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Diante de crise, Associação dos Bombeiros faz denúncias ao MP

Governo vai decretar Estado de Emergência por causa de incêndios e chamou 22 brigadistas civis da Serra da Capivara para reforçar efetivo.

17/10/2016 15:30

Após anunciar que vai decretar Estado de Emergência por conta das queimadas registradas no Piauí nas últimas semanas, o Governo do Estado, através da Secretaria de Segurança, está trazendo 22 brigadistas civis da Serra da Capivara para reforçar o efetivo do Corpo de Bombeiros em Teresina, onde se concentram os maiores focos. No entanto, esses brigadistas não estariam sendo devidamente aparelhados com material de segurança adequado para combater o fogo, é o que denuncia a Associação dos Bombeiros Militares do Estado do Piauí (ABMEP).

De acordo com o presidente da Associação, capitão Anderson Pereira, os equipamentos que estariam sendo entregues aos brigadistas são produzidos com material improvisado, fabricado dentro do Quartel do Comando Geral, utilizando restos de mangueira predial e pregos. “Não estão sendo ofertados equipamentos de proteção individual específicos para que cada profissional garanta sua segurança mínima e integridade física”, afirma o capitão Anderson, acrescentando que faltam coturnos especiais, capacetes, luvas, máscaras, roupas especiais de aproximação e abafadores.

Veja vídeo:


Ainda segundo a ABMEP, o material não atende aos requisitos de especificações técnicas e normas de fabricação que garantem a eficácia e segurança para execução do trabalho, podendo gerar riscos de acidentes.

Para tratar da situação, a Associação se reuniu, na manhã de hoje (17) com o promotor Sávio Carvalho, da 30ª Promotoria de Justiça do Estado, com 44ª Promotoria da Fazenda Pública, na pessoa da promotora Lenara Batista Carvalho Porto; e com a Procuradoria do Ministério do Trabalho. A 44º Promotoria da Fazenda Pública se prontificou de notificar o Comando-Geral dos Bombeiros para assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Procurado pelo PortalODia.com para comentar as denúncias, o secretário de Segurança, capitão Fábio Abreu, disse que o Estado contratou brigadistas com larga experiência no combate a incêndios e que possuem material de segurança adequados e devidamente enquadrados nas normas técnicas vigentes. O secretário acrescenta ainda que o Piauí se encontra numa situação de emergência em que “é preciso empregar todos os recursos disponíveis”. Abreu afirma: “Estamos utilizando toda a força humana que nos é disponibilizada, porque a situação exige isso, assim como um planejamento de aplicação rápida”.

Neste primeiro momento, a Secretaria de Segurança e o Comando-Geral do Corpo de Bombeiros estão trazendo 22 brigadistas, mas esse número pode aumentar caso haja maior demanda.

Folgas

Outro ponto duramente criticado pela ABMEP diz respeito à compra de folgas dos bombeiros militares pelo Governo do Estado, que destinou R$ 3 milhões para este fim. Para a entidade, os oficiais estão empregando sua força de trabalho à exaustão, sem o tempo mínimo de descanso considerado como o ideal para o tipo de serviço que prestam.

O presidente da ABMEP avalia a situação: “Todo o nosso efetivo, que é composto atualmente por 165 homens, está trabalhando voltado para o combate a esses incêndios, sem tempo para repor organicamente as energias. Isso é um absurdo, porque um bombeiro que trabalha sem descanso tende a errar, pode ter seu desempenho profissional comprometido e fica desestabilizado fisicamente. Como podem exigir de um oficial que ele atue fazendo esforço o tempo todo, sem ter tempo para repor suas energias”, questiona.

Com relação a este assunto, o secretário Fábio Abreu esclareceu que a compra de folgas não significa sobrecarregar o profissional e reiterou que se trata de uma situação de emergência. “Estamos chamando os bombeiros conforme a necessidade. As folgas estão sendo compradas, mas não inteiramente, porque estamos respeitando o tempo mínimo de descanso, estamos agindo conforme o que a lei nestes casos estabelece. Temos que ter em mente que a situação exige mais esforço, mas não estamos esgotando ninguém e nem é essa a intenção do Estado”, explica o secretário.

Por: Maria Clara Estrêla
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