Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Escolas particulares perdem estudantes devido à crise financeira

Nacionalmente, este índice chegou a 12%. Ainda que de forma tímida, o fenômeno também foi perceptível em Teresina.

18/02/2016 06:50

Com a crise econômica, muitas famílias tiveram que cortar gastos e alguns pais transferiram seus filhos da rede particular para a rede pública de ensino. Segundo a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), estes estabelecimentos perderam entre 10% e 12% das matrículas em 2016 por causa, principalmente, da crise financeira. Ainda que de forma menos incidente, o fenômeno também foi perceptível em Teresina.

Para o presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Teresina, professor Paulo Machado, o fenômeno está presente também entre as escolas locais. “Apesar de não termos um levantamento exato aqui em Teresina, esse movimento da escola particular para pública, de fato, tem acontecido. Acredito que um pouco menor que os 10% apontados pela pesquisa nacional”, confirma.

Paulo Machado acredita que, em tempos de aperto financeiro, é fundamental que as famílias se planejem antes de colocar o filho na escola particular. “É uma escolha difícil. A escola particular deveria ser um complemento das públicas, mas, na verdade, são protagonistas da educação no país.

Apesar de ser complicada para os pais a decisão de qual escola escolher para o filho, a família não deve matricular onde não possa arcar com a mensalidade. Afinal, a escola particular sobrevive disso”, pondera. Apesar das escolas públicas dominarem a maior quantidade de alunos nos ensinos fundamental e médio, o presidente do Sindicato destaca o resultado do último Censo divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) quanto ao ensino superior.

No total, o Brasil possui 2.391 instituições de ensino superior, que oferecem pouco mais de 32 mil cursos de graduação. A rede privada participa com mais de 80% no número de novos alunos. De acordo com o levantamento, apenas 301 são universidades públicas e 2.090 são instituições privadas. “Infelizmente, se esse movimento de migração crescer, o Governo precisa se preparar para receber tamanha demanda. Essas são consequências da corrupção que volta para eles mesmos (governantes), pois sabemos da dificuldade que é para conseguir vagas no ensino público”, infere.

Aumenta inadimplência dos pais de alunos

Segundo o Sindicato das Escolas Particulares de Teresina, Paulo Machado, outro ponto recorrente tem sido a inadimplência dos pais no pagamento das mensalidades. “O mais grave é que, mesmo sem o pagamento, a instituição não deixa de atender esses alunos durante todo o ano letivo por conta da lei. Acredito que esse seja o único seguimento em que devemos continuar prestando os serviços sem receber”, reclama.

Esta conduta está prevista na lei 9.870 de 1999, que dispõe sobre as mensalidades escolares: o aluno inadimplente não pode sofrer nenhum tipo de pressão do estabelecimento de ensino para pagar a dívida com a escola. A instituição não pode impedir que o estudante tenha acesso aos seus direitos acadêmicos, ou seja, não pode suspender provas, reter documentos (entre eles o diploma) ou aplicar qualquer outro tipo de penalidade pedagógica por conta do débito.

“Essa questão permite que inadimplentes possam, livremente, trocar de instituição sem quitar os débitos e sem sanções que nem ao menos provoquem algum constrangimento ao devedor. Isso é perigoso e abre precedentes graves para a saúde financeira das empresas. O aluno paga a primeira mensalidade, deixa de pagar e, ao final do ano letivo, solicita a transferência e deixa a dívida para trás”, relata.

Paulo Machado conclui que os pais precisam ter muito cuidado com a educação dos filhos e que a inadimplência não é um bom exemplo para os jovens e crianças. “Os pais precisam de bom senso na hora de escolher a escola. Não queremos que o aluno saia, mas se não há condições de pagamento, prejudica o nosso trabalho. Se o pai deixa de honrar com suas dívidas, é de se questionar o tipo de educação que se passa para os filhos. Precisamos refletir e reforçar que a escola ensina, mas a família é quem educa”, finaliza.


Por: Pedro Vitor Melo - Jornal O DIA
Mais sobre: