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Jovem que desapareceu pode ter saído do estado, diz polícia

Secretário adjunto de Polícia Civil diz que videomonitoramento é uma das ferramentas usadas na investigação. Bruno Borges, de 24 anos, desapareceu no dia 27 de março.

08/04/2017 14:23

Polícia Civil do Acre investiga a possibilidade do estudante de psicologia Bruno Borges, de 24 anos, desaparecido desde o dia 27 de março, ter saído do estado. O secretário adjunto de polícia, Josemar Portes, não confirma se o jovem chegou a passar pelo aeroporto ou rodoviária de Rio Branco, mas quando questionado se a polícia tem indícios que levaram a essa conclusão o secretário é categórico: “pode ter, mas não vamos divulgar”.

Portes afirma que todas as linhas de investigação ainda são mantidas abertas. Porém, a que tem sido preponderante até o momento é que o sumiço de Bruno se deu por "ato voluntário, sem nenhuma espécie de coação ou constrangimento".

"O que posso afirmar é que algumas [linhas] se demonstraram mais viáveis que outras. Ainda não eliminamos a possibilidade de ter havido crime, muito embora ela esteja cada dia mais afastada. Alguns detalhes não estamos divulgando, mas temos métodos e o acesso a videomonitoramento [de aeroporto e rodoviária] é um deles. É uma possibilidade ele ter saído do estado, mas não é comprovada", complementa.


Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

O caso tem chamado a atenção devido às mudanças feitas pelo acreano no quarto da casa onde mora, na capital acreana. No local, ele deixou uma estátua do filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600), por quem tem grande admiração, comprada por R$ 7 mil, e 14 livros escritos à mão e criptografados. Alguns deles copiados nas paredes, chão e teto do cômodo.

Segundo o secretário, a maioria das pessoas que fazem parte do convívio de Bruno já foi ouvida - algumas prestaram informações mais de uma vez. Portes, no entanto, não divulgou quantos depoimentos sobre o desaparecimento foram colhidos pela polícia.

"Sua rede de convivência não é tão grande. Familiares e parentes próximos, todos foram ouvidos e alguns mais de uma vez. Temos que desvendar, localizá-lo para confirmar que ele está bem, torcemos para que tudo seja decorrente de um ato de vontade própria", acrescenta.

Portes salienta que os escritos ainda não são usados na tentativa de elucidar o sumiço de Bruno. "Do ponto de vista da polícia, é um dado a mais na investigação. Nosso foco principal é que ele se afastou do convívio familiar e temos que verificar se foi realmente um ato voluntário ou se movido por outra força externa qualquer", ressalta.

Estátua

O artista plástico Jorge Rivasplata, de 83 anos, autor da escultura no quarto, afirmou ao G1 que acredita que Bruno seja a reencarnação do filósofo - queimado durante a inquisição - e que tenha completado a obra dele. A estátua de mais de dois metros foi entregue no dia 16 e finalizada no cômodo.


Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

"A maioria não entende, mas eu o conheço há muito tempo. Dá para acreditar que foi reencarnado Giordano Bruno nele. Não posso contar mais, a única coisa que posso dizer é que já terminou os livros que ele [Giordano] deixou inconclusos. Queria falar ao seu pai e mãe que não se preocupem, ele está bem e vem apresentar ao mundo esse projeto lindo, fantástico", disse o escultor - que negou saber o paradeiro do jovem.

Desaparecimento

A última vez que os parentes viram Bruno foi durante um almoço no dia 27 de março. O jovem voltou para casa e todos - mãe, pai e os dois irmãos - seguiram o dia de trabalho. Mais tarde, o pai dele, o empresário Athos Borges, retornou à residência e percebeu que o filho não estava.

As modificações no quarto, conforme a mãe, a psicóloga Denise Borges, foram feitas durante pouco mais de 20 dias, período em que ela e o marido estavam viajando de férias. Bruno ficou em casa com o irmão gêmeo Rodrigo Borges e Gabriela, irmã mais velha. Durante todo o tempo, a porta do quarto permaneceu trancada.


Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Denise comentou que o filho havia falado, há bastante tempo, a respeito de um projeto em que trabalhava e para o qual precisaria de dinheiro. Em resposta, ela falou que patrocinaria se soubesse do que se tratava, pedido que foi rejeitado. A mãe disse que Bruno começou a produção em 2013 e, há um ano, passou a se dedicar na finalização.

"Ele dizia que era secreto e não dei o dinheiro. Então, começou a procurar pessoas que acreditassem nele sem contar o que era o projeto. Só me falava que estava escrevendo 14 livros que iriam mudar a humanidade de uma forma boa. Ele me pediu um ano sem trabalhar para terminar e eu, orientada por um médico, deixei", falou.

O dinheiro para custear o trabalho, R$ 20 mil, Bruno conseguiu com um primo, o médico oftalmologista Eduardo Veloso. A quantia foi transferida para a conta do jovem, mesmo sem saber dos detalhes.

"Na nossa primeira conversa, li umas 15 páginas do livro e, como gostei, falei que ajudaria. Percebi que ele tinha umas ideias que batiam, apesar de não me falar o que era o projeto em si, só me falou que era uma coisa inédita no mundo, que ninguém tinha feito isso e que ia ficar conhecido rapidamente", ressaltou.

Fonte: G1
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