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Abstenção de 30% dos inscritos no Enem é a maior desde 2009

Em 2016, metade dos inscritos que solicitaram isenção de taxa não compareceram no dia da prova, causando um rombo de R$ 226 milhões

06/11/2017 08:50

O ministro da Educação, Mendonça Filho, classificou o primeiro dia de aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ontem como “tranquilo”, diante do baixo número de ocorrências policiais e de uma queda expressiva na quantidade de candidatos eliminados por descumprimento de regras, em relação ao ano passado. Apesar da tranquilidade durante a aplicação das provas, o nível de abstenção continua alto. Três em cada 10 inscritos não compareceram aos locais de prova. O índice de abstenção no primeiro dia foi de 30,2%, a mais alta desde 2009, segundo balanço divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela organização da prova.

No total, 4,6 milhões de pessoas participaram da primeira etapa do exame. Isso significa que, este ano, 2 milhões das 6,7 milhões de pessoas que se inscreveram faltaram à prova. A abstenção em 2017 foi maior que a contabilizada no ano passado, de 29,19%, que considera a média dos dois dias de aplicação da prova, e deve ficar ainda maior. A expectativa é que, no próximo domingo, quando serão aplicadas as provas de ciências exatas, mais pessoas faltem, o que deve elevar a média de abstenção nesta edição do Enem.

O maior número de ausentes foi registrado em 2009, quando 37,7% dos inscritos deixaram de fazer a prova. A diretora do Inep, Eunice Santos, lembrou que os números de 2017 ainda são preliminares e estão dentro da média dos últimos anos, de 30%, mas admitiu que “é uma média alta”, que “preocupa” o instituto.

A principal preocupação do Inep se justifica pelo prejuízo que as faltas geram aos cofres públicos. No ano passado, metade dos inscritos que solicitaram isenção de taxa não compareceram no dia da prova. No total, o governo perdeu mais de R$ 226 milhões com as faltas, só em 2016. Para o Ministério da Educação, o alto nível de abstenção reforça a importância das novas regras de isenção lançadas este ano: agora, os candidatos isentos de taxas que faltarem à prova perderão o benefício no ano seguinte caso não apresentem justificativa para a ausência, “que deve ser embasada em documentos”, ressaltou Eunice.

Apesar do alto índice de abstenção, o ministro considerou que “tudo ocorreu bem, tendo em vista a magnitude do exame”. Mendonça Filho ressaltou que dois delegados da Polícia Federal acompanharam a aplicação dos exames, que teve “poucas ocorrências”, nenhuma considerada grave. No total, 273 candidatos foram eliminados por descumprimento de regras gerais do edital, como o uso de caneta esferográfica preta de material transparente ou atraso. Deles, nove se negaram a passar pelo detector de metal. O número é bem menor que o registrado ao fim do primeiro dia de prova, em 2016, que contou com 3.942 eliminações.

Raiva

Houve ainda duas situações em que candidatos saíram com as provas antes do horário programado. Segundo a presidente do Inep, Maria Inês Fini, um deles foi embora após ficar “com raiva de uma questão”, e o outro “saiu correndo e tirou foto” da prova, por volta das 17h, duas horas antes do permitido. Até o fechamento da edição, um deles havia sido identificado e eliminado por ter desobedecido a um dos itens do edital. O ministério não informou onde foram as ocorrências, para não atrapalhar a investigação policial.

Além deles, um candidato foi identificado com um cigarro de maconha no bolso, em Brasília. Ele não foi eliminado nem consta nas ocorrências de descumprimento de regras porque “o uso da droga não é mais considerado crime, só o tráfico”, explicou a diretora do Inep. A Polícia Militar entendeu, portanto, que não se configurava crime e orientou o jovem a continuar a prova. Ainda assim, “o sistema de segurança funcionou muito bem”, concluiu Mendonça Filho.

Fonte: Correio Braziliense
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