Três jovens que perderam os empregos em Campinas (SP) devido à crise econômica estão se virando desde o início de 2016 com a venda de pães de queijo e donuts [bolinhos em forma rosquinhas muito populares nos Estados Unidos]. Os quitutes são produzidos com receitas caseiras, recheios criados por eles e vendidos com a ajuda da propaganda boca a boca e por uma página em uma rede social. Na região, só as indústrias demitiram 9,4 mil pessoas em 2015.

“O empreendedorismo vem da necessidade”, resume Alkemarra De Paula Leite, o Bruce, de 25 anos, responsável pela manutenção da página na rede social do grupo. Ele está desempregado há 15 meses. O trio também é composto por Marcelo Júnior Loredo, de 25 anos, que coloca a mão na massa literalmente. Há nove meses ele não tem emprego fixo.

O estudante Bruno Ferreira de Moraes, também de 25 anos, completa a sociedade. Ele utiliza os conhecimentos do curso de administração no novo negócio. Ele conseguiu há algumas semanas um estágio no estilo home Office [trabalho em casa].

Os três se conheceram em Boa Esperança, no Sul de Minas Gerais, onde moram as famílias e a ideia de empreender foi uma solução para não terem que voltar para a casa dos pais. A empreitada começou a ganhar corpo no réveillon de 2015.

“Começamos a ideia no final de dezembro. Tentamos fazer o pão de queijo, primeiro produto oferecido por nós. E o Marcelo tinha uma receita de família. Começamos a vender e deu certo”, explica Bruno Moraes. O dinheiro arrecadado tem dado para eles pagarem parte das contas em Campinas, como o aluguel, por exemplo.

Bruce explica que a escolha da rosquinha se deu pelo fato de ela não ser comercializada em todos os lugares em cidades como Campinas.

"Pensamos em um produto a mais. Ovo de Páscoa e trufa têm em todos os lugares. A concorrência é grande. Donuts não tem em todo lugar”, ressalta.

Quem faz o doce entre os amigos é o Marcelo Loredo, que não se contentou em fazê-los apenas da forma mais tradicional, ou seja, sem recheio.

“O produto se vende sozinho”, lembra Bruno Moraes. Por ser muito bonito por fora, macio por dentro e saboroso, o público alvo são as mulheres.

“Demoro 5 horas para fazer 30 e vi muitas receitas que eles ficavam duros, então troquei a receita. Tirei a água e coloquei leite, por exemplo”, revela Loredo.

Vendendo nas ruas, eles chegaram a receber não de mulheres,  que disseram que estavam de dieta, mas se renderam após vê-los na caixa coloridos e recheados por cima.

Os sabores vendidos por eles são: prestígio, doce de leite, brigadeiro e oreo, receita própria baseada em um biscoito de chocolate recheado com um creme de baunilha. Cada um custa R$ 3,50 e a comercialização é por encomenda.

Vendendo de boca em boca e com a página na rede social, o grupo já tem até ideia de sair da informalidade para ter um ponto fixo. “Nosso objetivo é ter um quiosque”, Lembra Moraes.