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Luciano quer reduzir em 20% o custeio da máquina no primeiro ano de governo

Encerrando a série de entrevistas dos candidatos ao Governo, o peessedebista criticou ações do atual Executivo e detalhou propostas.

29/09/2018 08:52

O deputado Luciano Nunes é o último candidato ao governo do Estado que participa da série se entrevistas exibidas pelo Jornal O DIA. O peessedebista criticou várias ações do atual poder executivo, que, para ele, “se agigantou” com o objetivo de “dar seguimento a um projeto de poder”. O parlamentar destacou também planos de seu governo que pretendem reverter situações de criminalidade, escassez de água no semiárido piauiense e descentralização da saúde no Piauí. A principal delas, segundo Luciano, é a redução dos custos com a máquina pública para, assim, ter recursos para investimentos na prestação dos serviços para a população. “Temos 69 secretarias e coordenações absolutamente, na sua maioria, desnecessárias”, argumenta.

O senhor acha que a imagem construída nos últimos anos de que o PSDB é um partido meio que elitizado, distante dos rincões e movimentos sociais tem afetado no seu desempenho eleitoral?

De forma alguma. Primeiro porque eu discordo dessa tese. O PSDB, pelo contrário, tem se consolidando cada vez próximo dos movimentos sociais e nós, inclusive nos últimos anos, temos criado segmentos dentro do partido nessa lógica, nesse sentido. Nós temos o tucanafro, nós temos o PSDB mulher, o PSDB diversidade, justamente se aproximando e buscando abrir portas para participação e integração cada vez maior com os movimentos sociais aqui no Piauí e, naturalmente, essa é uma determinação nacional e tem também nos outros estados.


Luciano Nunes, candidato a governador pelo PSDB (Foto: Jailson Soares/O Dia)

Qual será o primeiro ato que o senhor vai realizar caso seja eleito governador do Estado, aquele que vai nortear toda a sua gestão?

A gente vai ter que fazer uma reforma administrativa. Nosso primeiro ato é acabar com todas essas coordenadorias que foram criadas só com o objetivo de acomodar aliados do governador. Nós temos que ajustar o tamanho do estado, o governo hoje se agigantou e temos 69 secretarias e coordenações absolutamente, na sua maioria, desnecessárias, que tem um só objetivo, que é dar seguimento a um projeto de poder do atual governador e que resulta em desperdício e desvio de recurso público, ao passo em que áreas essenciais, como saúde, segurança, assistência social e obras de infraestrutura, estão completamente paralisadas. Então, vamos diminuir o tamanho da máquina para melhorar a qualidade de prestação dos serviços para a população.

O senhor entende que com esse corte é possível economizar quanto em recurso anualmente?

Não dá para a gente fazer uma estimativa até porque o governo tem mais uma falha, que é a falta de transparência. O fato é que a nossa proposta é de reduzir de 69 para 30 o número de secretarias e coordenações, o que é mais da metade. Isso daria para economizar muito em aluguel de imóveis, veículos, cargos em comissão, conta de água, luz, telefone, diárias, além do desvio e o desperdício. Nós imaginamos que logo no primeiro ano de governo nós podemos economizar 20% do custeio da máquina, e isso vai dar para gente reverter e muitos investimentos para a população.

Em relação a obras estruturantes, qual é aquela que o senhor vê como essencial e será prioridade em seu governo? Aquela que o senhor quer começar e terminar dentro do seu governo? 

Nós temos várias obras que são importantes e estruturantes aqui no Piauí, mas tem uma obra que tem uma simbologia muito forte e essa é compromisso do nosso governo de concluir, que é a transcerrado. É uma estrada que fica na região que mais cresce no Piauí, uma obra de investimento e que esse atual governo, além de não conclui-la, está reiteradamente desviando recursos destinados à realização dela para fins absolutamente eleitoreiros.


Foto: Jailson Soares/O Dia

Hoje as pesquisas demonstram que o senhor disputa o segundo lugar com o Dr. Pessoa, inclusive aqui em Teresina. O senhor acredita nesses resultados e a que se devem esses resultados tendo em vista que a Capital sempre foi um reduto tucano?

Eu não costumo desqualificar nenhuma pesquisa, mas os sentimentos que eu vejo na rua é muito diferente do que as pesquisas estão mostrando. Outro dado a ser destacado e que é importante para reflexão é que aqui no Piauí nunca teve tanta pesquisa como está tendo agora. Quase que diariamente você tem a divulgação de uma pesquisa. A quem serve essas pesquisas? Quem está financiando essas pesquisas que são tão caras? Eu vejo que existe uma certa tentativa de influenciar no voto do eleitor a realização desse tanto de pesquisa.

Todos os candidatos de oposição defendem a descentralização dos serviços de saúde. O atual governador diz que já faz essa descentralização. Quais são ações práticas o senhor defende para descentralizar a saúde?

