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Cemitério São João Batista é o 1º da América Latina a ter mapa virtual

Imagens podem ser vistas no Google Street View. Local abriga túmulos de celebridades e políticos famosos.

08/10/2015 08:56

Imagem do Google do corredor de entrada do Cemitério São João Batista (Foto: Reprodução/ Google Street View)

Imagem do Google do corredor de entrada do São João Batista (Foto: Reprodução/ Google Street View)

O Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, é o primeiro da América Latina a ser mapeado pelo Google Street View. A plataforma permite aos visitantes caminhar virtualmente entre os jazigos. O objetivo do projeto é revelar, na internet, detalhes sobre o território de mais de 183 mil metros quadrados, que reúne curiosidades como túmulos de artistas e políticos e uma imensa coleção de arte sob a forma de esculturas, mosaicos e vitrais que decoram os jazigos.

Para Lourival Panhozzi, diretor do núcleo de cemitérios da Rio Pax, concessionária que administra o São João Batista, o local passa por um processo de renovação no qual o tradicional se une à modernidade. “O Google nos procurou e pediu a nossa autorização para o mapeamento”, afirmou o diretor.

Todo o mapeamento do território do cemitério levou dois dias. O equipamento usado para circular entre as vielas é chamado de Trekker, parecido com o usado para mapear as ruas de carro, mas de forma compacta, acoplado a uma mochila. A área foi toda percorrida a pé.

Para o historiador Milton Teixeira, que realiza visitas guiadas ao São João Batista, as imagens do cemitério expostas para quem quiser acessar são um meio de fazer com que o local seja visto de maneira mais natural por todos.

“Esse mapeamento vai permitir que o cemitério seja desmistificado como local de morte e afastamento, e se torne um local de encontro e arte. O acervo histórico de lá é único no Brasil. São mais de 30 obras de Bernardelli, Humberto Cozzo e de outros mais que são desconhecidos dos historiadores da arte. Ao mesmo tempo, permite que encontremos personalidades da história do Brasil que não sabíamos que estavam enterradas ali”, afirmou Teixeira.

O equipamento usado para circular entre as vielas é chamado de Trekker e funciona acoplado em uma mochila. Na imagem, ele mapeia a área do túmulo de Tom Jobim (Foto: Divulgação/ Google)

O equipamento usado para circular entre as vielas é chamado de Trekker e funciona acoplado em uma mochila. Na imagem, ele mapeia a área do túmulo de Tom Jobim (Foto: Divulgação/ Google)

Saneamento do Rio
O Cemitério São João Batista foi inaugurado em 1852 por D. Pedro II. O objetivo era melhorar as condições de salubridade do Rio de Janeiro, após um surto de febre amarela em 1849. No ano seguinte, o enterro foi proibido nas igrejas da cidade, por facilitar a proliferação de doenças.

Antes de se tornar um cemitério, a área do São João Batista era uma chácara, que foi comprada pelo governo imperial com a venda de títulos de nobreza. A inauguração foi marcada por uma polêmica à la O Bem Amado: nenhuma família queria inaugurar o cemitério. Coube a uma filha de escravos, Rosaura, que faleceu aos quatro anos de idade, ser a primeira pessoa a ser sepultada no local. Desde então, mais de 65 mil pessoas foram enterradas no local até os dias atuais.

O Cemitério São João Batista abriga diversos túmulos de celebridades, como o da cantora Carmen Miranda, adornado por uma imagem de Santo Antônio, santo de devoção da artista. O do cantor e compositor Cazuza, que leva o epitáfio “O tempo não para”, de uma de suas mais famosas canções. Outro que cita a própria obra é o túmulo de Tom Jobim, que conta com “Longa é a arte, tão breve a vida”, da canção Querida.

O túmulo do inventor Santos Dumont, que conta com uma estátua de Ícaro, homem que usava asas e que representa o sonho de voar; o de Luís Carlos Prestes, que  tem um enorme trevo de quatro folhas que faz alusão ao apelido de “Cavaleiro da Esperança”.

O local também guarda os restos mortais de sete ex-presidentes: Artur Bernardes, Artur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Eurico Gaspar Dutra, Floriano Peixoto, Nilo Peçanha e José Linhares.

Outro ponto que chama a atenção no imenso terreno do cemitério é o mausoléu da Academia Brasileira de Letras, que abriga os restos mortais de escritores como Machado de Assis e Guimarães Rosa.

Uma lista de túmulos considerados originais pelos pesquisadores do Google mostra uma série de exemplos de esculturas que chamam a atenção no acervo. Entre elas está a de um cachorro, símbolo de fidelidade, que adorna o túmulo da família Portella. Outro jazigo mostra uma família do século XIX com pai e mãe, sentados, e o filho, olhando para o casal.

Escultura retrata família em um dos túmulos do Cemitério São João Batista, no Rio (Foto: Reprodução/ Google Street View)

Escultura retrata família em um dos túmulos do Cemitério São João Batista, no Rio (Foto: Reprodução/ Google Street View)

Túmulo com imagem de cachorro no Cemitério São João Batista, na Zona Sul do Rio (Foto: Reprodução/ Google Street View)

Túmulo com imagem de cachorro no Cemitério São João Batista, na Zona Sul do Rio (Foto: Reprodução/ Google Street View)

Túmulo da cantora Carmen Miranda, com uma imagem de Santo Antônio, e do Capitão Aviador Ney Antão Mariense Soares, com uma escultura do próprio e de um avião (Foto: Reprodução/ Google Street View)

Túmulo da cantora Carmen Miranda, com uma imagem de Santo Antônio, e do Capitão Aviador Ney Antão Mariense Soares, com uma escultura do próprio e de um avião (Foto: Reprodução/ Google Street View)

Google mapeou o terreno de mais de 183 mil metros quadrados do Cemitério São João Batista (Foto: Divulgação/ Google)

Google mapeou o terreno de mais de 183 mil metros quadrados do Cemitério São João Batista (Foto: Divulgação/ Google)

Fonte: G1
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