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AGU recorre ao STF para não entregar vídeo de reunião do Bolsonaro com Moro

A alegação do órgão que faz a defesa judicial do Executivo é que o encontro pode ter tratado.

07/05/2020 08:55

 A demissão do ex-ministro Sergio Moro, causou um grande crise no atual governo. No momento, a discussão está relacionada a uma reunião em que o presidente Jair Bolsonaro teria ameaçado demitir o então ministro da Justiça, Sergio Moro, se não trocasse o diretor-geral da Polícia Federal. O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), publicou uma decisão que obrigava o governo a entregar a gravação da reunião, mas Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu.

A alegação do órgão que faz a defesa judicial do Executivo é que o encontro pode ter tratado "assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros".

No depoimento de Moro à Polícia Federal, no último sábado (2), ele citou a reunião como prova de que o chefe do Executivo queria interferir no trabalho da corporação.


AGU recorre ao STF para não entregar vídeo de reunião do Bolsonaro com Moro. Reprodução

O ex-juiz da Lava Jato disse aos investigadores que, no encontro, Bolsonaro também teria manifestado o desejo de trocar o superintendente da PF no Rio de Janeiro, o que se concretizou após a saída de Maurício Valeixo da chefia da Polícia Federal.

O ex-ministro acusou, ainda, o presidente de querer acesso a informações de investigações em curso e a relatórios de inteligência, o que não é permitido pela legislação.

Na última terça-feira (5), o ministro Celso de Mello, do STF, relator do inquérito que investiga as acusações de Moro, deu 72 horas para o Palácio do Planalto entregar uma cópia dos "registros audiovisuais" da reunião ocorrida em 22 de abril.

O ministro mandou oficiar com urgência o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, o chefe da Secretaria especial de Comunicação, Fabio Wajngarten, e o chefe da Assessoria Especial do presidente, Célio Júnior.

"As autoridades destinatárias de tais ofícios deverão preservar a integridade do conteúdo de referida gravação ambiental (com sinais de áudio e de vídeo), em ordem a impedir que os elementos nela contidos possam ser alterados, modificados ou, até mesmo, suprimidos, eis que mencionada gravação constitui material probatório destinado a instruir, a pedido do Senhor Procurador-Geral da República, procedimento de natureza criminal", determinou o magistrado.

No recurso de uma página, a AGU pede que Celso de Mello reconsidere a decisão com o único argumento de que a reunião pode ter sido "tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros".

A determinação do magistrado gerou uma guerra de versão entre auxiliares de Bolsonaro.

Aliados do presidente divergem sobre quem esteve com o cartão de memórias da gravação e afirmam que o vídeo não teria captado o encontro por inteiro e que deverá ser entregue uma versão curta da reunião ao Supremo.

A intenção é confirmar a afirmação do ex-ministro de que Bolsonaro teria cobrado, nesse encontro, a substituição do diretor-geral da PF e do superintendente da corporação no Rio de Janeiro, além de relatórios de inteligência e informação da Polícia Federal.

Fonte: folhapress
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