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Unicamp aprova cotas raciais pela primeira vez e oferecerá vagas no Enem

Propostas que visam elevar inclusão social na universidade receberam aval do Consu nesta terça-feira. Universidade também terá vagas pelo Enem e 'cadeiras extras' para destaques em olimpíadas.

21/11/2017 18:12

O Conselho Universitário da Unicamp (Consu) aprovou, na tarde desta terça-feira (21), a proposta para implementação das cotas étnico-raciais no vestibular 2019. Além disso, o grupo também deu aval para a criação de um vestibular indígena que será obrigatório a partir de 2021. No período da manhã, a votação já havia sido favorável para a oferta de vagas pelo Enem e abertura de "cadeiras extras" para os candidatos que se destacarem em olimpíadas que tenham abrangência nacional.

De acordo com José Alves de Freitas Neto, coordenador executivo da comissão organizadora do vestibular (Comvest), 15% das 3,3 mil oportunidades em 70 cursos de graduação serão preenchidas por quem optar pelas cotas (autodeclarados pretos e pardos) no momento da inscrição.

Além disso, outros 10% atrelados às vagas pelo Enem também devem elevar a inclusão social na universidade: 5% serão de candidatos autodeclarados pretos e pardos procedentes de unidades da rede, e outros 5% reservados exclusivamente para os estudantes autodeclarados pretos e pardos.

Campus da Unicamp, em Campinas (Foto: Antoninho Perri/ Unicamp )

"Considero que a universidade dá um passo importante para aprimorar o sistema de ingresso. Acho que foi um processo bem amadurecido, debatido, as discussões foram sobre ajustes pontuais, não mérito, o que demonstra clareza da comunidade da Unicamp sobre os termos", ressalta o coordenador responsável por presidir o grupo que fez as propostas iniciais.

Já outros 10% de oportunidades ligadas ao desempenho do candidato no Enem, explica Alves, serão destinadas aos aos oriundos de escolas públicas. Na reunião, os conselheiros rejeitaram a oferta pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), organizado pelo Ministério da Educação. Com isso, a Unicamp regulamentará um sistema próprio em edital, com as avaliações das unidades de ensino.

"O Consu considerou que é um mecanismo mais democrático e permitirá mais oportunidades", diz.

Para o reitor, Marcelo Knobel, a medida resultará em avanços para a Unicamp e a expectativa é de que o processo seletivo seja mais atrativo nas próximas edições. Neste ano, houve recorde inscritos.

"Trabalhamos com muito cuidado e isso demonstra a força da universidade pública [...] A mudança de perfil é um desafio, a universidade tem a ganhar com isso e queremos os melhores estudantes."

Vestibular indígena

O órgão máximo de deliberação da universidade também aprovou a criação de um vestibular indígena. Em 2019 e 2020 ele será facultativo, porém, a adesão das unidades de ensino será obrigatória a partir de 2021 e o sistema de ingresso poderá ser feito por meio da criação de "cadeiras extras" ou direcionamento de oportunidades não preenchidas na primeira chamada.

"A ideia é que tenhamos duas vagas em cada um dos primeiros 16 cursos", afirma Alves sobre o modelo a ser adotado no primeiro ano da medida. Entre os cursos que devem estar disponíveis estão medicina medicina, ciências biológicas, farmácia, enfermagem, educação física, nutrição, ciências sociais, letras, linguística, pedagogia, geografia, história, filosofia, administração, comunicação social - midialogia e engenharia agrícola.

"A tendência majoritária é ser vaga extra", ressalta o coordenador da Comvest.

Destaques em olimpíadas e Paais

Outra proposta já aprovada pelos conselheiros é a criação de vagas extras para destaques em olimpíadas que tenham pelo menos abrangência nacional. Segundo Alves, o número de oportunidades aumentará em até 10% por curso, e a competição será restrita aos inscritos neste grupo. "Ele deve ser no mínimo bronze [3º lugar]. A expectativa é que tenhamos 170 vagas", falou ao ponderar que há hipótese para preenchimento de vagas não ocupadas na primeira chamada.

Ele mencionou que a proposta não implicará em alta de gastos para a universidade. "Há uma compensação por causa da evasão registrada ao longo do curso", falou o coordenador.

O Programa de Ação Afirmativa e Inclusiva (Paais), aplicado desde 2005 na universidade, também será reformulado e o bônus deve ser somado à nota final de cada fase do exame da seguinte maneira: 40 pontos para estudantes que cursaram todo o ensino médio na rede pública, e 20 pontos para os que fizeram todo o ensino fundamental II em unidades públicas.

Para os estudantes que realizaram ensino fundamental II e ensino médio na rede pública, portanto, serão incorporados 60 pontos às notas das provas. Por outro lado, autodeclarados pretos, pardos e indígenas deixam de ser contemplados no Paais, diante da inclusão de novas formas de acesso.

A universidade

De acordo com site da Unicamp, atualmente há 34,6 mil alunos matriculados nos cursos de graduação e pós oferecidos nos campi de Campinas, Limeira e Piracicaba. Desde 2009, a universidade não registra aumento significativo de vagas, de acordo com a Comvest.

No domingo, a universidade aplicou a 1ª fase do vestibular 2018 para 76,5 mil candidatos e a abstenção foi de 9,02%. Veja detalhes sobre a cobertura do exame aplicado em Campinas.

Nesta edição, a Unicamp utiliza a nota obtida pelo candidato no Enem - parte de conhecimentos gerais - somente para compor a nota final da primeira fase, desde que ele tenha autorizado no formulário de inscrição. A atribuição ocorre por meio de padronização; veja aqui.

A universidade concede aos participantes do Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais), após o vestibular, 60 pontos à nota final da primeira fase. Quem for convocado para a segunda etapa terá acréscimo de 90 pontos à nota da redação e 90 pontos à nota de cada prova que compõe a nota final da segunda fase, segundo manual disponível no site da Comvest.

Além disso, candidatos inscritos no grupo e autodeclarados pretos, pardos ou indígenas (segundo classificação do IBGE) receberão outros 20 pontos à nota final da primeira fase; enquanto que os convocados para a etapa seguinte terão mais 30 pontos à nota da redação e mais 30 na nota final da segunda fase. Só será contemplado quem fez a indicação durante o período de inscrição.

Segundo a Comvest, são beneficiários do Paais candidatos que fizeram todo ensino médio regular ou ensino médio supletivo (presencial, semipresencial ou a distância) na rede pública nacional; ou quem terminou o ensino médio por meio de exames nacionais como Enem - até 2016 - ou Encceja.

Fonte: G1
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