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Mulher trabalhadora sofrerá maior impacto com reajuste da passagem

Tarifa inteira vai passar a custar R$ 3,30 a partir desta sexta. O reajuste de 55 centavos corresponde a 20% e é o quarto maior aumento entre as capitais

05/01/2017 11:47

Em Teresina, as mulheres ganham R$ 654 a menos que os homens, em média. Elas também sofrem mais com a dupla jornada de trabalho, pois precisam dar conta dos afazeres domésticos. Não bastasse isso, as trabalhadoras ainda serão as maiores afetadas com o reajuste da passagem de ônibus, confirmado ontem pelo prefeito Firmino Filho (PSDB).

 A análise acima é do economista Ricardo Alággio. “O maior impacto na renda será para a mão-de-obra feminina, que trabalha no setor de serviços. Isso porque os homens costumam usar mais a motocicleta, o que barateia os custos com transporte. O mesmo não acontece com as mulheres, que são as principais usuárias de ônibus”, afirma Alággio.

Foto: Moura Alves/ ODIA


Segundo o economista, o aumento está muito acima do razoável e só pode ser explicado com uma análise política, mais do que econômica. “Ao congelar a tarifa para os estudantes, que têm força para pressionar, o prefeito assume uma posição populista e acaba prejudicando a massa que não é organizada politicamente”, ressalta Ricardo Alággio.

Reajuste nas capitais

A tarifa inteira vai passar a custar R$ 3,30 a partir desta sexta-feira (06). O reajuste de 55 centavos corresponde a 20% e é o quarto maior aumento entre as capitais do Brasil que já anunciaram o novo preço da passagem de ônibus. Em Recife, o reajuste foi de 33,9%; em Brasília foi de 25% e no Rio de Janeiro foi de 23%.

Em Florianópolis, o reajuste foi de 11%. Em Salvador, o valor da passagem será R$ 3,60 nos ônibus comuns, já nos transportes que têm ar-condicionado o valor é R$ 5,30. Em Vitória, o reajuste chegou a 16,36%, ocasionando protestos na cidade.

As capitais com menor reajuste foram Belo Horizonte, com 9,4%; São Paulo, com 7,18% e João Pessoa, que subiu 6,18%. A passagem na capital da Paraíba é a menor do país e custa R$ 3,20.


As cidades de Fortaleza, São Luís, Maceió, Natal, Palmas, Cuiabá e as demais capitais do país ainda não começaram a discutir o aumento.

Todos os reajustes já anunciados superam o valor da inflação. Segundo o economista Ricardo Alággio, a única explicação para aumentos tão elevados é a pressão dos empresários que controlam o transporte público. “Poderia até ter algum reajuste, mas esses valores são altíssimos e vão impactar muito para quem ganha um salário mínimo”, comenta o especialista.

Considerando a renda média do trabalhador, é em Teresina onde a tarifa do transporte público vai representar maior impacto no bolso. Na capital do Pernambuco, por exemplo, o salário médio mensal corresponde a 3,3 salários mínimos, enquanto em Teresina é de apenas 2,7, de acordo com os dados do IBGE. Em Brasília e no Rio de Janeiro, que foram as capitais com 2º e 3º maior reajuste percentual, as rendas médias correspondem 5,5 e 4,4 salários mínimos, respectivamente.

Sem contrapartida

A vereadora Cida Santiago (PHS), autora de um projeto de lei que obrigava as empresas de transporte público a instalar ar-condicionado nos ônibus de Teresina, criticou o reajuste abusivo. Segundo ela, não houve melhorias que justifiquem o aumento da tarifa. “Na época disseram que não podiam colocar o ar-condicionado porque iria onerar o preço da passagem. Aí agora aumentam e não dão contrapartida alguma para o usuário”, questionou a vereadora.

A prefeitura justificou que o reajuste da tarifa foi definido com base em planilhas de custos, e levou em consideração o valor dos insumos para manutenção do sistema e os investimentos realizados para melhoria do transporte público. "A Prefeitura ressalta que o realinhamento da tarifa foi necessário para manter o serviço em funcionamento, considerando vários custos, como o salário dos servidores do sistema, que teve reajuste de 7,39%, e o preço dos veículos, que ficou em 15,24%", informou a assessoria à imprensa.

Por: Nayara Felizardo e Aline Guimarães
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