontele/O Dia
Geórgia Agostinho ressalta que, em casos graves, é necessário um tratamento intensivo
Para a especialista, algumas situações contribuem para que a síndrome não se torne de conhecimento popular. “O termo sepse é muito técnico. Por ela não ser uma doença, não existir um exame que o paciente faça e descubra que está com sepse, por exemplo, isso contribui para esse desconhecimento geral das pessoas. A sepse é um diagnóstico clínico, seu manejo deve ser sempre um manejo hospitalar. A verdade é que é um diagnóstico que não necessariamente começou no hospital, mas com certeza que vai terminar lá. É preciso de intervenção médica mais rápido possível”, confirma Geórgia.
Os altos índices de mortalidade também são por conta do desconhecimento, que contribui para que os pacientes com sepse sejam admitidos para tratamento em fases mais avançadas da síndrome, quando o risco de óbito é maior. A média mundial de mortalidade da síndrome chega a cerca de 40%.
Países, como a Austrália, têm o percentual de 22%, e a Malásia com 57%. Nesse ranking, o Brasil desponta em um dos piores extremos, com 56% dos casos fatais. Outro estudo, conduzido em 200 UTIs brasileiras, mostrou que 30% dos leitos estão ocupados por pessoas com sepse; metade deles não sobre- viveu.
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Por: Glenda Uchôa - Jornal O Dia