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Sem ganho real: teresinenses criticam novo salário mínimo

Francisco diz que o salário mínimo só teria um reajuste melhor se houvesse uma mudança na política de correção; população critica aumento.

11/08/2017 08:20

Na última quarta-feira (9), o presidente Michel Temer sancionou, com vetos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2018, estabelecendo as metas e prioridades do Governo para o ano seguinte. Dentre as definições está o aumento de 4,5% no salário mínio, que passará de R$ 937 para R$ 979 no próximo ano. 

Apesar do reajuste, a população não aprova o valor anunciado, destacando que o percentual fica abaixo do apresentado em anos anteriores. Quem sustenta sua família apenas com um salário mínimo, como o auxiliar de serviços gerais, João de Deus Silva, o valor é irrisório e não representa um ganho real para os trabalhadores.

Aumento de R$ 42 em relação ao valor do ano passado não anima trabalhadores (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

“Esse aumento não foi bom, porque é muito aquém do que deveríamos mesmo receber, e os preços estão muito altos; então, não dá para fazer muita coisa. Com um reajuste de R$ 42 não conseguimos comprar quase nada, a cesta básica fica prejudicada porque enquanto o salário aumenta um valor irrisório, os demais itens sobem mais que o reajuste. Não dá para fazer compras para um almoço e janta com R$ 40, comprar arroz, feijão”, disse. 

João de Deus ainda acrescenta que o aumento da inflação e o valor dos produtos e serviços é muito elevado, porém, o repasse aos trabalhadores está defasado e não acompanha esse crescimento. 

É o que também diz a vendedora Viviane Sousa. Ela explica que o valor do novo salá- rio mínimo é inferior ao que o trabalhador deveria receber e que a classe trabalhadora tem sido prejudicada a cada ano, sobretudo após a aprovação da reforma trabalhista. “Foi muito pouco esse reajuste, ainda mais com tanto esforço e horas trabalhadas. Não dá para manter nossos gastos mensais, arcar com as despesas da família, alimentação”, fala. 

Segundo ela, o reajuste deveria ter sido, pelo menos, de R$ 100 para que o valor pudesse compensar o aumento dos diversos setores. “A gente já tem os descontos de INSS e outros; e se for descontar dos R$ 42, acaba como se não tivesse tido aumento nenhum”, frisa.

Trabalhador não terá ganho real, diz economista

De acordo com o economista Francisco Sousa, esse reajuste do salário mínimo, abaixo dos anos anteriores, é em decorrência da política atual no Brasil, que leva em consideração a inflação e o PIB (Produto Interno Bruto). 

“Como a projeção desse ano é fechar abaixo da meta, considerando que a projeção é de não haver crescimento do PIB e está sendo negativo, não temos ganho real, apenas a correção da inflação. Porque quando há um crescimento do PIB, há um ganho real na correção do salário”, explica, destacando que a inflação, independentemente de estar alta ou baixa, é a correção dos valores e atualização. Os ganhos estariam relacionados ao PIB, que não tem crescimento, e resulta no valor final do salário. 

O economista ainda pontua que o salário mínimo só teria um reajuste melhor se houvesse uma mudança na política de correção do salário. No caso dos anos que não houvesse crescimento do PIB, aplicar um ganho real mínimo. “Não dando esse ganho, temos apenas a correção da inflação, considerando que historicamente o salário já vem sendo reajustado insuficiente para a manutenção da família”, enfatiza. 

Francisco Sousa acrescenta que a área econômica é bastante instável e que não é possível prever as mudanças que sofrerá no decorrer do ano, vez que é preciso levar em consideração a política como um todo, bem como a aprovação de reformas, projetos, entre outros fatores. 

“Para que tenham essa mudança, é preciso que haja o aumento na confiança da população nesses gestores, para que possa voltar a um cenário de estabilidade. Além do controle de inflação, taxas de juros e outros fatores que estão relacionados diretamente com o crescimento da economia”, conclui. 

LDO 

O presidente Michel Temer sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2018. A lei, aprovada pelo Congresso Nacional em julho, foi publicada com 40 vetos nesta quarta-feira no Diário Oficial da União. A LDO estabelece as metas e prioridades do governo para o ano seguinte e orienta a elaboração da lei orçamentária anual. Uma das definições foi o aumento de 4,5% no salário mínimo, dos R$ 937 deste ano para R$ 979 em 2018, um reajuste de R$ 42. 


Por: Isabela Lopes
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