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Antecipação de Imposto de Renda é opção para aliviar orçamento apertado

s taxas de juros dessa operação nos grandes bancos de varejo variam de 2% ao mês a quase 5% ao mês

01/05/2017 10:05

Terminado o prazo de entrega da declaração do Imposto de Renda (IR), o contribuinte começa a calcular quando deve receber o dinheiro da restituição. Se o orçamento doméstico está apertado, e as dívidas estão em uma espiral crescente, uma alternativa é procurar um banco e fazer a antecipação do crédito que se tem a receber da Receita Federal. Quem for buscar essa opção, no entanto, precisa ter um plano alternativo para o caso de cair na malha fina — porque o banco vai cobrar o dinheiro.

Nessa opção de crédito, o cliente apresenta ao banco o recibo da declaração do IR. Em geral, é possível antecipar até 100% do valor que se tem a receber. As taxas de juros dessa operação nos grandes bancos de varejo variam de 2% ao mês a quase 5% ao mês: a taxa é definida pelo relacionamento do cliente com a instituição financeira. Por essa razão, é preciso consultar que banco oferece a melhor condição, já que alguns cobram taxas menores quando a conta para depósito da restituição é na própria instituição.

Especialistas em finanças pessoais afirmam que esse crédito somente deve ser utilizado em dois casos. O primeiro é para o pagamento de dívidas mais caras, como o cheque especial e rotativo do cartão de crédito, duas linhas em que os juros mensais facilmente ultrapassam os dois dígitos. O outro caso é quando o consumidor ainda não está em uma dessas linhas caras, mas seu orçamento está apertado e surge uma emergência financeira.

— Essa linha de antecipação é indicada para quem precisa consolidar as dívidas mais caras. Aí tomar esse crédito faz mais sentido, porque as taxas são baixas. Outro caso é quando o consumidor está para entrar nessa condição de ir para as dívidas mais caras — explica Thiago Alvarez, presidente do aplicativo GuiaBolso.

E, na hora de contratar, além de comparar as taxas de juros, Alvarez recomenda ligar para o gerente, a fim de tentar negociar um índice mais vantajoso.

— É sempre importante comparar, e isso é feito facilmente pela internet. Além disso, é melhor falar com o gerente e fazer pela agência, porque, nesse caso, as taxas costumam ser mais baixas do que as opções disponíveis nos meios eletrônicos — ressalta o especialista.

E, embora as taxas de juros dessas linhas estejam abaixo da média do crédito pessoal — que, em março, era de 7,4% ao mês, ou 135% ao ano —, elas ainda são mais altas que as do consignado e dos empréstimos com garantia de bens, quando o cliente tem um imóvel ou automóvel quitado.

Os bancos esperam uma demanda maior por essa linha de crédito, já que o cenário econômico está mais crítico do que no ano passado. Com o desemprego em alta — a taxa atingiu 13,7% no primeiro trimestre, afetando 14,2 milhões de pessoas — e menor crescimento da renda, os consumidores vêm sendo obrigados a ajustar o orçamento. Já para as instituições financeiras, a linha é considerada de menor risco em relação a um crédito pessoal tradicional, por isso são menos restritivas na concessão dessa modalidade de empréstimo.

No Santander, as contratações da linha de antecipação do IR em 2017 registram aumento em torno de 13% em comparação a igual período do ano passado, de acordo com Eduardo Jurcevic, superintendente executivo de empréstimos e produtos para pessoa física do banco. A liberação desses recursos começou em 1º de março, data do início da entrega da declaração.

— Essa demanda é reflexo do cenário que estamos vivendo. As pessoas acabam tirando proveito da antecipação, que é uma linha mais barata. Não temos uma pesquisa interna para saber o destino desses recursos, mas acreditamos que seja para o pagamento de linhas com juros mais altos. As pessoas estão fazendo uma reorganização de suas dívidas — afirma Jurcevic.

Quem buscar essa linha precisa ter em mente a possibilidade de cair na malha fina, ou seja: não receber a restituição a tempo de quitar o empréstimo com o banco. Em geral, o crédito de antecipação tem como prazo de vencimento o dia 15 de dezembro, data do pagamento do último lote de restituições. Nessa data, a maior parte dos bancos faz o débito na conta corrente do cliente. Quem ficar na malha fina será obrigado a buscar um novo crédito para contornar a situação.

Para evitar ser pego de surpresa, os especialistas em finanças pessoais aconselham a checar periodicamente no site da Receita se há alguma pendência com a declaração — e corrigi-la o mais rapidamente possível — ou já pensar em um plano B para não ter, de última hora, de aceitar a primeira linha de crédito que o banco oferecer.

— É sempre bom ter um plano B para o caso de cair na malha fina. Ver quais outras linhas estariam disponíveis para quitar o crédito de antecipação do IR. Se deixar para a última hora, o consumidor já estará com um problema, e o seu poder de barganha será menor — observa Reinaldo Gonçalves, educador financeiro.

Para consumo, não

Gonçalves lembra ainda que quem busca crédito é porque precisa, mas é importante saber o que levou a pessoa a atingir esse ponto. Se foi um desequilíbrio financeiro, ela precisa mudar o seu padrão de consumo para não cair na mesma situação depois de alguns meses.

— Precisamos mudar o foco, deixar de combater o efeito e combater a causa. Se há um descontrole financeiro, muitas vezes é porque a pessoa está vivendo com um padrão acima do permitido pela sua renda. O crédito de antecipação do IR vai ajudar, mas ela estará na mesma situação em poucos meses se a causa não for combatida — afirma Gonçalves.

Os especialistas são unânimes em ressaltar que os recursos de antecipação do IR não devem ser usados para consumo, como comprar um bem ou gastar em uma viagem. Tomar um crédito pelo qual será preciso pagar juros para utilizar em consumo só seria justificável se o desconto fosse muito atraente, de forma a compensar esse custo.

Fonte: Extra
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