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Incêndio no Museu Nacional é a maior tragédia museológica do país

"œÉ a maior tragédia museológica do país. Uma perda incalculável para o nosso patrimônio científico, histórico e cultural.", disse a UFRJ.

03/09/2018 13:49

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pelo Museu Nacional no Rio, lamentou em nota o incêndio que começou na noite desse domingo (2) e destruiu o prédio histórico. “É a maior tragédia museológica do país. Uma perda incalculável para o nosso patrimônio científico, histórico e cultural.”

Incêndio no Museu Nacional é a maior tragédia museológica do país. (Foto: Agência Brasil/Tânia Rêgo)

No texto, a UFRJ se solidariza, em nome do Instituto Brasileiro de Museus, com servidores e pesquisadores do Museu Nacional, no que considera um triste registro da história.

“Tamanha perplexidade que toma a todos, nos defronta com o maior desafio dos museus: consolidar e implementar uma política pública que garanta, de forma efetiva, a manutenção e conservação de edifícios e acervos do patrimônio cultural brasileiro”, destaca a nota.

Incêndio no Museu Nacional é a maior tragédia museológica do país. (Foto: Agência Brasil/Tânia Rêgo)

O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, informou que terá hoje (3) uma reunião com o ministro da Educação, Rossieli Soares, e cobrará do governo federal empenho para reconstruir o prédio e o acervo da instituição, que, segundo o próprio Museu Nacional, tem a maior coleção da América Latina. “Para o país, é uma perda imensa. Aqui temos a nossa memória. Grande parte do processo de constituição da história moderna do Brasil passa pelo Museu Nacional. Este incêndio sangra o coração do país."

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O Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, como é conhecido, fica instalado no bairro imperial de São Cristovão, zona norte da cidade, e reúne mais de 20 milhões de itens, divididos em coleções de paleontologia, zoologia, botânica, antropologia, arqueologia, entre outras. O lugar já foi residência oficial da família imperial brasileira. Dom João VI inaugurou em 1818 o museu com o nome de Museu Real, que funcionou primeiramente no Campo de Santana, no centro do Rio.

O diretor de Preservação do Museu Nacional do Rio de Janeiro, João Carlos Nara, afirmou à Agência Brasil que o incêndio causa um “dano irreparável” ao acervo e à pesquisa nacional, mas ainda não é possível saber o que foi destruído.

Conheça alguns itens:

- Um dos mais importantes itens era um fóssil humano, achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974. Batizado de Luzia, fazia parte da coleção de antropologia. Trata-se do fóssil de uma mulher que morreu entre 20 e 25 anos e seria a habitante mais atinga das Américas.

O fóssil de Luzia foi encontrado em achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974. (Foto: Reprodução)

- Outra preciosidade era o maior meteorito já encontrado no Brasil, chamado de Bendegó e pesa 5,36 toneladas. A pedra é de uma região do sistema solar entre os planetas Marte e Júpiter e tem mais de 4 bilhões de anos. O meteorito foi achado em 1784, no sertão da Bahia, na localidade de Monte Santo. Quando foi encontrado era o segundo maior do mundo. A pedra integra a coleção do Museu Nacional desde 1888.

O meteorito foi uma das poucas peças do Museu que sobreviveu às chamas. (Foto: Reprodução)

- Dom Pedro arrematou em 1826 a maior coleção de múmias egípcias da América Latina. São múmias de adultos, crianças e também de animais, como gatos e crocodilos. A maioria das peças veio da região de Tebas.

Esquife da dama Sha-Amun-en-su. Egito, Época Baixa, c. 750 a.C. (Foto: Reprodução)

História

Fundado por Dom João VI em 6 de junho de 1818 sob a denominação de Museu Real, o museu foi inicialmente instalado no Campo de Santana, reunindo o acervo legado da antiga Casa de História Natural, popularmente chamada "Casa dos Pássaros", criada em 1784 pelo Vice-Rei Dom Luís de Vasconcelos e Sousa, além de outras coleções de mineralogia e zoologia.

Museu Nacional. (Foto: Alexandre Macieira/ Riotur)

A criação do museu visava a atender aos interesses de promoção do progresso sócio-econômico do país através da difusão da educação, da cultura e da ciência. Ainda no século XIX, notabilizou-se como o mais importante museu do seu gênero na América do Sul. Foi incorporado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1946.

O Museu Nacional abrigava um vasto acervo com mais de 20 milhões de itens, englobando alguns dos mais relevantes registros da história brasileira no campo das ciências naturais e antropológicas, bem como amplos e diversificados conjuntos de itens provenientes de diversas regiões do planeta, ou produzidos por povos e civilizações antigas.

Formado ao longo de mais de dois séculos por meio de coletas, escavações, permutas, aquisições e doações, o acervo é subdividido em diversas coleções. É a principal base para as pesquisas desenvolvidas m todas as regiões do país e em outras partes do mundo, incluindo o continente antártico. Possui uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil, com mais de 470.000 volumes e 2.400 obras raras.

No campo da educação, o museu oferece cursos de extensão, especialização e pós-graduação em diversas áreas do conhecimento, além de exposições temporárias e atividades educacionais. Administra o Horto Botânico, ao lado do Palácio de São Cristóvão, além do campus avançado na cidade de Santa Teresa, no Espírito Santo — a Estação Biológica de Santa Lúcia, mantida em conjunto com o Museu de Biologia Professor Mello Leitão. Um terceiro espaço no município de Saquarema é utilizado como centro de apoio às pesquisas de campo.

Fonte: Agência Brasil
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