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Países barram temporariamente carne do Brasil após operação da PF

A Operação Carne Fraca, que investiga um esquema de corrupção na fiscalização de frigoríficos, já repercute no comércio exterior.

20/03/2017 13:13

Na manhã desta segunda (20) o governo da Coreia do Sul anunciou que vai aumentar a fiscalização sobre a carne de frango importada do Brasil e que vai suspender temporariamente as vendas de produtos de frango da BRF, maior produtora de carne da ave do mundo.

O Brasil é o maior fornecedor de carne de frango para a Coreia do Sul. Segundo a agência de notícias Reuters, mais de 80% das 107.400 toneladas importadas pelo país asiático em 2016 vieram do Brasil. Quase metade disso foi vendida pela BRF, que diz que não ainda foi notificada da decisão.

Brasil é o maior fornecedor de carne de frango para a Coreia do Sul. (Foto: Foto: ANPr/ SINDIAVIPAR)

Ainda de acordo com a Reuters, a China também suspendeu temporariamente as importações de carne brasileira desde domingo (19).

Na Europa a situação também é delicada. A Comissão Europeia afirmou nesta segunda (20), em coletiva de imprensa, que está monitorando as importações de carne brasileira e que as empresas envolvidas na Operação Carne Fraca podem ter o acesso ao mercado da União Europeia suspenso.

Na América do Sul, o Ministério da Agricultura do Chile também anunciou que vai barrar temporariamente importações de carne do Brasil.

Reação

O ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) criticou a PF por "erros técnicos" cometidos na Operação Carne Fraca, que levou o presidente Temer a convocar uma reunião de emergência no Palácio do Planalto neste domingo (19).

O governo tentou minimizar o caso e rebater os argumentos técnicos da PF. Três pontos foram contestados: o uso de ácido considerado cancerígeno na mistura de alimentos, a utilização de papelão em lotes de frango e de carne de cabeça de porco.

Ações de frigoríficos recuam com restrições à carne brasileira

Pelo segundo pregão seguido, as ações da BRF e da JBS operam em queda. Ambas as empresas estão entre as investigadas na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, deflagrada na sexta-feira (17) e que investiga um esquema de corrupção na fiscalização de frigoríficos no Brasil.

Outros papéis do setor também caem por causa da repercussão do caso, com a suspensão da carne brasileira em vários países.

Depois de perderem 7,25% na sexta-feira, as ações da BRF recuavam, por volta das 12h45, 3,31%, a R$ 35,87. A Coreia do Sul anunciou nesta segunda-feira a suspensão temporária da venda de produtos de frango da companhia. A BRF diz que não foi notificada dessa decisão.

Os papéis da JBS chegaram a subir neste pregão, mas há pouco perdiam 1,77%, a R$ 10,53, depois de despencarem 10,59% na sessão anterior.

As ações da Marfrig caíam 3,92%, a R$ 5,38. Fora do Ibovespa, os papéis da Minerva cediam 7,23%, a R$ 9,36. As duas empresas não são alvo da operação da PF.

A China já suspendeu temporariamente as importações de carne brasileira. O Chile também anunciou que vai fazer o mesmo. A União Europeia informou que poderá barrar as empresas brasileiras implicadas na operação da PF.

"Apesar da tentativa do governo de minimizar a Operação Carne Fraca, a investigação continua repercutindo negativamente tanto no mercado local quanto no mercado externo", comenta a equipe de análise da Guide Investimentos, em relatório.

Os analistas destacam que o Brasil é o maior fornecedor mundial de proteínas, com 40% do mercado da carne de frango, 20% do mercado de carne bovina e 9% do mercado de carne suína, e que recentemente estava conseguindo abrir novos mercados.

"O risco para as grandes empresas é o aumento das restrições à carne do Brasil no exterior", afirmam. "Outro risco é o impacto, no mercado interno, da imagem das grandes marcas nacionais, que já estão sofrendo com a fraca demanda".

Fonte: Folhapress
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