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Pela 1ª vez, governo do ES se reúne com mulheres de PMs

Grupo de 15 representantes dos familiares de PMs quer anistia geral para todos os policiais e 100% de aumento para toda a categoria.

09/02/2017 08:37

Mulheres que mobilizaram o ato de paralisação da Polícia Militar se reuniram com o governo do Espírito Santo na noite desta quarta-feira (8). Pela primeira vez, houve uma iniciativa do governo estadual para discutir uma solução junto dos familiares dos PMs. A reunião foi realizada no Palácio da Fonte Grande, no centro de Vitória.

Segundo o governo, à comissão de negociação formada pelo chefe da Casa Civil, o secretário de Controle e Transparência e o secretário de Direitos Humanos, o grupo de 15 representantes dos familiares de PMs fez duas reivindicações: a anistia geral para todos os policiais e 100% de aumento para toda a categoria.

A comissão, agora, levará a proposta ao governador e nesta quinta-feira (9), às 14h, dará um retorno ao mesmo grupo da reunião de hoje. "Vamos analisar essa proposta para ver o que efetivamente podemos fazer para que isso avance", disse o secretário de Estado de Direitos Humanos, Júlio Pompeu, ao final do encontro.

"Deixamos clara toda a dificuldade que estamos encarando no Estado, não só nas ruas, mais fiscal, mesmo. Mas o governador é quem decide. Cabe a nós, secretários da comissão que foi criada, negociarmos", disse Pompeu. "Há bom senso e boa vontade dos dois lados. E é a esse sentimento que nós estamos nos agarrando para resolver essa situação."

Antes da reunião, representantes do movimento manifestaram interesse pelo entendimento. "Estamos dispostas a negociar, mas até agora ninguém chegou com proposta nenhuma", disse Ângela Souza, cabeleireira, mulher de um PM.

Desde sábado (4), familiares dos policiais militares têm realizado motins em frente aos quartéis impedindo a atuação da PM e gerando uma onda de insegurança em todo o Estado. De acordo com o DML (Departamento Médico Legal), 92 pessoas foram assassinadas desde o primeiro dia da greve da polícia.

Mais cedo, o governador governador licenciado, Paulo Hartung (PMDB), comparou o movimento a um "sequestro" e afirmou que os policiais estão chantageando o governo. "O que está acontecendo no Espírito Santo é uma chantagem. É a mesma coisa que sequestrar a liberdade do cidadão capixaba e pagar resgate", disse o governador, que se licenciou do cargo no último dia 5 para se recuperar de uma cirurgia feita em um hospital paulista.

Ele retirou um tumor da bexiga no dia 3, véspera do início da greve.

A fala de Hartung faz referência a um pedido de aumento salarial feito inicialmente pelos policiais capixabas, de cerca de 43%.

Nesta quarta pela manhã, cerca de 30 mulheres permaneciam em frente ao principal quartel onde estão os PMs em Vitória. Cada entrada conta com uma barraca grande, com colchões e cobertores, e um toldo. Há café, leite, pão, biscoitos, frutas, frios e até uma sanduicheira.

Em outros quartéis pela cidade há acampamentos parecidos, com familiares de PMs e policiais de folga posicionados em frente aos portões.

"Se o governador for favorável às nossas pautas, nós vamos sair", afirmou uma das mulheres ao explicar que elas aguardam uma contraposta do governo às suas reivindicações para se retirar do local.

Entenda a crise no Espírito Santo

No sábado (4), parentes de policiais militares do Espírito Santo montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o Estado. Eles reivindicam melhores salários e condições de trabalho para os profissionais.

A Justiça do Espírito Santo declarou ilegal o movimento dos familiares dos PMs. Segundo o desembargador Robson Luiz Albanez, a proibição de saída dos policiais caracteriza uma tentativa de greve por parte deles. A Constituição não permite que militares façam greve. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil por dia pelo descumprimento da lei.

A ACS-ES (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo) afirma não ter relação com o movimento. Segundo a associação, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento real, e há três anos não se repõe no salário a perda pela inflação.

A SESP (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social) contesta as informações passadas pela associação. Segundo a pasta, o governo do Espírito Santo concedeu um reajuste de 38,85% nos últimos 7 anos a todos os militares e a folha de pagamento da corporação teve um acréscimo de 46% nos últimos 5 anos. (*Colaborou Daniela Garcia, de São Paulo)

Fonte: UOL
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