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Comunidade terapêutica sustenta dependentes com venda de amendoim

Dinheiro arrecadado é utilizado para o pagamento de aluguel, água, luz, alimentação e tratamento dos dependentes químicos

24/11/2015 07:24

Há quatro anos, a comunidade terapêutica ‘Resgate’ tem ajudado jovens e adultos no tratamento contra dependência química. A casa atende, atualmente, 15 pacientes, mas já chegou a receber 28 pessoas. Através da venda de amendoim em ônibus, bares e restaurantes, os internos conseguem arrecadar recursos que são usados para o pagamento do aluguel do imóvel que vivem, água, luz, alimentação e tratamento dos dependentes químicos.

O tempo do tratamento varia de seis meses há um ano e é feito com o uso de medicamentos. São desenvolvidas terapias laborais, nas quais os dependentes ajudam na limpeza e manutenção da casa, como varrer, passar pano, lavar louça, e preparo das refeições. Além disso, também há momentos de orações e leitura da Bíblia.

O obreiro da comunidade terapêutica, Josafá Santiago da Silva, além de auxiliar os jovens com o tratamento, ainda vai, durante a noite, vender os kits de amendoim para arrecadar dinheiro para custear a casa. Ele frisa que este trabalho realizado pela entidade tem salvado vidas e ajudado muitas pessoas a abandonarem as drogas. “O objetivo desse projeto é resgatar os jovens que estão nas ruas, por conta das drogas, ou aqueles que foram abandonados por suas famílias. Nós resgatamos aquelas pessoas que ninguém quer mais, trazemos para cá e cuidamos. Há aqueles que não aguentam, por conta da abstinência da droga e vão embora, mas os que permanecessem e aguentam passar o tratamento nos ajudam, porque, como não temos apoio do governo, nosso sustento é da venda dos amendoins”, frisa.

Fotos: Jailson Soares/ODIA


Alguns internos, após se recuperarem das drogas, conseguem uma vaga de emprego, mas, mesmo assim, permanecem na comunidade, porém, ajudando a entidade. Outros, buscam na casa um abrigo para seu ente querido que necessita de cuidados. Renato da Silva, de 35 anos, entrou na comunidade terapêutica há um ano e dois meses e hoje já está completamente recuperado do vício das drogas.

“O tratamento aqui é muito bom, mas, infelizmente, nossas condições são precárias. A gente precisa estar na rua pedindo arrecadação e fica difícil, mas tudo com Deus dá certo. Eu sou uma das pessoas que vai para a rua vender amendoim. É um trabalho difícil, porque algumas pessoas são ignorantes e não entendem nosso trabalho, mas têm outros que ajudam, com o coração bom, e nos ajudam”, disse.

Willame Hudson, de 46 anos, foi o primeiro dependente a passar pela comunidade terapêutica ‘Resgate’. Ele agradeceu a ajuda que recebeu e disse que visita a casa sempre que possível. “O pastor me resgatou e, desde então, eu estou livre das drogas. Sempre que posso eu venho aqui, ajudo a cuidar dos jovens, porque eu já sei como funciona a dinâmica e também ajudo com as vendas”, ressalta.

Entidade enfrenta dificuldades

A comunidade terapêutica ‘Resgate’ se mantém através das vendas dos kits de amendoim e de doações feitas pela comunidade. Porém, o que eles arrecadam mal é suficiente para pagar o aluguel, que está atrasado, e comprar os alimentos. As condições estruturais da moradia também não são das melhores, e muito precisa ser feito no local, como instalação elétrica e hidráulica. O banheiro está em péssimas condições e necessita de uma reforma urgente, assim como as camas, que não possuem colchão.

“Alguns internos dormem na rede, outros no colchão no chão, e tem ainda quem coloque só um pano esticado e dorme no chão mesmo. Às vezes, uma pessoa tem um colchão todo velho e que não usa mais, e quer nos doar, nós aceitamos, porque não estamos em condições de recusar essa ajuda”, desabafa Josafá Santiago, obreiro da comunidade.

A alimentação também é precária e há poucos alimentos para os moradores da comunidade terapêutica. Na geladeira, há apenas água, já na dispensa, quase nada para alimentar os 15 homens. Por conta disso, a casa está aberta para quem desejar contribuir com alimentos, roupas, ou outros itens. As doações podem ser feitas na comunidade, que fica localizada na Rua Bom Jesus, 3404, bairro Buenos Aires, zona Norte de Teresina. Os telefones para contato são: (86) 9 9551-5337 / (86) 9 8897-5201.


Por: Isabela Lopes - Jornal O DIA
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