Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Falha no avião pode ter causado acidente aéreo na França, dizem especialistas

Indícios como a altura da aeronave antes do início da queda e velocidade normal de descida sugerem pane no avião, que tinha 150 pessoas.

25/03/2015 09:27

Informações sobre o comportamento do Airbus 320 da alemã Germanwings que caiu nos alpes franceses na manhã desta terça-feira com 150 pessoas a bordo dão os primeiros indícios das possíveis causas do acidente: a hipótese mais crível é de que o mais recente desastre aéreo da história mundial tenha sido causado por uma falha no avião.

A aeronave havia atingido uma altitude de cruzeiro (38 mil pés ou 11,5 mil metros)três minutos antes de começar a descer em direção aos montes, e os pilotos não chegaram a repassar mensagem de alerta à torre de controle. Outro fato: o avião não sofreu uma queda brusca. Foram oito minutos até a colisão contra as montanhas de Alta Provença (localizadas a 7 mil pés ou 2,1 mil metros de altura).

Na avaliação do professor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e ex-piloto da Varig Claudio Scherer, o Airbus não teve um estol (perda de sustentação), mas baixou em uma razão normal de descida que não condiz com uma perda repentina de velocidade. Apresentados os fatos, surgem as hipóteses — e dúvidas. O que teria provocado a queda do Airbus em altitude de cruzeiro?

Scherer levanta a possibilidade de falha mecânica comandada pelo computador, já que as aeronaves da Airbus são, notoriamente, conhecidas pela maior automação em relação à concorrente Boeing. O professor aponta que o sensor de ângulo de ataque (um dos componentes responsáveis pela equação de sustentação do avião) pode ter trancado, indicando que a aeronave estava muito alta. Assim, o A320, comandado por computadores, começou a descer sem qualquer ordem dos pilotos.

— Essa descida, aparentemente não intencional, deve ter sido comandada pelo computador, e os pilotos não conseguiram passar por cima. Não faz parte do treinamento aeronáutico em, qualquer dificuldade, desligar o computador, que é a alma do avião — aponta Scherer.

Um caso semelhante ocorrido com um Airbus 320 da Lufthansa — dona da companhia de baixo custo Germanwings — sustenta a tese do professor. Em novembro, uma aeronave também havia atingido altura de cruzeiro e começou a cair repentinamente. Porém, a tripulação adotou o controle do avião por direct law (lei direta, em português), que representa a perda de sinais e o controle manual da aeronave. O voo foi salvo, e o episódio ainda está sob investigação das autoridades.

Outro dado referente ao acidente da Germanwings é a idade do A320 que caiu: ele foi entregue em 1991 e, atualmente, tem quase 60 mil horas de voo em mais de 45 mil trechos. Segundo o site especializado em aviação Flightradar24, se trata de uma das aeronaves mais antigas do modelo. Para o aviador Georges Ferreira, conselheiro da Associação Brasileira de Pilotos e Proprietários de Aeronaves (Appa), no entanto, o fato não pode ser relacionado à queda:

— Seguramente, para que possa voar no ambiente europeu, o sistema precisou ser atualizado. Já em 1990, os modelos das aeronaves eram modulares, ou seja, já previam uma futura substituição de painéis, por exemplo. Desde que se faça o uso adequado do equipamento e todas as revisões, as aeronaves podem voar 20, 30 anos.

Ferreira também aponta possíveis causas para o acidente na França: um choque com outra aeronave, "que aparentemente não foi um caso", uma descompressão explosiva (queda súbita de pressão associada a uma explosão) ou uma falha estrutural catastrófica.

Fora especulações, os motivos que derrubaram o A320 da Germanwings só serão conhecidos após a conclusão da investigação conjunta entre autoridades aeronáuticas dos três países envolvidos no acidente: Alemanha, França e Espanha, com base, entre outros indícios, nas duas caixas-pretas do avião — a Cockpit Voice Recorder (CVR), que registra a conversa entre os pilotos, e a Flight Data Recorder (FDR), responsável pela documentação dos dados do voo.

Fonte: Zero Hora
Mais sobre: