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Fiocruz comprova relação entre o vírus zika e a Síndrome Guillian-Barré

Vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypt.

25/11/2015 15:34

A Fiocruz de Pernambuco comprovou em pacientes brasileiros a relação entre zika vírus e a Síndrome Guillian-Barré (SGB). A doença neurológica, de origem autoimune, provoca fraqueza muscular generalizada e, em casos mais graves, pode até paralisar a musculatura respiratória, impedindo o paciente de respirar.
O achado aumenta o sinal de alerta em torno da infecção pelo zika, já que ele também é apontado como principal causa da epidemia de microcefalia identificada no país. O vírus, que chegou no Brasil este ano, está presente em 18 Estados, incluindo São Paulo e Rio.
Fiocruz comprova relação entre zika e doença rara Ivo Gonçalves/PMPA/Divulgação

Combate ao vírus começa exterminando focos do mosquito Aedes aegypt (Foto: Ivo Gonçalves/PMPA / Divulgação)

— A ligação da síndrome com o vírus é inequívoca — avaliou o pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e responsável pela identificação da chegada do zika vírus no Brasil, Kleber Luz. Questionado, o Ministério da Saúde disse que o assunto está sob investigação.

Os resultados foram obtidos em trabalho feito pela pesquisadora Lúcia Brito, chefe do serviço de neurologia do Hospital da Restauração, de Pernambuco. A análise identificou a presença do zika no líquido espinal e no sangue de sete pacientes que apresentaram a SGB. As suspeitas sobre a relação entre a infecção pelo zika e a síndrome surgiram na Polinésia, quando pesquisadores identificaram um aumento do número de SGB logo depois de uma epidemia da doença.
— A infecção pelo zika, por si só, pode ser branda. Mas ela tem potencial de provocar sérios problemas, tanto para fetos quanto para adultos — avaliou o pesquisador da Fiocruz e coordenador da análise que comprovou a presença do zika nos pacientes com SGB de Pernambuco, Carlos Brito.

O número de casos de SGB cresceu de forma expressiva no Nordeste do país entre abril e junho, pouco depois que os Estados apresentaram a epidemia de zika. No Rio Grande do Norte, foram 24 casos de SGB - quatro vezes mais do que a média histórica. Em Pernambuco, foram encontrados 130 casos, também um aumento expressivo diante dos indicadores tradicionais. A notificação aumentou ainda no Maranhão e Paraíba, com 14 e seis casos, respectivamente.
Especialistas discutem agora com governo estratégias para tentar acompanhar o impacto da zika e as relações com SGB. Entre as propostas está criar um grupo para identificar, o mais rapidamente possível, primeiros sinais da SGB e encaminhar pacientes para tratamento. A ideia é também organizar um comitê de estudo para avaliar qual a evolução da SGB.

A síndrome Guilliam-Barré afeta em média uma pessoa a cada cem mil habitantes. A reação geralmente ocorre depois de uma infecção provocada por bactéria ou vírus. Em alguns casos, terminada a infecção, o sistema autoimune do paciente sofre uma "pane" e identifica células do organismo como invasora e passa a atacá-las.
O ataque das células de defesa provoca um processo inflamatório e a destruição da bainha de mielina, uma espécie de capa que recobre os nervos periféricos. O resultado é o bloqueio da passagem dos estímulos nos nervos, levando à paralisia.

Um dos primeiros sinais da SGB é a fraqueza muscular, geralmente nas pernas. O processo pode evoluir, atingindo tronco e membros superiores. O maior risco é de a paralisia afetar também músculos respiratórios. A mortalidade da doença é considerada baixa. Uma parcela pequena de pacientes de SGB pode ficar com sequelas. Brito afirma que a maioria dos casos, a recuperação ocorre de forma tranquila.

— É um processo longo, que pode levar até 90 dias. Muitos pacientes ficam internados — contou.

Assim como a dengue e a chikungunya, o zika vírus também é transmitido pelo mosquito Aedes aegypt.

Fonte: Estadão
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