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Família unida mantém viva a tradição da farinhada

O casal que teve 16 filhos e destes dez moram no Piauí.

04/09/2017 22:14

Já faz parte da tradição da família Martins Oliveira que atualmente reside na comunidade Serra dos Matões na zona rural de Pedro II, a plantação da mandioca, para assim realizar a farinhada, no entanto, os mesmos produzem farinha e goma de qualidade, além do delicioso beiju de massa, de goma e com coco. O senhor Edimar Martins e dona Almezina Oliveira, são os responsáveis pela fama de boa qualidade da farinha e da goma, pois trabalham desde pequenos com a agricultura, portanto, além da mandioca, eles plantam o feijão, o milho e a fava, tanto para o consumo, como também pra a venda.

É um trabalho pesado, que exige muito da pessoa, mas o cansaço parece não existir para os membros da família, anteriormente, os mesmos residiam na comunidade Malaquias, um local de difícil acesso que fica na zona rural de Domingos Mourão, local onde não há acessibilidade para carro ou moto, para chegar até ao Malaquias, ou a pessoa vai caminhando ou em cima de um animal (jumento ou cavalo).

O casal que teve 16 filhos e destes dez moram no Piauí, iniciou no último dia 13 de agosto, a farinhada que envolveu os dez filhos (as), genros, noras e amigos, um trabalho que durou 22 dias, de domingo a domingo e que só foi concluído neste dia 03 de setembro. Foram dias de arranca da mandioca, de idas e vindas para a roça que fica localizada a 08 km da casa de farinha, raspa e serra da mandioca, lavagem da massa para a produção da goma, prensa, peneira e fornada da massa para transformá-la em farinha, a separação da goma que é colocada no sol para secar, as viagens com os produtos até a casa onde se guarda a produção, entre outras atribuições.

De acordo com os proprietários da roça, mais de vinte pessoas trabalharam diretamente na farinhada, iniciando às 04 da manhã e muitas vezes parando às 22h. “Aqui a gente levanta às 04 da manhã e tem dia que vamos até às 10 da noite”, relata Euclides Martins, um dos filhos responsáveis pela administração dos trabalhos na farinhada da família.

Todo o encanto temperado das tapiocas ou beijus de coco e da farinha, com certeza reside no fato de serem subprodutos da mandioca cultivada por meio da agricultura familiar e preparados no forno simples feito com lajes e aquecido com fogo de lenha. A farinha, a goma e o beiju, são alimentos de primeira qualidade, feito pelas mãos calejadas de pessoas guerreiras, trabalhadoras, experientes e dedicadas, fazendo com amor algo que mais gostam.

Para se realizar uma farinhada bem produtiva, os agricultores também dependem de um bom inverno, os filhos do casal comentaram que aproveitam o período mais chuvoso para plantar a mandioca e só assim se tem uma boa produção. “Plantando a maniva nos dias que mais chove é a garantia de uma boa roça de mandioca, pois após nascer e criar um pouco de sombra o pé não morre mais, apenas vamos cultivando”, complementa Euclides.

Dona Almezina e o senhor Edimar, sonham que a nova geração da família continue com essa tradição mantendo-a viva na região de Pedro II. O patriarca da família diz já se sentir um pouco cansado, mas não pretende parar agora de trabalhar. “Minha família não quer mais que eu trabalhe, mas não consigo ficar parado e vou continuar enquanto eu puder me bulir”, comenta Edimar. Dona Almezina disse que é maravilhoso trabalhar com pessoas batalhadoras, que se superam a cada dia, pois se trata de um trabalho árduo e difícil. “A lida é pesada, mas é compensadora, aqui mesmo na casa de farinha, preparamos o café, o lanche, o almoço e o jantar dos trabalhadores”, disse Almezina.





Por: Eudes Martins
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