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Fundação quer tornar o carnaval de Teresina uma festa popular

Ideia é apoiar blocos de ruas e continuar incentivando as escolas de samba para que elas possam desfilar na avenida nos dias do carnaval.

01/02/2015 08:34

Os desfiles das escolas de samba em Teresina não eram como os atuais espetáculos com bateria, passistas, compositores, divisão por alas e baianas. Pelas ruas da cidade, os grupos desfilavam seguindo a porta estandarte da escola de samba cantando os sambas de exaltação, as músicas mais famosas da época. O ano era 1952 e as agremiações Escravos do Samba e Malucos por Samba polarizavam o carnaval de rua da cidade. 

Os blocos alternativos já eram tradicionais e surgiam em vários bairros da cidade. O Corso, hoje considerado o maior do mundo, já havia conquistado o teresinense que abraçou a festa de rua, como cultura popular. Nesses anos, o folião permanecia na capital durante a folia de momo fazendo com que em 1975, Teresina ganhasse o título de 5º maior carnaval do Brasil. 

As memórias são de Daniel Aracacy, diretor de promoção cultural da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, que acompanhou os primeiros passos do carnaval teresinense e hoje é um dos coordenadores que trabalham para resgatar o espírito de festar popular e envolver o teresinense na programação de carnaval da cidade. 

Foto: Arquivo O Dia


Desfiles das escolas de samba ainda levam multidão para a avenida

�€œOs desfiles pelo centro da cidade eram luxuosos, mas, também havia as festas nos clubes populares entre os anos 1930 e 1940 com o Clube dos Diários no auge. Em 1944 as escolas de samba surgiram na capital. Uma delas na região da Vila Operária, onde alguns cariocas se estabeleceram para trabalhar na construção da linha férrea que ligava Teresina a São Luís. Os cariocas trouxeram a tradição do samba carioca para Teresina�€, recordou Aracacy. 

Nos anos 1950, de acordo com Daniel Aracacy, o carnaval era espontâneo e participativo, a Praça Rio Branco era um dos pontos da festa. �€œEm 1952 as escolas Escravos do Samba e Malucos por Samba polarizavam o carnaval de rua de Teresina. O corso também fazia parte, envolvendo os teresinenses em desfiles pelo centro da cidade�€, completou o diretor. 

A primeira grande mudança no carnaval de Teresina, segundo Daniel, veio em 1970 quando a festa com essência popular e participativa ganhou um tom competitivo e contemplativo. �€œO povo agora se tornava cada vez mais telespectador�€, reforçou. No decorrer da década, surgiram duas das principais escolas de samba que seguem na ativa: Brasa Samba e Sambão. 

�€œCom a chegada dessas escolas em 1970, o modelo do carnaval carioca se estabeleceu definitivamente. Surgiam as baterias com percussionistas, compositores, e divisão por alas. As escolas passaram a competir e surgiam novas agremiações a cada carnaval. Mas o movimento dos blocos de rua também era forte. A irreverência desses blocos exaltavam as figuras do cotidiano teresinense. O envolvimento com a festa popular era tão forte que assim que terminavam os desfiles de escola de samba e os foliões seguiam para os clubes. Esses dois movimentos se alternaram até os anos 1980 quando houve uma pausa na participação das escolas de samba�€, contou Daniel Aracacy.

Por: Andressa Figuerêdo - Jornal O Dia
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