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Crise econômica leva a primeira deflação após sete anos, avalia economista

Segundo especialistas, a deflação é reflexo da recessão econômica que tem impedido o crescimento do consumo

21/07/2017 07:38

A divulgação da prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA de julho indica que, pela primeira vez em sete anos, vai registrar uma deflação, queda generalizada no preço dos produtos básicos. Economistas ouvidos por O DIA explicaram que apesar da queda no preço de ser um fato aparentemente positivo, é reflexo da recessão econômica que tem impedido o crescimento do consumo. A previsão é de deflação de 0,18%. A última deflação registrada foi em junho de 2010. 

Eduardo Oliveira, professor de economia política da Universidade Federal do Piauí, explica que a deflação é o processo contrário da inflação. “Há uma redução do consumo, provocado atualmente pelo alto índice de desemprego no país. Os produtos ficam mais tempo nas prateleiras e o empresário para ter suas receitas vai submeter a vender seus produtos a preços mais baixos”, explica o professor, acrescentando que a deflação atinge diretamente a produtos. 

O economista explica ainda que as medidas políticas do governo federal, de austeridade e corte de gastos tem causado efeito negativo na economia. Eduardo Oliveira argumenta que, em tempos de crise, espera-se que o governo gaste no sentido de estimular o consumo, que estimularia a produção e consequentemente o aumento do emprego e renda da população. “A política assumida pelo governo faz com que haja um desestimulo da produção”. Eduardo Oliveira acrescenta ainda que o governo usa o discurso da deflação, queda dos preços, para comemorar o cumprimento de metas. “Mas de que adianta ter metas de inflação batida a um custo de 14 milhões desempregados, não ter consumo e renda. Muitas vezes, como economistas, olhamos para números e esquecemos os seres humanos”, pontua o professor. 

A paralisação da economia afeta diretamente a arrecadação do governo. Uma prova, segundo Eduardo Oliveira, é a de que o governo já anunciou o aumento de impostos para ter a receita necessária para fechar suas contas. Já o economista Cesar Fortes, presidente da Agência de Fomento do Piauí, explica que o IPCA avalia produtos que fazem parte da vida diária das pessoas que ganham até dois salários mínimos. Entre as causas da deflação, ele também citou que além da crise, que impede o aumento de preços, a boa safra agrícola faz com que os produtos que dão sustentação a todas as famílias tenham preços reduzidos. 

O gestor comenta também que a deflação é um reflexo do desemprego. “As famílias hoje economizam onde podem. O dólar também não subiu e por isso, os produtos importantes mantiveram preços”, explica César Fortes, explicando que as comemorações do governo porque há muito tempo elas não chegavam ao centro da meta. Ele argumenta ainda que apesar da deflação não ser boa por si só, é melhor que a inflação, que é notadamente ruim para todos, e principalmente para os mais pobres. “Na inflação, os mais ricos se protegem. Os mais pobres não conseguem se defender e veem seu dinheiro perder valor”, explica.

Por: João Magalhães - Jornal O Dia
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