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Com o vírus zika por toda vida, Aedes leva doença a diferentes populações

No Brasil, os primeiros registros da doença aconteceram em 2015, nos estados da Bahia e do Rio Grande do Norte, deixando o país em alerta

12/01/2017 07:51

O zika vírus é uma infecção transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, conhecido popularmente por também transmitir a dengue, febre chikungunya e febre amarela. Sua primeira aparição deu-se no ano de 1947, sendo o vírus encontrado em macacos da Ziika Forest, ou Floresta Zika, em Uganda, no Leste da África. Sete anos depois, a doença foi diagnosticada em humanos, na Nigéria. 

Amariles Borba destaca que descobertas sobre o vírus estão em andamento (Foto: Moura Alves/ O Dia)

No Brasil, os primeiros registros da doença aconteceram em 2015, nos estados da Bahia e do Rio Grande do Norte, deixando o país em alerta. O mosquito Aedes aegypti pica o indivíduo que já está infectado pelo vírus zika e transporta esse vírus por toda a sua vida, levando e transmitindo a doença para populações que nunca tiveram contato com a doença e que, portanto, são bastante vulneráveis, uma vez que não possuem anticorpos. 

As fêmeas do Aedes aegypti depositam seus ovos em recipientes com água parada e, ao eclodirem, as larvas ficam cerca de uma semana até se transformarem em mosquitos adultos e chegarem ao estágio em que já picam os seres humanos e animais. Sua procriação é bastante rápida e o inseto em fase adulta pode viver por cerca de 45 dias. 

Normalmente, a fêmea do mosquito escolhe lugares quentes e úmidos para depositar seus ovos, que se desenvolvem num prazo de 48 horas. Uma característica importante é que esses ovos conseguem suportar, por até um ano, a seca sem que os embriões morram. 

A diretora de Vigilância Sanitária da Fundação Municipal de Teresina (FMS), Amariles Borba, chama aten- ção para este período do ano, cujas chuvas estão começando a acontecer. Ela cita que a fêmea do mosquito deposita seus ovos em diferentes locais, o que torna o controle ainda mais difícil. 

Ciclo 

Mesmo sendo um embrião, ainda dentro do ovo, o mosquito leva apenas cerca de 10 dias para virar um adulto, podendo acasalar logo no primeiro ou no segundo dia após ter se tornado adulto. Após isso, os mosquitos fêmeas necessitam consumir proteínas que são necessárias para o desenvolvimento dos ovos, passando a se alimentar de sangue. Quando a pessoa é picada, leva-se entre 3 e 12 dias para que os sintomas do vírus zika possam vir a aparecer. 

“Quando uma fêmea coloca seus ovos, os mosquitos que nascerão já estarão contaminados com o vírus e, ao se reproduzirem, eles também contaminarão os outros mosquitos no momento da cópula. Por isso, é muito difícil de controlar o mosquito, porque essas arboviroses também são sexualmente transmissíveis”, frisa Amariles Borba. 

“Sabe-se muito pouco e estão sendo feitas novas descobertas paulatinamente. Recentemente, verificou-se que a zika é uma doença sexualmente transmissível e que o vírus fica mais tempo no sêmen e no líquido vaginal do que no sangue, até oito meses após a infecção. Para evitar a zika, não basta não criar mosquito, é preciso usar preservativos quando tiver relação sexual, seja com parceiro fixo ou eventuais”, finaliza.

Com sintomas parecidos, zika pode ser confundida com dengue e chikungunya 

Cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus zika não desenvolvem manifestações clínicas e, quando este aparecem, são bem semelhantes aos quadros de dengue e chikungunya. Os principais sintomas da doença são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos. 

A evolução da doença costuma ser benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente em um período de 3 até 7 dias. O quadro de zika é muito menos agressivo que o da dengue, por exemplo. No entanto, a dor nas articulações pode persistir por aproximadamente um mês. Formas graves e atípicas são raras, mas, quando ocorrem, podem, excepcionalmente, evoluir para óbito, como identificado no mês de novembro de 2015, pela primeira vez na história. 

Tratamento 

Não existe tratamento específico para a zika. O tratamento dos casos sintomáticos recomendado é baseado no uso de acetaminofeno (paracetamol) ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. No caso de erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser considerados. No entanto, é desaconselhável o uso ou indicação de ácido acetilsalicílico e outros drogas anti- -inflamatórias em função do risco aumentado de complicações hemorrágicas descritas nas infecções por síndrome hemorrágica, como ocorre com outros flavivírus. Se os sintomas piorarem, devem procurar cuidados médicos e aconselhamento.

Por: Isabela Lopes
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