Eles foram pais, tios, irmãos, avós e até bisavós, mas, mesmo tendo familiares espalhados pela cidade ou outros municípios, não evitaram ser abandonados. Segundo a presidente da Casa Frederico Ozanan, que atualmente abriga 40 idosos, a maior incidência de encaminhamentos ao local acontece por conta do abandono dos próprios familiares.
“Os idosos chegam até
nós de duas formas. A primeira
quando sabemos
que eles estão morando
sozinhos ou em situação
de risco; daí, enviamos a
nossa assistente social,
que faz a averiguação e
então o encaminha para
cá. A segunda acontece
quando os próprios
familiares vêm deixar
eles aqui. Essa última é
muito mais comum”, destaca
Francisca Sales.
A presidente relembra
que, em caso da entrega
ser feita por familiares
de primeiro grau, principalmente
quando são
filhos, a instituição
tenta a reintegração
familiar. “Quando é um
tio, sobrinho ou parente
distante, nós aceitamos,
mas, quase sempre, são
os próprios filhos que
vêm deixar os idosos
aqui e aí nós tentamos a
reintegração, para conscientizar
que idosos dão
trabalho mesmo, mas
que é uma fase da vida
que todos vamos chegar.
Mas, quando vemos que
não adianta, que o filho
só irá maltratar, aí aceitamos
eles aqui”, esclarece.
Para Francisca, as pessoas
costumam desvalorizar
quando o idoso não
consegue mais exercer
funções de contribuição
dentro de casa. “Hoje, o
idoso está vivendo mais,
só que as pessoas não
têm tempo; enquanto ele
produz, ainda cuidam
dos netos, da sua vida,
estão servindo; depois,
quando eles estão sem
condições, as pessoas
apenas abandonam. Tem
filho que chega aqui na
maior naturalidade e
diz que quer entregar a
mãe porque não aguenta
mais cuidar. Tentamos
conversar, mas tem que
acontecer uma mudança
de cultura”, defende.
Com o afastamento do
vínculo familiar, a maioria
dos idosos presentes na
instituição passa apresentar
sinais de depressão
ou demência, com doenças
como o Mal de Alzheimer.
Menos de um quarto dos
idosos que vivem na casa
Frederico Ozanan ainda
é lúcido. Entre eles, nem
3% recebem visitas contínuas
da família.
A manutenção do abrigo
acontece através do
salário dos idosos, que
soma R$ 27 mil e uma
contribuição de R$ 3 mil,
repassada pelo Governo
Federal. Como o dinheiro
é insuficiente para arcar
com todos os custos da
instituição, a doação da
comunidade é essencial
para manter o funcionamento
do local.
“O que mais precisamos
são fraudas e comidas
leves, como papinhas
e pacotes de leite integral.
Porque os custos
com medicamentos são
muito altos. Hoje, nós só
temos seis doadores fixos
e tínhamos que ter muito
mais para conseguir
custear nossos gastos”,
afirma.
Para doação, a instituição
disponibiliza conta
corrente no Banco do
Brasil (Agência 3506-8/
Conta 34996-8). “As pessoas
têm que entender
que os seus idosos devem
ser cuidados, porque eles
fizeram isso a vida toda
por nós”, finaliza.
Foto: Jailson Soares/ODIA
Por: Glenda Uchôa - Jornal O DIA