O Diário Oficial da União
de ontem trouxe o decreto de
exoneração “a pedido” do deputado
federal Marcelo Castro
(PMDB) do Ministério da
Saúde. Após a confirmação do
ato, Castro concedeu uma entrevista
à rádio Jockey Fm na
qual justificou sua saída do cargo.
Segundo o peemedebista, o
pedido de exoneração foi para
evitar ficar “desprotegido” no
Governo, já que somente ele e
a ministra da Agricultura, Kátia
Abreu, permaneciam no Governo
após a decisão do PMDB
do rompimento com Dilma.
Marcelo Castro lembrou
que, mesmo com a decisão do
PMDB em deixar os cargos
no Governo, ele permanecia.
“Por dever de lealdade e questão
moral permaneci no Governo,
até por acreditar que a
presidente Dilma não cometeu
crime de responsabilidade. Ela
não roubou, não tem contas
no exterior. Cumpri meu dever
moral com a presidente Dilma”,
avalia ele, destacando que a
presidente não está mais precisando
dele. “Se ela tivesse, iria
com ela em qualquer hipótese”,
garantiu.
O peemedebista disse que a
decisão de sair do Governo veio
após uma conversa com o líder
do PMDB, Leonardo Picciani
(RJ), que foi o responsável pela
indicação de Castro ao Ministério.
“Ele me disse que eu estava
ficando sozinho. Só eu e a
Kátia, com a observação de que
a Kátia é recém filiada e eu sou
fundador do PMDB. Pertenço
ao partido há 36 anos, estou
no 8º mandato pelo PMDB”,
pontuou. Ainda na conversa,
Picciani teria revelado à Castro
que estava desconfortável por
conta da resistência de ambos
a deixarem o Governo, mesmo
com a determinação partidária.
“Ponderei suas colocações e
conversei com o Ministro Jaques
Wagner que concordou e
também conversou com a presidente
Dilma sobre o assunto
e ela entendeu as colocações”,
diz ele.
O deputado ressaltou que
não quis constranger Picciani.
“Não quis trazer constrangimentos
ao Picciani e nem parecer
que eu estava com uma
postura desafiadora com o
partido”, justificou. Mostrando
descrença em relação à permanência
de Dilma no Governo,
por conta do andamento do
processo no Senado, Castro
destacou que seria “questão de
dias” a sua saída do Governo.
“Ocorrerá a admissibilidade do
impeachment, a não ser quer
aconteça um fato extraordinário.
Se eu não saísse agora, sairia
dia 11. Seria questão de dias,
então sai logo”, admite.
Segundo o parlamentar, após
os sete meses que permaneceu
a frente do Ministério, o resultado
é positivo e a sensação é
de “dever cumprido”. “Montamos
uma equipe como nunca
foi montada. Nosso reconhecimento
é internacional. Enfrentamos
a microcefalia, a zika e
isso foi reconhecido. Ajudei o
Piauí naquilo que foi possível.
Quando assumi, o Governo do
Estado recebi R$ 114 milhões
de teto para as ações de média e
alta complexidade e eu aumentei
mais R$ 92 milhões”, contabiliza.
Questionado sobre o relacionamento
com o vice-presidente
Michel Temer, Castro garante
que não há constrangimentos
e que há respeito mutuo. “O
Michel é nosso presidente e
eu respeito muito. Ele convive
comigo há muitos anos e tem
respeito por mim também. Ele
sabe que eu fiz o que qualquer
pessoa digna e honrada deveria
fazer. Ele tem respeito pela posição
que assumi”, frisou, garantindo
que não há pretensões de
sair do PMDB. “Não envergonhei
meu partido”, argumenta.
Marcelo Castro garantiu
ainda que, mesmo com o afastamento
do Ministério, não
abandonará a presidente Dilma.
“Nunca vivarei as costas
para ela. Aprendi a admirá-la e
a respeitá-la nessa convivência”,
finalizou.