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Desastre com barragem em Mariana será lembrado por escola em BH

Rompimento de Fundão fez Estrela do Vale alterar final do desfile. Alegorias também vão destacar patrimônio histórico.

09/02/2016 09:15

O desastre que devastou comunidades e causou mortes em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, será lembrado pela escola de samba Estrela do Vale, no carnaval de Belo Horizonte. “Não deixe nossa história acabar num rio de lama”, assim clama a agremiação, em solidariedade às vítimas do maior desastre ambiental do Brasil. A agremiação desfila na noite desta segunda-feira (9), em Belo Horizonte, quando todas as escolas se apresentam na avenida.

A Estrela do Vale foi criada em 2009 e tem raízes na região do Barreiro. Em busca do primeiro título, ela vai levar cerca de 400 pessoas para a avenida. “A grande maioria da comunidade”, ressalta a presidente e fundadora Madalena Bavose, valorizando a participação de moradores do bairro Santa Cecília e arredores.


Há dois carnavais, Elvis Henrreques faz as esculturas da Estrela do Vale (Foto: Flávia Cristini/G1)

O apoio aos atingidos pela barragem de Fundão, da Samarco – cujas donas são a Vale e anglo-australiana BHP – vai vir no último carro da escola, empurrado por dois integrantes. Em volta, atores vão encenar “os monstros que causaram esta tragédia”, conta a carnavalesca. “O desastre mudou o fechamento do desfile, como se fosse a barragem estourando”, explica. Segundo Madalena, no início do ano passado, ficou decidido que o samba-enredo seria inspirado no patrimônio histórico e nas riquezas de Mariana.

A imagem de um veículo sobre uma casa representa a fragilidade do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, diante dos mais de 35 milhões de metros cúbicos de rejeitos que vazaram da barragem. Uma enxurrada de lama que mudou a história de muita gente. “Porque foi a cena que ficou na memória de todo mundo. Chegar ao ponto de um carro ficar pendurado numa casa”, diz Madalena.


06/11/15 - Um carro é visto sobre os destroços de uma casa em meio à lama, em Bento Rodrigues (Foto: Christophe Simon/AFP)

Muita tinta e maquiagem vão dar o tom da tragédia, que tem a cor da lama, revela o escultor e artista-plástico Elvis Henrreques. A poucos dias do desfile, ainda havia muito trabalho no galpão da escola, como a finalização do carro em memória ao desastre de Mariana.

“Eu só sei que até o carnaval tem que ficar pronto”, brinca o escultor. Foram dois dias para montar a base de isopor e dar forma ao veículo suspenso no que sobrou de uma casa. “É um sentimento de apoio às vítimas”, define sobre o processo de criação da peça. Há dois carnavais, Henrreques esculpe cada detalhe das peças que ornamentam a Estrela do Vale.


Réplica em finalização reproduz carro sobre destroços de uma casa no distrito de Bento Rodrigues (Foto: Flávia Cristini/G1)

Madalena é estilista de moda festa e, junto com a família, trabalha para pagar os gastos com o carnaval. Segundo ela, a escola recebeu R$ 50 mil do município, mas o valor representa menos da metade dos gastos até agora. A fundadora diz que a escola não cobra dos participantes e dá oportunidade para que pessoas simples participem da festa.

Nesta sexta-feira (5), a porta-bandeira Jadde da Silva, o mestre-sala Jorge de Oliveira e o artista-plástico Vander Nogueira também trabalhavam a todo vapor no galpão da escola. “Vou ser um elemento surpresa do primeiro carro”, conta Nogueira. Neste, a igreja matriz vai resgatar a religiosidade da histórica Mariana.

A Estrela do Vale desfila à meia-noite da terça-feira (9), na Avenida Afonso Pena, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Na mesma noite, passam pelo “sambódromo” as escolas Bem-te-vi, Força Real, Cidade Jardim, Imperavi de Ouro, Acadêmicos de Venda Nova e Canto da Alvorada.

Fonte: G1
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