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Autoestima se torna importante aliada durante combate ao câncer

Durante o mês de outubro, muito se fala sobre prevenção e tratamento do câncer. Nessa fase é importante também focar na mente e no corpo.

23/10/2016 09:30

Em 2012, o diagnóstico de câncer de mama que Flávia Flores recebera não mudaria apenas a sua vida, mas de milhares de mulheres. O choque que a informação trouxe em um primeiro momento, não durou por muito tempo, mas se tornou um trampolim para algo maior – e melhor - que viria a surgir. Flávia pôs em prática um projeto inovador voltado a levantar a autoestima das mulheres que passavam por tratamento de combate ao câncer, o Quimioterapia e Beleza. 
A ideia já alcançou 27 estados e mais de 100 mil seguidores na página do Facebook, plataforma usada para divulgar as ações realizadas pelo projeto e contar histórias de mulheres que, assim como ela, acreditam na superação da doença sem perder a autoestima. 

A ex-modelo e sobrevivente Flávia Flores pôs em prática o "Quimioterapia e Beleza" (Foto: Arquivo Pessoal)

É muito gratificante saber que conseguir ajudar tantas mulheres e muitas famílias a passarem melhor pelo tratamento”, confessa. No início, após ouvir que o que fazia era futilidade, Flávia uniu forças para mostrar que a manutenção da autoestima e do auto astral eram fundamentais durante o processo de cura. 
A grande lição passada pelo projeto, diariamente, é justamente essa: o estado de espírito é essencial no combate à doença. Sentir-se bela e feminina importa muito na qualidade de vida e recuperação das pacientes. 
“Foi muito bom não ter ouvido as pessoas que falaram essas besteiras, mas temos que dar um desconto porque as pessoas não passam por isso, não sabem o que falam. Qualquer paciente que vê meu trabalho, sabe que não é futilidade, e que são dicas para elas passarem melhor pelo tratamento. Eu me sinto muito abençoada de fazer esse trabalho e deixar esse legado. Depois de mim também vieram muitas meninas que seguiram meu exemplo e fizeram páginas”, destaca Flávia. 
Ela, mais que ninguém, sabe o quanto o apoio durante o tratamento é essencial. E como um símbolo desse processo de cura, a ideia de criar um Banco de Lenços oportunizou que mais mulheres pudessem ser alcançadas com as informações da importância da autoestima e qualidade de vida. 
Para quem acompanha alguém em tratamento de câncer, Flávia orienta participação e incentivo à vida. “A pessoa tem que ficar próxima da paciente, tem que entender o que ela está passando para poder ajudar. Se ela está aberta para receber visitas, é legal fazer um Chá de Lenços. A ideia é um evento promovido pela paciente para reunir amigas e oferecer um chá em casa, assim que a doença for diagnosticada, antes mesmo do início do tratamento. Em troca, as convidadas presenteiam a anfitriã com acessórios que irão valorizar sua beleza. Perucas, turbantes, maquiagens, lenços. Desde que coloquei a ideia do chá, no meu livro, centenas de pessoas já compartilharam comigo fotos e relatos sobre o sucesso de cada encontro. E viver o mais normalmente possível, não ficar trancada em casa. Deixá-la se sentir viva, isso é o mais importante”, afirma. 
Hoje, superada a quimioterapia e radioterapia, Flávia continua falando com suas milhares de seguidoras, chamadas carinhosamente de 'Cats', no Brasil e no exterior, sobre as dificuldades e o lado positivo do processo. 
“Meu objetivo é fazer com que as pacientes que lutam contra o câncer passem melhor pelo tratamento, e que elas não vejam o tratamento como um bicho de 7 cabeças. Temos vontade de expandir também - em 2012, quando fiz a pesquisa e não tinha ninguém falando sobre quimioterapia e beleza, vi que não tinha ninguém fazendo isso no mundo todo. Agora como comecei aqui no Brasil, tenho vontade de fazer o mesmo no resto do mundo”, finaliza. 
Empresária compartilha experiência de uso de lenços
A empresária e consultora de moda Ana Cristina Carvalho sempre foi antenada com o universo da moda. Manter-se atenta as composições de roupas e acessórios; novas tendências de vestuário e efervescência do mercado da moda nunca foram problema. Mas foi a partir de um diagnóstico médico, que ela viu seu conhecimento sobre a área ganhar funções também terapêuticas. 

As mulheres que participaram da atividade aprendiam a utilizar lenços de diferentes formas 

Após passar por uma cirurgia de retirada de um tumor na cabeça e, por conta do procedimento, ter que raspar parte do cabelo, Ana adotou o lenço como uma forma de manter-se bem com a própria aparência. Posteriormente, viu que a experiência também poderia contribuir com a vida de mulheres em tratamento de câncer. 
“É um momento para mulher muito delicado, ver o cabelo cair não é fácil. Muita gente não entende, mas acho que principalmente para a mulher, o cabelo é como se fosse uma moldura, um complemento do corpo. Depois do que eu passei, fui convidada a dar um workshop de lenços para mulheres em tratamento de câncer e foi um momento único”, comenta. 
As mulheres que participaram da atividade aprendiam a utilizar lenços de diferentes formas, tamanhos e cores. Uma capacitação que vai além do ensinar técnicas, mas encontrar motivos para continuar acreditando na autoestima e na força da recuperação. 
“Ver os olhos de cada uma brilhando enquanto aprendiam as técnicas de usar o lenço foi incrível. Lembrei muito do que eu passei. Manter a autoestima e a confiança é fundamental em um processo de recuperação”, analisa Ana Cristina.
Por: Glenda Uchôa - Jornal O DIA
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