Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Apesar do aumento da conscientização, autistas ainda sofrem preconceito

O autismo afeta diretamente as formas de comunicação e o comportamento das pessoas diagnosticadas com a síndrome.

03/04/2016 18:27

João* tem 46 anos, adora construir aviões e sonha em trabalhar no ramo da aeronáutica. Seus objetos voadores feitos com base em cálculos matemáticos inclusive já foram expostos em um espaço de de eventos de Teresina. Além disso, todos seus programas favoritos de televisão são gravados em um fita de VHS, para serem assistidos depois, porque ele não gosta muito de DVD.

João sempre foi considerado uma pessoa diferente na escola, na família e na sociedade. Segundo sua mãe, desde os 5 anos de idade, ele apresentava um comportamento diferente dos seus irmãos. A criança foi levada inúmeras vezes a diferentes médicos. Durante dez anos fazendo análise psiquiátrica, a única resposta que o médico dava para a família era que ele tinha um distúrbio de comportamento, enquanto a apreensão e a dúvida eram sentimentos constantes na vida dele e dos seus pais.

“Ele sempre foi uma pessoa muito centrada naquilo que ele gosta. É introvertido e nunca aceita um não”, afirma a mãe de João, acrescentando que apesar disso tudo, ele conseguiu terminar os estudos escolares. A vida inteira, sua mãe procurou compreender porque o filho era muito brigão em casa e o motivo da sua falta de interesse nos estudos. A resposta veio quando João tinha quase 40 anos e recebeu o diagnóstico médico: autismo. 

Depois do diagnóstico preciso, o tratamento correto começou e tudo foi esclarecido. “Depois de ser diagnosticado corretamente, ele começou a tomar os medicamentos, o remédio acalmou, ele passou para a faculdade, melhorou o comportamento no dia a dia”, afirma sua mãe. Apesar do nível leve da síndrome, se ela tivesse sido descoberta mais cedo, a vida de João teria sido completamente diferente.

Segundo a mãe, João é uma pessoa muito inteligente e ela já procurou alguns trabalhos para o filho, mas por conta do preconceito, optou por não procurar mais. Atualmente João ocupa seu tempo passeando sozinho pela cidade de bicicleta, ajuda a mãe em algumas atividades, faz exercício físico e trabalha como ampliador de aviões de brinquedo, coisa que mais se dedica durante os dias. 

Dia Mundial de Conscientização sobre Autismo chama atenção para o debate

Desde 2008 o dia 2 de abril foi instituído pela Organização das Nações Unidas como o dia mundial de conscientização sobre o autismo. 

Em Teresina, há cinco anos a Associação de Amigos Autistas do Piauí (AMA) promove a caminhada azul pelo autismo. Esse ano, o evento aconteceu no final da tarde de sábado, na avenida Raul Lopes, onde os participantes se concentraram embaixo da Ponte Estaiada e caminharam até o Parque Potycabana, onde realizaram uma abordagem coletiva as pessoas que estavam no local, para conversar sobre o autismo.

Para a presidente da Associação, Rosália Sousa, a data é muito importante para dar visibilidade para a causa. “A gente percebe que trouxe mais visibilidade porque é um dia que o mundo inteiro se volta para essa questão. Até pessoas da alta sociedade e famosas que escondiam seus filhos e tinham vergonha, hoje elas não têm mais”, acrescenta. 

A AMA funciona há 16 anos e, durante todo esse tempo, já atendeu gratuitamente mais de 500 famílias. Atualmente, cerca de 148 famílias recebem atendimento da equipe multiprofissional da Associação, e cerca de 60 famílias estão na lista de espera. Para oferecer serviços de fonoaudiologia, psicologia, assistência social e fisioterapia, tudo de forma gratuita, a Associação recebe um suporte financeiro da Secretaria de Educação do Estado do Piauí e conta também com ajuda de profissionais voluntários. 

Leia a íntegra da reportagem na edição desta segunda-feira (4) do jornal O DIA.

Fonte: Jornal O DIA
Edição: Biá Boakari
Por: Aldenora Cavalcante
Mais sobre: