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Caixa 2 é ilegal, mas diferente de lavagem de dinheiro, diz Cardozo

Ex-ministro prestou depoimento à Justiça Federal como testemunha de defesa de Palocci na Lava Jato.

13/03/2017 14:14

O ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse na manhã desta segunda-feira (13) que caixa 2, corrupção e lavagem de dinheiro são "coisas diferentes". O ex-ministro prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro como testemunha de defesa de Antonio Palocci. A audiência foi feita na Justiça Federal de São Paulo e transmitida a Curitiba, onde estão processos da Lava Jato, por meio de videoconferência.

Palocci está preso desde setembro de 2016, quando foi deflagrada a 35ª fase da Lava Jato. Ele é acusado de ter recebido propina do grupo Odebrecht, em troca de ajuda para que a empresa firmasse um contrato com a Petrobras. Segundo investigadores, parte do dinheiro foi destinada ao PT, que recebeu na forma de doações eleitorais, entre outras.

"A caixa 2 inclusive, vale dizer, daquilo que vejo, é uma prática recorrente e nem sempre ela agasalha a corrupção. Às vezes, ela é uma questão em que ela é desenvolvida de maneira de que o empresário doa esse dinheiro e você processa na caixa 2, muitas vezes em algumas campanhas sem que efetivamente saiba a origem. Então há situações distintas, a corrupção tem uma característica, a caixa 2 tem outra. Às vezes, a caixa 2 é utilizada sim pra receber recursos de corrupção, mas às vezes não", disse Cardozo.


Foto: Lula Marques/ AGPT

"Veja, tudo é ilegal. Mas é importante precisar qual é a ilegalidade que se coloca. Caixa 2 é ilegal, é, é recriminável, é, eticamente reprovável, é, mas não se confunde necessariamente com corrupção ou lavagem de dinheiro. Pode se confundir, pode. É frequente até que isso ocorra, sim. Pelo menos, é isso que se sabe ao longo da história brasileira. Agora, que são coisas diferentes, sem sombra de dúvidas são", completou.

O depoimento durou cerca de 20 minutos. Segundo Cardozo, a defesa de Palocci fez perguntas sobre como se processavam as arrecadações das campanhas de 2010 e 2014. "Eu disse que, infelizmente, a questão da caixa 2 no Brasil são históricas, estruturais."

Sobre 2014, ele disse que não participou da coordenação da campanha, mas que tinha ciência de uma "orientação clara da presidenta Dilma Roussef". "Que era a de, na dúvida, se houvesse legalidade ou ilegalidade, jamais receber uma contribuição".

Cardozo disse ainda que o juiz Sérgio Moro fez uma pergunta ao final de seu depoimento, mas não disse qual por questões de sigilo. "Foi um depoimento bastante simples", afirmou.

Fonte: G1
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