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Transexual 'crucificada' usará representação da Bíblia na Parada Gay

Viviany Beleboni usará roupa com duas balanças que simbolizam a Justiça.

29/05/2016 10:29

Mesmo após diversas ações e ameaças de morte, a transexual crucificada na Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) de 2015, Viviany Beleboni, 27, desfilará neste domingo (29) vestida com mais um símbolo religioso, uma representação da Bíblia.

(Foto: Fábio Tito/G1)

A parada começa às 10h na Avenida Paulista, em São Paulo; a partir de 12h os trios elétricos seguirão até o Vale do Anhangabaú, no Centro.

Viviany diz que não tem receio de causar repercussão negativa entre os religiosos com sua nova fantasia. “Não tenho medo, quem tem medo é covarde”, afirma. Em 2015, ela abriu processo contra o Facebook para obrigar a rede social a identificar usuários que, após o desfile, publicaram montagens de fotos dela em meio a imagens de sexo explicíto. Ela também abriu sete processos em que reivindica indenização por danos morais no valor total de R$ 800 mil. Uma delas foi negada.

A fantasia é composta por duas balanças que representam a Justiça e uma 'Bíblia' com as palavras “bancada evangélica” que cobre o rosto de Viviany.

“A Bíblia vai ficar fechada e tapando meu rosto. Quando eu giro e abro, aparece o rosto da Justiça amordaçada pela marcação da Bíblia. A Justiça vai estar chorando porque ela quer democracia, quer direito para todo mundo. E a bancada evangélica tira isso”, conta.

O objetivo é mostrar como a bancada evangélica no Congresso Nacional impede projetos de lei em prol da comunidade LGBT e da identidade de gênero, tema da Parada Gay 2016. No último dia 18, deputados de dez partidos apresentaram projeto para suspender o direito de transexuais e travestis a usarem seu nome social nos órgãos públicos do governo federal, direito concedido pelo governo Dilma Rousseff, em abril.

“Por que não passam os textos da bancada LGBT? Quem tapa os olhos da Justiça é a bancada evangélica. Eles principalmente estão querendo ser a Justiça. Eles querem se tornar a Justiça. Eles querem fazer a religião deles como Justiça”, disse.

Viviany quer discutir, debater o tema por meio de uma instalação artística. “Não quero ofender ninguém, quero discutir”.

Questionada se ela pode ser acusada de vilipendiar objeto de culto religioso, Viviany afirmou que não usou uma Bíblia de verdade.

“A cruz foi feita em uma marcenaria, eu usei algo para simbolizar a gruz. Eu vou usar uma bíblia que é um fichário, não é abençoado. É tudo material artístico, é representativo. Não tem nada de escárnio”, afirmou.

Fonte: G1
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