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42% dos traficantes têm relação com o crime organizado

Levantamento foi realizado pela Corregedoria Geral da Justiça no Piauí.

04/11/2013 09:00

O aumento na presença de grupos interestaduais comandando o tráfico de drogas em Teresina ficou evidente a partir do estudo realizado pela Corregedoria Geral da Justiça no Piauí. De acordo com o levantamento dos dados, 42% dos presos por tráfico de drogas, em Teresina, confirmaram ter relação com o crime organizado.

Traficantes nascidos em pelo menos oito Estados, além do Piauí, foram presos por tráfico de drogas na capital. Os maranhenses são a maioria, representando 6,58%. Contudo, há presença de traficantes da Bahia, de Brasília, do Amazonas, do Pará, da Paraíba, de Pernambuco e de São Paulo.

O crack é a droga predominante entre aquelas apreendidas e motivadoras da prisão de traficantes em Teresina, estando presente em 61% dos casos.

O levantamento foi realizado a partir de dados coletados na 7ª Vara Criminal de Teresina, especializada nos crimes envolvendo a utilização e o tráfico de drogas. Foram consultados 258 processos. O resultado da pesquisa será revelado hoje, às 10h, no auditório Tribunal de Justiça.

Maioria dos traficantes moram no Dirceu

Os bairros onde moram os traficantes de drogas de Teresina também foram monitorados pelo levantamento da Corregedoria de Justiça do Piauí. Eles estão em praticamente todas zonas da capital, com destaque para o Dirceu (6,02%), seguido do São Joaquim (4,82), Primavera (4,02%) e Santo Antonio (4,02%).


Local de moradia do traficante

Contudo, é no Centro de Teresina onde ocorre a maioria dos delitos relacionados ao tráfico de drogas. O estudo identificou um percentual de 6,84%. Em seguida, está o Dirceu (6,32%), o São Joaquim e o Redenção (5,79%).


Relação entre local da moradia, do fato delituoso e prisão do traficante

Já as prisões são realizadas principalmente no bairro Redenção (15,38%), no Centro (11,52%) e no Dirceu, São Pedro, Parque Alvorada e Santo Antonio, ambos com percentual de 5,77%. Existe o predomínio das prisões nas residências que servem como �€œboca de fumo�€. O levantamento identificou o percentual de 88,46% dos casos estudados.

Levantamento revela apartheid social

A maioria dos traficantes de drogas no Piauí é jovem e pardo ou negro. O percentual é de 56% da população carcerária com menos de 29 anos. Os pardos e negros representam 87% dos presos por tráfico de drogas, identificando uma possível discriminação nas questões envolvendo raça e sistema prisional. A análise dos dados sugere que há uma �€œcegueira�€ no país, o qual se auto denomina igualitário, sem preconceito racial e sem um �€œapartheid�€ social assumido.

O perfil também é formado por pessoas com pouca escolaridade, pois 62% tem apenas o ensino fundamental. A maioria também ocupa profissões precárias e com pouca perspectiva de reinserção na sociedade. Os homens trabalham principalmente como lavadores de carro e flanelinhas. As mulheres são domésticas ou empregadas domésticas.

59% das mulheres são presas por tráfico de drogas

O levantamento mostra, através de gráficos, que há o predomínio do público masculino nas prisões envolvendo tráfico de drogas, porém há um acentuado crescimento do público feminino, que motiva 59% das prisões de mulheres. Os outros crimes praticados por elas são roubo (11%), furto (9% ) e homicídio (7%).

O que de destaca é o envolvimento das mulheres com tráfico de drogas, motivadas pelo companheiro. Em alguns casos, elas assumem o comando da boca-de-fumo quando eles são presos. Em outros casos, são presas em flagrante levando drogas para o companheiro, dentro do presídio.

Com relação aos tipos de delitos praticados, entre os homens 29% foram presos por roubo, 20% por tráfico de entorpecentes, 16% por furto e 12% por homicídio. No Piauí são 2.929 pessoas cumprindo pena nos presídios do Estado, ou seja, uma pessoa em cada cinco presos está cumprindo pena por envolvimento com drogas. 

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