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Desafios do autismo podem ser superados, permitindo vida saudável e feliz

Este domingo, dia 2 de abril, é o Dia de Conscientização do Autismo, e o jornal O DIA traz uma reportagem especial sobre o transtorno que atinge cerca de 70 milhões de pessoas no mundo.

02/04/2017 11:30

Eudes Lopes é aquela típica criança de 10 anos que adora assistir televisão e jogar no tablet. O que faz dele uma criança especial é sua história de vida. Desde o nascimento, ele enfrenta problemas de saúde. E, aos três anos, foi diagnosticado com Transtorno de Espectro Autista (TEA). No começo, a família se preocupou bastante, já imaginava os desafios a enfrentar. E o primeiro deles veio um mês após o diagnóstico, Eudes tem 10 anos e está progredindo no tratamento iniciado há 5 anos, quando Eudes foi atropelado por um ônibus e teve um quadro de traumatismo craniano. As dificuldades foram muitas e já se apresentaram nos primeiros anos de vida da criança. Porém, elas serviram para mostrar a força de Eudes e para frisar que, com o apoio e tratamento devido, é possível superar os desafios do autismo e viver uma vida saudável e feliz.

Eudes tem dez anos e está progredindo no tratamento, iniciado há cinco anos (Foto: Moura Alves / O DIA)

Albaniza Lopes, mãe de Eudes, teve a iniciativa de procurar ajuda na Associação de Amigos dos Autistas do Piauí (AMA) dois anos após a doença ser diagnosticada. Aos 5 anos, ele começou a receber o acompanhamento necessário e, desde então, só vem progredindo. “Assim que eu cheguei aqui, eu pensei que o Eudes não ia conseguir. Eu chorava e me agoniava. Mas depois que eu encontrei o apoio dos profissionais, me senti mais aliviada. Ele melhorou bastante. Hoje em dia, ele é uma criança ótima. Antes, nas festinhas, ele nem participava; hoje e dia, ele até dança e canta com as outras crianças. É maravilhoso”, enfatiza a mãe. Albaniza destaca que as crianças com TEA são muitas vezes incompreendidas no meio social, visto que as pessoas ainda não têm o conhecimento necessário a respeito do transtorno. Por esse motivo, muitos pais e as próprias crianças são criticados pelo comportamento. “O Eudes já foi muito criticado, principalmente dentro dos ônibus. Às vezes, estamos no ônibus e, quando alguém fala, principalmente os idosos, ele responde à maneira dele. Não é que ele responde mal, é o jeito dele. Ele não sabe dialogar com as pessoas da forma que elas esperam. Muitas já me perguntaram por que eu não dava uma lapadinha nele, para se comportar. Mas não é malcriação, é a forma dele de reagir”, ressalta Albaniza.

O autismo

O autismo, hoje conhecido por TEA, é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na interação social, na comunicação, nos comportamentos repetitivos e nos interesses restritos, podendo apresentar ainda sensibilidades sensoriais. De acordo com a Organização das Nações Unidas no Brasil, cerca de 1% da população mundial vive com autismo, o equivalente a 70 milhões de pessoas. Eudes faz parte desse percentual e suas experiências mostram que uma pessoa autista é como qualquer outra, ele apenas precisa de uma atenção especial. 

Autismo tem diferentes níveis

O Manual de Saúde Mental – DSM-5, é um guia de classificação diagnóstica. Mediante ele, o autismo e todos os distúrbios fundiram-se em um único diagnóstico: o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Embora todas as pessoas com TEA partilhem de dificuldades no comportamento, na interação, na comunicação e demais pontos, elas são apresentadas com intensidades diferentes. Assim, essas diferenças podem existir desde o nascimento e serem de fácil identificação; ou podem ser mais sutis e tornarem-se visíveis somente ao longo do desenvolvimento. Por esse motivo, de acordo com a neuropediatra que atende crianças com TEA, Socorro Melo, o autismo existe em diferentes níveis: leve, médio ou grave.

“Os autistas não são iguais. Existem três níveis de TEA atualmente: leve, médio e grave. Esses níveis só são classificados depois do tratamento da pessoa. Eles vão depender das respostas que o paciente dá ao tratamento. Além desses níveis, outra abordagem utilizada para definir o tipo de TEA é que o transtorno, muitas vezes, é associado a outras doenças. Encontramos muitas crianças que têm autismo, mas também uma deficiência intelectual, por exemplo, ou uma epilepsia. Quaisquer outros complicadores neurológicos podem interferir no prognóstico. Então, depende muito dos transtornos associados ao TEA que a pessoa tem. Há pessoas que só têm o TEA, outras que têm outras síndromes. Estas últimas, têm uma evolução mais demorada. Então, é precipitado falar em prognóstico muito cedo”, explica a neuropediatra.

A doença pode ser tratada, mas é uma condição permanente, a criança nasce com autismo e torna-se um adulto com autismo. O que o tratamento faz é trabalhar o desenvolvimento comportamental da pessoa que possui o transtorno, de forma que ela evolua. Esse tratamento é importante porque o TEA pode ser associado a vários outros transtornos que dificultam ainda mais a vida da pessoa com autismo e da família que a acompanha. Deficiência intelectual, dificuldades de coordenação motora e de atenção, problemas de saúde física, tais como sono, distúrbios gastrointestinais, déficit de atenção, hiperatividade, dislexia ou dispraxia são alguns desses problemas que podem vir associados ao TEA. Ademais, na adolescência, essas pessoas podem desenvolver até ansiedade e depressão. 


Leia a íntegra desta reportagem especial na edição de fim de semana do jornal O DIA.

Fonte: Jornal O DIA
Por: Karoll Oliveira e Virgiane Passos
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