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Abandono é a maior causa de acolhimento de idosos na Casa Frederico Ozanan

A Casa Frederico Ozanan abriga atualmente 40 idosos.

04/10/2015 08:05

Eles foram pais, tios, irmãos, avós e até bisavós, mas, mesmo tendo familiares espalhados pela cidade ou outros municípios, não evitaram ser abandonados. Segundo a presidente da Casa Frederico Ozanan, que atualmente abriga 40 idosos, a maior incidência de encaminhamentos ao local acontece por conta do abandono dos próprios familiares.

“Os idosos chegam até nós de duas formas. A primeira quando sabemos que eles estão morando sozinhos ou em situação de risco; daí, enviamos a nossa assistente social, que faz a averiguação e então o encaminha para cá. A segunda acontece quando os próprios familiares vêm deixar eles aqui. Essa última é muito mais comum”, destaca Francisca Sales.

A presidente relembra que, em caso da entrega ser feita por familiares de primeiro grau, principalmente quando são filhos, a instituição tenta a reintegração familiar. “Quando é um tio, sobrinho ou parente distante, nós aceitamos, mas, quase sempre, são os próprios filhos que vêm deixar os idosos aqui e aí nós tentamos a reintegração, para conscientizar que idosos dão trabalho mesmo, mas que é uma fase da vida que todos vamos chegar. Mas, quando vemos que não adianta, que o filho só irá maltratar, aí aceitamos eles aqui”, esclarece.

Para Francisca, as pessoas costumam desvalorizar quando o idoso não consegue mais exercer funções de contribuição dentro de casa. “Hoje, o idoso está vivendo mais, só que as pessoas não têm tempo; enquanto ele produz, ainda cuidam dos netos, da sua vida, estão servindo; depois, quando eles estão sem condições, as pessoas apenas abandonam. Tem filho que chega aqui na maior naturalidade e diz que quer entregar a mãe porque não aguenta mais cuidar. Tentamos conversar, mas tem que acontecer uma mudança de cultura”, defende.

Com o afastamento do vínculo familiar, a maioria dos idosos presentes na instituição passa apresentar sinais de depressão ou demência, com doenças como o Mal de Alzheimer. Menos de um quarto dos idosos que vivem na casa Frederico Ozanan ainda é lúcido. Entre eles, nem 3% recebem visitas contínuas da família.

A manutenção do abrigo acontece através do salário dos idosos, que soma R$ 27 mil e uma contribuição de R$ 3 mil, repassada pelo Governo Federal. Como o dinheiro é insuficiente para arcar com todos os custos da instituição, a doação da comunidade é essencial para manter o funcionamento do local.

“O que mais precisamos são fraudas e comidas leves, como papinhas e pacotes de leite integral. Porque os custos com medicamentos são muito altos. Hoje, nós só temos seis doadores fixos e tínhamos que ter muito mais para conseguir custear nossos gastos”, afirma.

Para doação, a instituição disponibiliza conta corrente no Banco do Brasil (Agência 3506-8/ Conta 34996-8). “As pessoas têm que entender que os seus idosos devem ser cuidados, porque eles fizeram isso a vida toda por nós”, finaliza.


Foto: Jailson Soares/ODIA

Por: Glenda Uchôa - Jornal O DIA
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