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Adolescente morta no Rio será sepultada neste sábado na Baixada Fluminense

Maria Eduarda foi atingida por disparos no interior de uma escola pública. Polícia investiga autores dos tiros.

01/04/2017 09:02

Maria Eduarda morreu baleada em colégio (Foto: Reprodução/TV Globo)
Maria Eduarda morreu baleada em colégio (Foto: Reprodução/TV Globo)

A adolescente Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, morta no interior de uma escola municipal, na quinta-feira (30), em Fazenda Botafogo, na Zona Norte do Rio, será sepultada neste sábado (1º), no Cemitério Parque Jardim de Mesquita, em Edson Passos, em Mesquita, na Baixada Fluminense. Policiais da Delegacia de Homicídios investigam quem seriam os responsáveis pelos disparos que atingiram a jovem. No momento em que foi baleada, Maria Eduarda participava de uma aula de Educação Física.

A família de Maria Eduarda diz que a morte da jovem pode ter sido uma execução pois, segundo o irmão que fez o reconhecimento do corpo, havia quatro marcas de perfurações. De acordo com o Corpo de Bombeiros, quando a ambulância chegou ao local, a menina já estava morta. Maria Eduarda fazia aula de educação física quando foi baleada.

Uidison disse que ajudou a socorrer a irmã e viu que a adolescente tinha sido atingida por três tiros, mas que o corpo tinha quatro disparos. Segundo o irmão, Maria Eduarda tinha duas marcas tiros na cabeça, sendo que só um a perfurou, e uma marca tiro na nádega. “Isso não é bala perdida”, indagou Uidison.

Um casaco da irmã exibido por ele mostrava uma perfuração. Segundo ele, o acessório estava amarrado na cintura. Além do tiro na nádega, ela teria sido baleada duas vezes na cabeça.

'Aquele lá de cima vai cobrar de quem fez isso'

"De mim, saiu um pedaço. Saiu um pedaço precioso da minha vida. Sumiu, acabou. Mas aquele lá de cima vai cobrar de quem fez isso", disse o pai de Maria Eduarda, o pedreiro Antônio Alfredo da Conceição, de 63 anos.

Amigos e funcionários da escola também estiveram no local. Diretor da Escola Municipal Daniel Piza, Luiz Menezes, onde Maria Eduardo foi alvejada, afirmou que não havia operação policial no local até os tiros que mataram a jovem - a PM informou que uma equipe trocou tiros com suspeitos na região quando estava atrás de ladrões de carro. Um vídeo mostra PMs executando dois homens aparentemente baleados na região. Eles foram presos nesta sexta.

"Vai ser uma semana que primeiramente vamos nos reunir para celebrar a vida da Maria Eduarda, celebrar a vida desses jovens que a gente cuida com tanto afinco, com tanto carinho. A gente está naquela comunidade, porque a gente acredita que dá para fazer um trabalho sério e que dê uma perspectiva melhor para aquela garotada. Com a Maria Eduarda tinha [essa perspectiva]. Era uma menina até rebelde, que se transformou. A educação, o esporte, estavam transformando essa menina em uma pessoa cada vez melhor", disse o diretor da Escola Municipal Daniel Piza, Luiz Menezes.

Laudo preliminar

Um laudo preliminar obtido pelo G1 aponta que a estudante Maria Eduarda, morta em uma escola no Rio de Janeiro na quinta-feira (30), foi vítima de "ferimentos transfixiantes do encéfalo" causados por "projéteis de arma de fogo".

A família da estudante de um colégio de Fazenda Botafogo, na Zona Norte do Rio nega que ela tenha sido atingida por uma bala perdida, como diz a PM, e diz que o corpo tinha quatro perfurações. O atestado definitivo ainda será produzido pelo Instituto Médico Legal (IML).

O perito criminal Décio Nepomuceno, integrante da Associação de Peritos do Rio de Janeiro (Aperj), afirma que a declaração de óbito não é suficiente para dizer se ela foi atingida por mais de um tiro.

"Nesse caso específico pode ter sido mais de um que transfixou ou apenas um que tenha estilhaçado. Além disso, não tem como saber se foi um projetil íntegro ou algum que se fragmentou. Não posso dizer, apenas como essas informações, se houve a entrada do fragmento ou do núcleo do projetil. A priori, por causa da forma como está escrito e do uso da língua portuguesa, sugere que levou mais de um tiro, mas não podemos falar nada apenas com essas informações”, afirmou.

Porta-voz da Polícia Militar, o major Ivan Blaz disse que não comentaria as acusações da família no início da manhã. A assessoria de imprensa da corporação anunciou que se pronunciaria quando tivesse mais informações.

PMs presos

No mesmo local em que Maria Eduarda morreu, o cabo Fábio de Barros Dias e o sargento David Gomes Centeno, ambos lotados no 41º BPM (Irajá) foram flagrados em um vídeo atirando em dois homens já caídos no chão. Os dois PMs estão presos preventivamente. Estão autuados em homicídio qualificado.

Em seu depoimento, o cabo Fábio disse que ele e o sargento patrulhavam a pé as ruas do Morro da Pedreira, em Costa Barros. Quando dobraram a esquina da rua onde fica a escola, viram dois suspeitos caídos no chão.

Ao lado de um deles, o cabo Fábio disse que havia um fuzil. Nesse momento, ele afirmou ter feito sinal com as mãos pra alertar crianças que estavam num prédio próximo, pra que elas entrassem e não fossem atingidas.

O cabo disse então ter recolhido o fuzil do chão, se aproximado do suspeito e ter dito: “Perdeu!”. O peême disse que o suspeito fez um movimento brusco e que ele tinha também uma pistola.

Diante da ameaça, ele gritou para alertar o sargento David e atirou uma vez contra o homem caído no chão. Nas imagens, é possível ver que o primeiro suspeito a ser morto, Julio Cesar Ferreira de Jesus, levanta um pouco a cabeça. Logo depois, dá pra ouvir o som de dois disparos contra ele, e não um como disse o cabo Fábio no depoimento.

O sargento David Gomes Centeno disse que o cabo Fábio atirou uma vez contra Julio Cesar e que depois, foi até o segundo suspeito - identificado como Alexandre dos Santos Albuquerque – “com cautela” e disse que viu que ele tinha uma pistola. O sargento disse ter ficado receoso e “para se proteger”, atirou contra o homem no chão.

Em audiência nesta sexta-feira (31), o juiz Marcelo de Sá Batista colocou os dois PMs em prisão preventiva. Em seu despacho, o magistrado explica que há testemunhas a serem ouvidas e é preciso preservar a integridade delas: "Entende o juízo, que as condutas em tese praticadas são de extrema gravidade e exteriorizam um comportamento, que demonstra haver efetivo risco à coletividade com a reinserção dos custodiados ao convívio social, bem como as fileiras da corporação", informa o juiz em sua decisão.

Fonte: G1
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