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Integrantes de movimento social invadem fazenda em Duartina

Essa é a quarta vez que a fazenda é invadida por movimentos sociais em um ano. Terras pertencem à empresa Argeplan, que tem como sócios o Coronel Lima, ex-assessor e amigo pessoal do presidente Michel Temer.

22/05/2017 13:35

Cerca de 150 integrantes do Movimento Social Sem Limites, que faz parte da União Nacional Camponesa, invadiram a Fazenda Esmeralda entre Duartina e Lucianópolis (SP) na madrugada desta segunda-feira (22). Essa é a quarta vez que a fazenda é invadida por movimentos sociais que reivindicam a reforma agrária no período de um ano. As terras pertencem a empresa Argeplan, de arquitetura e engenharia, que tem como um dos sócios João Batista Lima Filho, conhecido como Coronel Lima, que já foi assessor do presidente Michel Temer, de quem é amigo pessoal. Lima já foi citado nas delações da JBS, segundo a reportagem do Jornal Nacional.

De acordo com a organização do movimento, a invasão é um protesto por conta das recentes delações e também a favor da renúncia do presidente. Manifestantes afirmam que a fazenda pertenceria ao presidente. Nas outras invasões, integrantes da Frente Nacional de Luta, que ocuparam as terras em maio e agosto do ano passado, e do MST, que invadiram o local também em maio de 2016, também afirmaram que as terras seriam do presidente. Na época, a assessoria de Temer, que ainda era presidente em exercício, negou a informação.


Manifestantes colocaram faixas contra corrupção na entrada da fazenda em Duartina (Foto: Movimento Social Sem Limites / Divulgação)

A assessoria da Argeplan também se manifestou na época e disse, em nota, que que as terras foram adquiridas de forma regular em 1986. A nota ressalta ainda que a fazenda é produtiva. “As propriedades rurais em questão foram adquiridas de maneira regular, a partir de 1986, sendo produtivas. Todas as áreas de propriedade da Argeplan e do Sr. João Baptista lima filho são absolutamente regulares, assim como são as atividades produtivas nelas desenvolvidas, respeitando o meio ambiente e as relações de trabalho, observando absolutamente a legislação”, diz o trecho da nota enviada em maio do ano passado após invasão do MST.

O G1 e a TV TEM entraram em contato novamente com a assessoria de imprensa da Argeplan e da presidência sobre essa nova invasão, mas ainda não tiveram retorno.

Em maio de 2016, cerca de mil integrantes do Movimento Sem-Terra (MST) ocuparam a fazenda por quase uma semana, entre os dias 9 e 15. Na época, o MST, o objetivo da ocupação era "denunciar as conspirações golpistas de Temer, muitas vezes articuladas de dentro da propriedade".

A fazenda tem cerca de 1,5 mil hectares e fica entre os municípios de Duartina, Fernão, Gália e Lucianópolis. Ainda de acordo com o MST, os manifestantes denunciavam também o cultivo de eucalipto na propriedade e as condições de trabalho que seriam análogas à escravidão.

Segundo o MST, com a ação, o grupo também queria colocar em pauta a reforma agrária em todo país. O Incra informou que inexiste o processo administrativo de desapropriação ou fiscalização cadastral tendo como objeto imóvel denominado Fazenda Esmeralda, localizado no município de Duartina.

O MPT de Bauru não confirmou a denúncia de trabalho escravo. Eles informaram que não foi feita fiscalização em Duartina em fazenda com plantação de eucalipto. Também não consta nada com o nome de Fazenda Esmeralda ou da empresa Argeplan.

Os integrantes desocuparam a fazenda pacificamente no dia 15 de maio. O pedido de reintegração seria executado no dia seguinte. A assessoria de imprensa do MST informou que as mil famílias que ocupavam a fazenda retornaram para suas regiões de origem depois de um acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Eles também disseram que não foram notificados da reintegração de posse.

Assim que o grupo deixou a propriedade, os funcionários da Fazenda começaram a levantar os prejuízos. Pichações foram encontradas dentro e fora da casa sede. Alguns veículos foram danificados, como um trator e um caminhão em que os invasores tentaram fazer uma ligação direta. Câmeras de segurança de um barracão foram arrancadas.


Integrantes do movimento chegaram a queimar pneus durante a ocupação (Foto: Movimento Social Sem Limites / Divulgação)

As pichações estão espalhadas pela fazenda. As portas do escritório foram danificadas ao serem arrombadas. Segundo a polícia, cabeças de gado foram mortas e furtadas. O MST informou por nota que não houve nenhum tipo de depredação ou dano cometido na área. Um inquérito foi aberto para apurar o caso.

Menos de 10 dias depois dos integrantes do MST deixarem a fazenda, cerca de 900 pessoas da Frente Nacional de Lutas ocuparam as terras. A invasão começou no dia 23 de maio e dois dias depois, os integrantes da FNL deixaram a fazenda, após a Justiça conceder a reintegração de posse aos proprietários.

A fazenda foi invadida novamente em 22 de agosto pelos integrantes da FNL. Cerca de 320 pessoas, segundo a FNL, invadiram o local com o objetivo de pressionar o Incra em relação a outras terras, que já estariam em processos de liberação para reforma agrária na região de Bauru. A Polícia Militar acompanhou a invasão e nenhuma ocorrência foi registrada. A PM contabilizou 250 pessoas na fazenda, que teriam chego em 23 carros e dois ônibus. Eles deixaram o local dois dias depois, quando saiu a reintegração de posse.

Na época, o Incra informou que por causa das outras ocupações na Fazenda Esmeralda, o órgão está impedido de vistoriar, avaliar ou desapropriar este imóvel pelo período de dois anos a partir da data de sua desocupação.

Fonte: G1
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