Primeiro não é verdade que há uma descentralização. Hoje você vê que o Piauí só tem um hospital de urgência, que é o HUT aqui em Teresina, que gasta 36% de todos os seus recursos com saúde e atende na sua maioria pessoas que vêm do interior do Estado. Então, esse dado por si só já desmente essa afirmação de que há uma descentralização. As pessoas do interior não têm saúde, os hospitais regionais não têm resolutividade e nós vamos sim descentralizar e fortalecer os hospitais regionais, dar resolutividade a eles. Vamos construir quatro hospitais de urgência no Piauí, em Parnaíba, Picos, Floriano e Bom Jesus, para levar esse atendimento de urgência e emergência para perto de onde as pessoas moram, minimizando as suas dores e diminuindo os seus sacrifícios ao ter que se deslocar até Teresina para fazer um tratamento que pode e deve ser feito lá perto de onde elas moram.


Foto: Jailson Soares/O Dia

A gente sabe também que há uma escassez de médicos especialistas no interior. Como o senhor pensa que o governo pode levar esses profissionais relacionados à média e alta complexidade ao interior?

A especialidade, a média e alta complexidade, deve ser feita pelo governo e nós temos uma proposta para estimular a permanência de profissionais médicos especialistas no interior. Se você não tiver uma política que estimule a permanência desse pessoal no interior, eles não ficarão lá. Hoje você tem uma concentração muito grande de médicos na Capital e poucos no interior. Nós temos que criar estímulos e apoiar a fixação desses médicos especialistas no interior do Estado. Esse é um dos nossos compromissos.

O país vivencia a crise econômica que afeta os estados e os municípios. Melhorar serviços públicos demanda recursos financeiros. Como que o senhor pensa em trabalhar uma política econômica que consiga aumentar a arrecadação e ao mesmo tempo diminuir as despesas? Qual o plano para colocar essas melhorias em prática?

O que eu proponho não zera os gastos. Eu proponho diminuir o tamanho da máquina, com isso você vai economizar e sobrar recursos. Precisamos acabar com esses cargos graciosos, essas secretarias que também só servem para acomodar os aliados do governador. Precisamos também de uma política tributária para estimular a economia. Nós estamos propondo a redução de impostos, diminuir os impostos para estimular o empreendedorismo e estimular a atração de empregos em indústrias no estado do Piauí. Isso vai movimentar a economia, vai gerar emprego e vai gerar arrecadação também para o estado. Reduzindo o tamanho da máquina e com a política tributária de estímulo à economia o governo vai ter dinheiro suficiente para arrecadar e investir nas áreas que são importantes para atender bem a população e realizar as obras estruturantes para o desenvolvimento do Estado.


Foto: Jailson Soares/O Dia

A violência também é um grave problema que o brasileiro enfrenta hoje e ela também está presente no Piauí. Como o senhor pretende trabalhar política de segurança pública e implementar ações aqui no estado para minimizar os efeitos da criminalidade?

Eu discordo que a segurança seja um problema generalizado no Brasil. Nós temos hoje o estado de São Paulo que tem índices que são melhores e mais bem avaliados do que índices de outros países, por exemplo. O que tem no Piauí é um total sucateamento do aparelho de Segurança Pública do Estado. Primeiro, o governador coloca um político, um deputado para tomar de conta da Secretaria de Saúde e ele cuidou tão somente de fazer sua campanha eleitoral. Então, nós temos que estruturar a segurança pública. Hoje a polícia militar tem menos da metade do efetivo que a lei determina. A polícia civil da mesma forma. Nós temos que recompor o quadro efetivo, fazer um concurso para pelo menos dobrar o efetivo da polícia militar e da Polícia Civil, temos que reestruturar as delegacias, temos que investir em inteligência. Estamos propondo a volta do Ronda Cidadão, policiamento comunitário, policiamento nas vilas, nos bairros, policiamento perto das pessoas para evitar que o crime aconteça. Hoje a polícia só serve para correr atrás de bandido depois que ele mata, que ele rouba. Aí o mal já tá feito. A segurança pública tem que ser preventiva, tem que atuar antes que o crime aconteça. Naturalmente que a política de segurança tem que ser associada à política de educação, à política de geração de emprego e renda porque nós precisamos agir com a transversalidade política. Mas a nossa proposta para segurança pública, especificamente, é investir na composição do efetivo da polícia militar e da polícia civil, estruturar as delegacias da capital e do interior, investir na compra de equipamentos e tecnologia de informação, e a volta do Ronda Cidadão.

Há um problema grave e antigo, que é a questão da escassez de água em municípios do Piauí, principalmente no semiárido. O senhor tem algum plano que ataque essa problemática a médio e longo prazos? É possível superar essa barreira das ações emergenciais e passar para algo que seja mais estruturante?

Sem dúvida nenhuma é mais um ponto que o atual governo fracassou. Essa era uma promessa dele de 2002, quando ele foi eleito pela primeira vez, que era acabar com o problema da falta de abastecimento de água em um programa de convivência com a seca. O que nós temos hoje é uma série de adutoras para atender o semiárido com recurso do Governo Federal garantido, em conta, e que o atual governo do Estado não tá tendo a competência de tocar essas obras. Nós vamos levar a água para todos os municípios. É possível resolver sim com as autoras, com as barragens, para abastecer todo o Estado, sobretudo a região do semiárido que sofre muito. Tem problemas também na região Norte. É um compromisso nosso e é possível fazer sim, e vamos fazer através das barragens e adutoras para alimentar todos os municípios

Por: Ithyara Borges e João Magalhães - Jornal O Dia
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