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Ato pede força-tarefa para apurar morte de Marielle após 3 meses

Viúva diz que morte de vereadora foi crime político e que alguém poderoso deve estar envolvido no crime. Assassinatos completarão três meses na quinta (14) e ato da Anistia Internacional pede atuação estratégica.

13/06/2018 13:11

A Anistia Internacional realiza na manhã desta quarta-feira (13) um ato em frente ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) para pedir uma atuação estratégica e a criação de uma força-tarefa para esclarecer as mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Para a viúva de Marielle, Monica Benício, o crime foi político e alguém poderoso pode estar envolvido nos assassinatos.

“Fundamental que continuemos cobrando a justiça. Principalmente entendendo que vivemos num país que tem memória tão curta, às vésperas da copa do mundo. Vamos continuar lutando e cobrando respostas. Respeitamos o sigilo. O crime da Marielle foi um crime político. A gente só pode concluir que tem uma pessoa muito poderosa atrás disso.”, afirmou Monica Benício, viúva de Marielle.

Mônica Benício, viúva de Marielle, cobra respostas das autoridades três meses após o crime (Foto: Bruno Albernaz / G1)

As mortes de Marielle e Anderson completam três meses na quinta-feira (14). “A gente espera que o procurador-geral do Estado se pronuncie publicamente, reafirmando o compromisso absoluto do Ministério Público na solução desse caso e que estabeleça uma força-tarefa altamente qualificada para atuar diretamente nas investigações", afirmou Renata Neder, coordenadora de pesquisa da Anistia.

Marielle e Anderson foram executados no bairro do Estácio, na região central do Rio, no dia 14 de março. Uma outra passageira, uma assessora, foi atingida por estilhaços.

O pai de Marielle Franco, Antônio Francisco, de 67 anos, destacou que a morte de alguém como sua filha, ativista dos direitos humanos, precisa de resposta.

“Exigimos que essa resposta seja dada. Foram 30 dias passados e não tivemos respostas, 60 dias passados, não tivemos resposta, agora estamos com 90 dias, que serão completados amanhã e ainda não temos a resposta. O mundo todo quer essa resposta. Quem mandou matar a minha filha? Quem que matou?”.

De acordo com a Anistia, é necessário que o Ministério Público atue como controle externo da atividade policial para evitar possíveis negligências ou falhas da polícia.

"A gente entende que as investigações estejam sob sigilo, no entanto, as autoridades não podem ficar em silêncio. O silêncio das autoridades é preocupante. A gente precisa exigir e manter pressão sobre a Secretaria de Segurança Pública e o Ministério Público para que eles se pronunciem, reafirmando continuamente o seu compromisso com uma solução correta e adequada desse caso”, garantiu Renata.

Desde 10h, ativistas da Anistia seguram cartazes, em frente ao órgão, onde lembram que o caso ainda não teve solução.

No fim da manhã, o procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, recebeu a família, a viúva e representantes da Anistia Internadional.

Na manhã desta quarta, o ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que há indícios que o mandante do crime tenha ligação com a milícia. "Temos que ter um pouco mais de paciência. Temos total interesse que esse caso seja elucidado. Eu acredito que eles estão num caminho de encontrar as provas, há um indicio muuto forte de que mandante e executor tem relação com as milícias", disse o ministro.

Em entrevista à CBN, ele destacou que o tempo para solucionar as mortes da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes é semelhante ao de outros casos de grande repercussão, como o desaparecimento do pedreiro Amarildo, na Rocinha, em 2013, e da juíza Patrícia Acioli, morta em Niterói, em 2011.

“A outra coisa é a construção das provas, lembrando que em casos que como o da juíza Patrícia Acioli, como é o caso do Amarildo, levou-se um tempo comparável com o que hoje se tem. Mas eu acredito na equipe que está lá trabalhando”, destacou Jungmann. Nesta quinta-feira (14), as mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes completarão três meses.

A juíza Patrícia Acioli foi morta na madrugada do dia 12 de agosto de 2011, na porta de casa, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Um mês depois, no dia 12 de setembro, a Justiça decretou a prisão de três policiais militares pela morte da magistrada.

No outro caso citado por Jungmann, o pedreiro Amarildo desapareceu após ser abordado na UPP da Rocinha no dia 14 de julho de 2013. No dia 20 de julho, a PM afastou quatro agentes da UPP da Rocinha que estariam envolvidos no caso. No dia 1º de outubro, o major Edson Santos e mais nove PMs da UPP da Rocinha foram indiciados por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver.

Fonte: G1
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