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Ordem para invasão da Cidade Alta, Rio, partiu de presídios federais

Oito ônibus e dois caminhões foram incendiados em represália a ação da PM, que teve mais de 40 presos. "Polícia já identificou alguns mandantes do crime", disse o secretário.

02/05/2017 18:40

Autoridades de segurança do Rio de Janeiro deram detalhes sobre as ações que desencadearam a queima de oito ônibus e dois caminhões na Cidade Alta e levaram pânico aos moradores e motoristas dos bairros próximos à Avenida Brasil e à rodovia Washington Luiz, nesta terça-feira (2). Segundo o secretário Roberto Sá, a polícia já identificou alguns mandantes da invasão frustrada pela PM, que terminou com mais de 45 presos e 32 fuzis apreendidos. Os presos que comandaram a invasão foram estão em presídios federais, fora do estado, segundo Sá.

A coletiva começou por volta das 16h30 no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), no Centro do Rio, e reuniu o secretário de Estado de Segurança, Roberto Sá, o Comandante Geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, coronel Wolney Dias, e o chefe de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Carlos Augusto Leba.

"A polícia já identificou alguns mandantes do crime, inclusive de quem pode ter mandado queimar os ônibus", disse o secretário. Segundo Roberto Sá, 45 pessoas foram presas e 38 armas de fogo apreendidas. Duas pessoas, que segundo a polícia eram criminosos, foram mortos pelo Bope.

Já Leba ressaltou que a ordem para a invasão da Cidade Alta partiu de dentro da cadeia, e foi cumprida por pessoas recém-saídas da prisão. "Os presos são do Borel, Formiga, Kelson e muitos da Vila Cruzeiro", acrescentou.

Sá também voltou a afirmar que os incêndios a ônibus foram orquestrados para ajudar na fuga de traficantes.

O secretário de Segurança do Rio também disse que não se lembra, em sua carreira, de uma operação com tantas armas de fogo do porte que ocorreu hoje - foram apreendidos 32 fuzis durante a manhã.

Os presos nesta terça feira serão submetidos a audiência de custodia no Tribunal de Justiça do Rio por videoconferência nesta quarta-feira (3). O secretário disse que as punições para queimar ônibus e portar fuzis são ridículas, e voltou a pedir punições judiciais mais severas para os crimes.

"A polícia precisa trabalhar em uma sociedade que viva sob a egide da proteção da punição. Falo de uma polícia que não fez a greve, que não recebe o RAS Olimpico há um ano. É preciso uma coalizão, uma estrutura em que os estados possam prender as pessoas de acordo com a gravidade do fato que cometem", disse Sá.

Ainda durante a coletiva, o secretário também avaliou que não houve falha na inteligência da polícia. "Já evitamos invasões que ninguém tomou conhecimento. Mas sem informações suficientes, só é possível ficar pronto para que algo possa ocorrer. Houve uma ação do crime organizado em que eles se falaram e organizaram a ação. Agora, não podemos diminuir uma ação exitosa da polícia que evitou um banho de sangue e prendeu um monte de pessoas."

Ele também questiona se outra polícia no mundo consegueria impedir o que passa na cabeça das pessoas. "Se a pessoa pensa, e começa a executar, a polícia tem que ser rápida na resposta. Mas evitar esses incêndios...".

O secretário de Segurança do Rio diz que hoje a sociedade do Rio é muito corrupta, violenta, e o foco do problema está sendo desviado para o ônibus incendiado, ignorando toda a ação da polícia. "Autoridades dos EUA, do Reino Unido, da França, que têm muito mais recursos e pagam em dia, não conseguem evitar atentados. As polícias precisam de ajuda para ajudar a sociedade. Eles não vão conseguir adivinhar o que cada criminoso vai fazer para se colocar naquele lugar."

Sá ressaltou que a polícia vai reforçar nos próximos dias o policiamento na região invadida, entretanto. Questionado sobre a necessidade de ajuda federal, Sá falou que "qualquer ajuda é bem vinda" no atual "momento de escassez" do policiamento no Rio, mas destacou que ela não resolverá a questão da segurança pública no estado. "É preciso um programa nacional e revisão de política criminal e que as leis sejam mais duras, antes de pensar em ajuda federal na área de segurança pública".

Ação da PM com 45 presos no Rio

Oito ônibus e dois caminhões foram incendiados por criminosos, após uma megaoperação da Polícia Militar para acabar com a guerra entre traficantes na Cidade Alta, comunidade em Cordovil, na Zona Norte.

A represália de criminosos contra a prisão de pelo menos 45 suspeitos causou um caos no trânsito da cidade, já que os veículos queimados estavam em vias expressas, usadas por motoristas para trafegar em direção ao Centro do Rio, em horário de grande movimento. A cidade entrou em estágio de atenção às 10h50, segundo o Centro de Operações.

Devido aos ataques, motoristas tentaram voltar na contramão e passageiros de outros coletivos que passavam na região ficaram em pânico. O congestionamento na cidade, por volta das 11h, atingiu 66 quilômetros — equivalente a uma viagem entre o Rio e Maricá.

Mais de 30 fuzis apreendidos

De acordo com a PM, a Cidade Alta foi alvo de uma invasão por traficantes de comunidades rivais. Moradores relataram intenso tiroteio durante toda a madrugada. Logo cedo, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Ações com Cães (BAC) e dos batalhões de Olaria (16º) e Maré (22º) fizeram cerco aos criminosos em uma megaoperação.

Até 14h40, 40 pessoas tinham sido presas e 32 fuzis e 10 granadas, além de outras armas, haviam sido apreendidos durante a ação na Cidade Alta. Três PMs ficaram feridos por estilhaços.

Fonte: G1
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