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Professores criticam ensino de religião única nas escolas

No dia 15 de outubro é comemorado o Dia do Professor. Em alusão à data, o Sistema O DIA convidou professores de escolas particulares e públicas para um debate sobre educação.

15/10/2017 07:33

No dia 15 de outubro é comemorado o Dia do Professor. Em alusão à data, o Sistema O DIA convidou professores de escolas particulares e públicas para um debate sobre educação. Além do ensino religioso, os convidados falaram sobre o futuro das escolas e sobre o novo perfil dos alunos.

Retrocesso. Foi assim que os professores - entrevistados durante o debate para o Especial Transmídia dessa semana - classificaram a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para que as escolas públicas ensinassem uma religião única.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade da Procuradoria Geral da República (PGR), que cobrava que o ensino público religioso fosse sempre de natureza não confessional e facultativo, sem predomínio de nenhuma religião, foi contrariada pelos ministros no dia 27 de setembro. A corte julgou que é compatível com o estado laico o ensino religioso confessional, vinculado a uma ou várias religiões específicas.


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Segundo Mazé Mendes, professora da rede estadual há 11 anos, a decisão do STF vai contra tudo que estava sendo construído até então. “Foi um tapa na cara da escola pública. Eu defendo que nós precisamos trabalhar o pluralismo cultural e religioso porque, desde a nossa formação, somos misturados e miscigenados”, afirma Mazé.


Foto: Elias Fontinele/O Dia

O professor do Colégio Castro Alves, Claube Rocha, endossa a opinião da colega e destaca o sincretismo religioso no Brasil. “É um retrocesso perigoso porque, quando fechamos os olhos para outras religiões, acabamos julgando. E fazemos isso sob a nossa ótica. Como trabalhar a criticidade da criança, sem falar no sincretismo religioso?”, questiona.


"É um retrocesso perigoso porque, quando fechamos os olhos para outras religiões", diz o professor Claube (Foto: Elias Fontinele/O Dia)

De acordo com a Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pela PGR, o modelo não confessional e facultativo do ensino religioso “consiste na exposição das doutrinas, das práticas, da história e de dimensões sociais das diferentes religiões – bem como de posições não-religiosas, como o ateísmo e o agnosticismo, sem qualquer tomada de partido por parte dos educadores”. A PGR também pregava a proibição da admissão de professores que atuem como representantes de confissões religiosas.

Para Mazé, o correto seria exatamente isso. “Nosso papel como escola é trabalhar a criticidade, é fazer o aluno entender que nós não somos obrigados a ter a mesma religião, mas nós somos obrigados a respeitá-las. Na escola a gente deve trabalhar o fenômeno religioso e não a religião em si”, defende.


Foto: Elias Fontinele/O Dia

Segundo a professora do Crai Baby, Socorro Vieira, a confiança que os alunos depositam no professor não pode ser quebrada. Por isso, é necessário abordar todos os temas importantes. “Nós temos a oportunidade de transformar a criança em um adulto crítico, que tenha visão ampla de mundo e que esteja preparado para enfrentar as situações futuras”, destaca.

Mara Soares, professora da rede municipal, defende a mesma ideia. “É preciso trabalhar os conteúdos de forma adequada, respeitando as faixas de idade. É aí que entra a nossa formação para trabalhar qualquer tema de forma dinâmica e com a participação do aluno”, conclui.


Por: Nayara Felizardo
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